sábado, 16 de janeiro de 2021

2ª ASSEMBLÉIA GERAL DOS MOVIMENTOS DO POVO KOKAMA 2020.

2ª ASSEMBLÉIA GERAL DOS MOVIMENTOS DO POVO KOKAMA.
COMUNIDADE MURIA, TONANTINS, 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2020.
BASE TRADICIONAL DO POVO KOKAMA:
1 – TABATINGA;
2 – BENJAMIN CONSTANT;
3 – SÃO PAULO DE OLIVENÇA;
4 – AMATURÁ;
5 – SANTO ANTONIO DO IÇÁ;
6 – TONANTINS;
7 – JUTAÍ;
8 – FONTE BOA;
9 – TEFÉ.
ORGAOS MAIORES REPRESENTATIVOS DE NOSSO POVO KOKAMA:
1 – ORGANIZAÇÃO GERAL INDÍGENA DOS CACIQUES DAS COMUNIDADES DO POVO KOKAMA – OGCCIPK;
2 – FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMI-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA – TWRK.
QUAL O NOME DO EU VERDADEIRO KOKAMA?
Os demais povos do planeta preservam o nome das pessoas, mas no nosso costume Kokama nós traduzimos os nomes de nossos membros em Kokama e traduzimos quaisquer palavras, como dizem nossos avôs, nós Kokamizamos os nomes das pessoas para deixar ela mais forte ancestralmente, pois não podemos divulgar os nomes de nossos animais de proteção como nossos nomes pessoais (arcanas: animal de proteção).
Todos nós Kokama temos o nosso nome do “Eu verdadeiro” escrito em Kokama. Todos os nomes trocam na língua Kokama, exceto nomes como Ana, Maria,..., pois esses nomes existem em nosso vocábulo. Ou seja, seu EU verdadeiro é a sua proteção. Vamos dar alguns exemplos de nomes traduzidos em Kokama:
• Anselmo: Antseumu.
• Augustinho: Aukutstinio.
• Edney: Etinei.
• Frederico: Piririku.
• Guilherme: Wirimi.
• Joana: Kuana.
• José: Kutse.
• Juan: Kuan.
• Levi: Rewi.
• Magdalena: Mararina.
• Maria das Graças: Maria Kratsiapu.
• Miguel: Mijiri.
• Rosa: Rutsa.
• Silvia: Tsiuwia.
• Zilza: Y+iuy+a.
Assim, todos os nomes das pessoas são traduzidos em Kokama, mas a preferência é para o indígena Kokama que precisa conhecer seu verdadeiro nome Kokama. Caso não traduzir a palavra, acrescentamos o morfema “–shka” para preservar a palavra em questão, exemplo, AVENIDA, preservando a palavra de origem, ficaria “AVENIDASHKA”. Mas esse caso não se aplica aos nomes de pessoa Kokama, que deve ser traduzido por um ancião que sabe os nomes verdadeiros em Kokama.
QUAL O SIGNIFICADO DAS NAÇÕES KOKAMA?
As nossas nações eram a forma de saber os ofícios, dons e atribuições das famílias nas Comunidades Kokama. E muitos dessas nações foram registrados em Cartórios ou Cúria batismais como sobrenomes de gente não indígena. Hoje conhecemos as nações pelos os sobrenomes, mas nesse texto, vamos mostrar um pouco do significado de algumas nações:
• AWANARI: provém de “gente”. Hoje a família Ahuanari. Era nação de agricultores.
• AKɨKɨTUARI: provém de “onde aparece macaco grande”, AKɨKɨ TUA. Hoje a família AQUITUARI. Era a nação responsável pelas danças com fantasias (carnaval).
• ARIMUYA: provém de “espécie de bodó”. Hoje a família Arimuia. Era nação de pescadores de lagos.
• ARIRAMA: provém de “pato agulha”. Hoje a família Arirama. Era nação de caçadores. Espertos atiradores de arco e flecha.
• INUMU: provém de “agulha”, INUMU. Hoje a família INUMA. Era nação dos costureiros e tecelões de tecido.
• KARITɨMA: provém de “os que não varrem”, Kari tɨma. Hoje a família CARITIMARI. Era nação dos ceramistas.
• KUMATA: provém de “peneira ou coador”, KUMATA. Era nação responsável de criar material e instrumento de beneficiamento de farinha de mandioca e outros insumos.
• KURIKU: provém de “dinheiro”, KURIKI. Hoje a família CURICO. Era a nação responsável para derreter ouro, faziam dentes de ouro e moedas.
• KURITIMA: provém de “empachado”, KURITIMA. Hoje a família CURITIMA. Era nação responsável de fazer bebidas fermentadas para as festas e ajuris.
• MAITAWARA: provém de “sou espírito”, MAITAWARA. Hoje a família MAITAHUARI. Era nação dos médicos tradicionais que curavam soprando.
• MANIWARI: provém de “peixe liso”. Hoje a família Maniwari. Era nação de pescadores de rio. E grandes cozinheiros.
• MURAYARI: provém de “fruta muraiare”. Hoje a família Muraiare. Eraa nação de coletores de frutas. E grande ajudante nas cozinhas.
• PAKAYA: provém de “Pacas”. Hoje a família Pacaio. Era nação de caçadores e conhecedores de pagadas nos caminhos. Famílias peritos em camuflagem e observação na floresta. E também tocadores de maracás.
• TAMANI: provém de TAMANU, tamanduá. Nação Tamanduá. Hoje família TAMANI. Era nação de caçadores. Famílias peritas em armadilhas de caça e de guerra. E também tocavam tutu nas festas.
• TAPIAYURU: provém de BOCA DE INDIGENA, Tapɨya yuru. Nação BOCA DE INDÍGENA. Hoje a família TAPAYURI. Era nação de guerreiros que usavam sarabatanas para guerra. Família que faziam a proteção da Comunidade, de territórios e lagos. E também eram grande flautistas.
• TSAIKATA: provém de “onde estão os meus dentes da frente”, Tsai kata. Hoje a família YAICATE. Era nação que faziam fumos, cachimbos, pilavam folha seca de coca, responsáveis pelos materiais que seriam usados pelos pajés. Família que arrancavam os dentes da frente para mostrar que eram guerreiros dos pajés.
• TSAMIA: provém de “vieram da folha”. Hoje a família Samias. Nação patriarcal do povo Kokama. Nação dos lideres tradicionais. Família estrategista que usavam conhecimentos dos astros e dos espíritos da floresta para ensinar o bom viver de todos e saber se preparar para o futuro. Eram grandes conhecedores da Ayahuasca.
• UPARI: provém de “Sardinha”. Hoje a família UPARI. Nação de guerreiros que faziam a proteção dos pescadores. Espertos nadadores e mergulhadores.
• WARATAPAI: provém de “adorno do tio”, WARATA PAI. Hoje a família HUARATAPAIRO. Nação responsável para fazer os cocáres e amuletos tradicionais. Andavam com os caçadores para aproveitar as penas, ossos e dentes para amuletos. Era grande escultores de madeira.
• WAYNAKARI: provém de “onde estão às mulheres”, Waina Kari. Hoje a família HUAYMACARI. Nação de guerreiros. Família responsável para guerra e proteção das Comunidades. Família que faziam proteção pessoal das lideranças e suas famílias. Especialista em anatomia humana para defesa pessoal, especialistas em arco e fecha e em confrontos corporais.
• YAWARAKANA: provém de CACHORROS, Yawarakana. Nação CACHORROS. Hoje a família YAHUARCANI. Essa nação que adestravam animais para caça e cuidados dos territórios. Eram especialista de busca na floresta.
• YUEMACHI: provém de FERRO, Yuema. Hoje a família YUIMACHI. Era nação que dominava o derretimento de ferro em altas temperaturas para fazer ponta de arpão, flecha, facas, espadas e etc.
Daí desses nações saíram os sobrenomes que hoje são os Kokama no Brasil, Peru e Colômbia, alguns permaneceram com sobrenomes e outros foram trocados devido desconhecimento do cartório ou de cúria batismal ou simplesmente camuflagem social ou vergonha da identidade indígena.
QUAIS SÃO AS NAÇÕES DAS FAMÍLIAS KOKAMA ATUALMENTE?
Vamos apresentar o levantamento de nossos clãs que hoje são os sobrenomes dos indígenas Kokama:
Sobrenomes tradicionais Kokama (Kukamɨe-Kukamiria) modificados pelo esbranqueamento político de integração, catequização, perseguição, fuga, camuflagem, expulsão e por negação de identidade indígena Kokama.
NAÇÃO TRADICIONAL MILENAR VARIAÇÕES, MODIFICAÇÕES OU ADAPTAÇÕES:
1 - ACHO:
Provem de “os que fazem colar, amuletos, etc.”
Abeldo, Abeldos, Acho, Alho, Anjos, Ataíde (família modificada no Peru), Barbosa, Da Paz, Dos Anjos, Hacho (família modificada no Alto Solimões), Paz.
2 - AKITUARI:
Provém de “onde aparece macaco grande”, AKɨKɨ TUA”.
Amarantes, Aquituari, Arévalo (Amaturá), Arevalo (família modificada no Peru), Da Gloria, De Freitas, De Matos, De Moura, De Oliveira, Dias, Domingo, Dones, Freitas, Gloria, Matos, Moura.
3 - ARINKA:
Provém de “os que fazem pulseira”.
Alencar, Alenga, Alengar, Alinca, Alinga, Arinca, Aringa, De Oliveira, Oliveira, Peres (família modificada no Amazonas), Sena.
4 - ARIMUYA:
Provém de “espécie de bodó”.
Arimui, Arimuia, Arimulla, Arimuya, Renchecho (Amaturá), Restrepo, Ricopa, Rios, Rivera, Rocha, Rojas, Romaina, Rosas, Rubem, Rubim, Rufino, Ruiz, Sajamir, Saldanha, Salvino (Tabatinga), Sambrano (Alto Solimões).
5 - ARIRAMA:
Provém de “pato agulha”.
Andrade (São Paulo de Olivença), Araújo, Arcanjo (São Paulo de Olivença), Ariano, Arirama, Aryrama, Asiole (Atalaia do Norte), Fortes, Harirama, Passarinho, Virgilio.
6 - AWANARI:
“Provém de “gente”.
Abensur, Aguiar (família de Tabatinga), Aguilar, Ahuanare, Ahuanari, Ahuanari, Aimane, Albam, Alcinez, Alencar, Almeida, Alves (Jutaí, Tabatinga e Amaturá), Amacifem, Amorim. Anastacio, Andi, Asipali, Assis (Tabatinga), Auanare, Auanari, Auanarin, Auanario, Auanaris, Auanaryo, Awanare, Awanari, De Aguilar, De Almeida, Januário (família do Amazonas).
7 - INUMA:
Provém de “agulha”, INUMU.
Babilônia (Tabatinga), Balieiro (Amaturá), Ballejo (Santo Antonio do Içá), Bancho, Banis, Bardalhes, Barros, Bentes, Bento (Amaturá), Bezerra, Braga (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Brota, Dávila, De Araujo (Tabatinga), Fabá (família modificada no Alto Solimões), Faba, Hinuma, Inuma, Paiva, Paredes, Parente, Patricio, Pedrosa, Pedroza, Pena, Penedo, Penha (Tabatinga), Peso, Pinedo, Pinheiro, Pinto, Pipa, Pisco, Pissango (Atalaia do Norte), Plascido, Portilho (Atalaia do Norte), Prisco.
8 – IWARAKI:
Provem de “varar, atravessar uma embarcação de um corpo de água a outro.
Auaraqui, Erazo (Tabatinga), Eufrazio (Amaturá), Façanha, Fancho, Faria, Fatama, Felipe, Fermino, Fidelis (Amaturá), Filomeno, Flores (Atalaia do Norte), Franco, Garcia, Germana, Germano, Gomes, Ihuaraqui, Leão, Leon (família modificada na Colômbia).
9 – KANAKIRI:
Provém dos que fazem fogueira e responsável pela lenha.
Batalha (família modificada no Alto Solimões), Canaquiri, Gean, Huance, Huane, Huanse, Huanuiri, Huarin, Huayta, Icahuate, Icomena (Amaturá), Inácio (Amaturá), Inaquiri, Inuma, Izuisa, Jaramillo, Jean, Junio (São Paulo de Olivença).
10 - KARITIMARI:
Provém de “os que não varrem”, Kari tɨma.
Batista (família modificada no Alto Solimões), Caraquia, Caritima, Caritimari, Carvalho (Tonantins), Chaves, Chistama (Tabatinga), Chujutadi, Chuquival, Gordom, Graça (Tabatinga), Grande, Grandes (Tabatinga e Atalaia do Norte), Guedes (Tabatinga), Karaqui.
11 - KAWAMARI:
Provem “os que cuida do barranco”.
Caitano, Caetano, Cajueiro (Santo Antonio do Içá e Tabatinga), Carihuassari, Cariuasari, Cartimario, Castimario, Cauamari (família do Alto Solimões), Cauamary, Caumario, Felix (família modificada no Alto Solimões), Kawamario.
12 - KAWASHE:
Provém de que ficam sempre cuidando de longe.
Cahuache, Cahuachi, Cahuasa, Caldas, Canache, Canvache, Carcere, Cardena, Cartilho, Caruacare, Casado (Tabatinga), Casara, Castilho (família do Alto Solimões), Castillo, Castro (Amaturá), Catique, Cauaça, Cauache, Cauachi, Cauamare, Cauasa (Tabatinga), Cauates, Cavaca, Cavalcante, Chachari, Chanchari, Chauchare, Chauchari, Cuasabe, Cuespan, Fassave, Favache, Vela, Velas (modificado no Alto Solimões), Xanchare.
13 - KUMATA:
Provém de “peneira ou coador”, KUMATA.
Cobos, Coelho, Comapa, Cooper (Kokama com Americano), Coral, Correa (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Costa, Couto (Santo Antonio do Içá), Cumapa, Cumata, Da Costa, Dos Santos, Giral, Girão, Santos.
14 – KURIKU:
Provém de “dinheiro”, KURIKI.
Curica (família modificada no Alto Solimões), Curico, Curicu, Curique, Kurico, Pua, Silvano.
15 – KURINUKI:
Provém de Coruja.
Castelo Branco, Curinuque, Curinuqui, Neves (família modificada no Alto Solimões), Orinoco, Orinuque, Urinuque.
16 – KURITIMA:
Provém de “empachado”, KURITIMA.
Clarindo (Casamento entre Kokama e Tiwiru - Peru). Conceição, Curitima, Da Conceição.
17 - MAITAWARI:
Provém de “sou espírito”, MAITAWARA.
Lancha, Laranja (Santo Antonio do Içá), Laranjeira, Laurente, Leitão, Leite, Leonardo, Linares (Atalaia do Norte), Linhares, Lomas, Lopes, Lozada, Lucas, Lujan (Tabatinga), Maitahuari, Maitauari, Maytahuari.
18 - MANIWARI:
Provém de “peixe liso”.
Estrela, Estrella, Manauare, Manicuara, Manihuari, Maniuari, Maniwara, Maniware, Martins.
19 – MURAYARI:
Provém de “fruta muraiare”.
Alvarez (modificada na Colombia), Marichin (modificada na Colombia), Marin, Marinho (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Marite, Marques (Santo Antonio do Içá), Marquez, Martines, Marulanda (Tabatinga e Colombia), Maytahuari, Medina, Melo (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Mendes (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Menezes (Santo Antonio do Içá), Miller (Kokama com Alemão), Moçambite, Montalvão (São Paulo de Olivença), Montes, Moraes (Tabatinga), Moraiari, Morais, Morales, Moralles (Santo Antonio do Içá), Moreira, Moreno, Mourão, Mozombite, Muraiare, Muraiari, Murayare, Murayari.
20 – MARIKAWA:
Provem dos que fazem abano, rede e etc.
Aricaia, Maricagua (família modificada na Colômbia), Maricagua, Maricaua, Moraes (família de Tonantins), Morais, Moreira, Neves (Amaturá), Nilo, Niveira, Nogueira (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Nogueira, Noriega, Nube, Nunes (Santo Antonio do Içá), Nunhes, Oliveira, Pereira, Pinto, Prado (Santo Antonio do Içá), Quicube, Rabelo, Ramos, Ramos, Reategue (Kokama com Frances), Reateque, Rego, Seabra.
21 – MANUYAMA:
Provém dos que são madrugador, que fazem flauta e demais instrumentos musicais de couro.
Guerreiro, Guerrero, Guimarães (Amaturá), Haiden, Hayden, Hilario (Kokama com Caixana), Maca, Macahuachi, Machado (Fonte Boa), Macuiama, Macuyama, Mafra (Santo Antonio do Içá, Amaturá e São Paulo de Olivença), Magalhães (Alto Solimões), Maia, Maita, Malafaia (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Maldonado (Kokama da Colombia), Mananita, Manrrique, Manuiama, Manuyama, Mapiama, Marcelo, Mora (modificada na Colômbia).
22 – NAWAPA:
Provém de um rio no Peru chamado de Nawapa.
Cruz, Da Cruz (mudados por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Da Silva, Nahuapa, Nauapa, Nuapa, Silva.
23 - PAKAYA:
Provém de “Pacas”.
Barroso (família do Amazonas), Fermin, Fermino, Firmin, Pacaia, Pacaio, Paima, Panduro, Sampaio (família do Alto Solimões), Simão (mudado por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Vieira.
24 - RARANIAKA:
Provem dos que cozinhavam. Uraraka em português é ferver.
Laranhaga (família modificada no Amazonas), Alaranhaga, Aranhaga, Naranhaga, Raranhaga.
25 – TAMANI:
Provém de TAMANU, tamanduá.
Talecio, Talexio, Tamabio, Tamaio, Tamane, Tamanho (família modificada no Alto Solimões), Tamani, Tango, Tangoa, Tavares, Tinoco, Torres, Tourinho, Trindade, Tuisima.
26 – TANANTA:
Provém de família GRANDE.
Cordeiro, De Souza (modificada por padrinho), Macedo (família do Alto Solimões), Pevas, Souza, Tananta, Tenazoa, Tenazor (Kokama com Ticuna).
27 - TAPAYURI:
Provém de BOCA DE INDIGENA, Tapɨya yuru.
De Sá, Freire, Mansão, Monsão, Mosão, Rangel (modificada por patrão no Alto Solimões), Sá, Tapaiuri, Tapayuri.
28 – TAPUYIMA:
Provém de responsável pelas panelas.
De Lima, Ipuchima (família do Alto Solimões), Lima (família modificada por patrão no Alto Solimões), Tapuchima, Tapulima, Tapullima, Tapurima.
29 - TERU:
Provém dos que lavram canoas.
Delson, Dionizio, Ferreira, Telles (família do Alto Solimões), Tello, Telo.
30 – UPARI:
Provém de “Sardinha”.
Aparício (modificada por padrinho no Alto Solimões), Apuri, Danta, Dantas, Reis (família de Tabatinga), Upare, Upari.
31 – WAIKAMA:
Provém dos que fazem tecido de palha, tururi, tucum e algodão.
Carmo, Do Carmo, Huaycama, José, Uaicama, Waicama.
32 - WARATAPAI:
Provém de “adorno do tio”, WARATA PAI.
Huaratapai, Huaratapairo, Waratapai, Waratapay.
33 - WAIMAKARI:
Provém de “onde estão às mulheres”, Waina Kari.
Aracari, Aricari, Aricuarima, Gastão, Haimacario, Huaimacario, Huaymacari, Macario, Oaymacario, Pires, Rios (família do Alto Solimões), Roque, Taricuarima, Taricuaryma, Uaimakari, Uainakari, Zangama.
34 – WANAKIRI:
Provém os que cobrem uma casa e paredes.
Anaquiri (família do Alto Solimões), Anaquiry, Canaquia, Cantaga, Catachunga, Huanaquiri, Manaquiri.
35 - YAIKATE:
Provém de “onde estão os meus dentes da frente”, Tsai kata.
Aicate, Andrade (família do Alto Solimões), Andrades, Sabino, Servalho, Sevalho, Vilcher, Vilsher, Yaicate, Yaikati, Zaicate.
36 - YAKURI:
Provém “dos que mastigam”.
Y+akury, Zaguri (família do Alto Solimões), Zagury.
37 – YARIKAWA:
Provém de Jaraqui
Aricaua, Iaricaua, Yaricahua, Yaricaua, Zaricaua.
38 - YAWARKANI:
Provém de CACHORROS, Yawarakana.
Auarcani, Lopes (família de Tabatinga). Yahuarcani.
39 - YUIMACHI:
Provém de FERRO, Yuema.
Fumachi, Rimachi, Rimate, Soplim (família de Atalaia do Norte), Soplin (família modificada no Peru), Yuimachi.
40 – YUMAITA:
Provém dos que são os que correm grandes distancia mensageiros.
Brandão, Frazão, Jumbato (família modificada no Alto Solimões), Sumaita, Tsumaita, Yumbato, Zumaita.
41 – YUYARIMA:
Provém dos que fazem veneno para caçar e se purificar.
Basto (família modificada na Colômbia), Vadid, Valderrama, Valera, Vaneo, Vegara, Vela, Viana, Villar, Wadick, Yaycate, Yuiarima, Zuiarima, Zumba.
42 - SHUNIA:
Provém do Caferana.
Acuña (modificada por padrinho na Colômbia), Acunha (modificada no Alto Solimões), Acunia, Chunha (família do Alto Solimões), Chunia.
43 - SHUTA:
Provém dos que constroem cercados de casas.
Albuquerque (mistura de branco com Kokama), Chota, Mota, Nazario, Pascoal (modificada por padrinho no Alto Solimões).
44 - TSAMIA (Nação patriarcal Cacicado Geral):
Provém dos vocábulos tsa ‘folha’ e miri ‘pequeno’. Ou mia, hipótese, “que possível veio da folha”. Acredita-se que o Kokama veio da árvore e que esse clã foram os primeiros homens Kokama tirado da arvores.
Amia, Amias, Amías, Bandeira, Basques, Bastos (Amaturá), Do Nascimento, Falcon (modificada na Colombia), Gama, Gonçalves, Guerra, Isidoro (família do Alto Solimões), Komaina, Lucas, Luciano (modificada no Alto Solimões), Maurício, Miranda (mudadas por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Moreno (modificada na Colombia), Nascimento, Padilha, Pucas, Ramires, Ramirez, Ramiro, Reis (Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antonio do Içá), Rengifo, Ribeiro, Rodrigues, Romaina, Samia, Samias (família do Alto Solimões), Samires, Samiria, Samiro, Sammp, Sampaio, Sanches (Amaturá), Sanchez (Amaturá), Sandoval, Sangama, Santa, Santana, Santiago, Saquiray (Kokama com Japonês), Saraiva, Sarate, Satiro, Serpa, Serras, Shahuuano, Sias, Silveira (Amaturá), Silviane, Sinarau, Sintras, Soares (Amaturá), Suarez, Taite, Tsamia, Vargas, Vasques, Vasquez.
Hoje em dia muitos Kokama (Kukamɨe-Kukamiria) também levam sobrenomes que foram incorporados em diferentes momentos de nossa historia, famílias de origens do Alto Solimões e alguns específicos de uma determinada cidade, que foram mudados ou adaptados em Cartórios ou Cúria Batismal. Muito desses sobrenomes são os Kokama do Alto Solimões modificado em razão da Colonização ou razão de pressão de preconceito com visinhos. Alguns sobrenomes são específicos de um município de origem.
Exigimos que o governo reconheça nossa identidade indígena e reconhecimento indígena Kokama (Kukamɨ-Kukamiria) originadas dos clãs que atualmente são os sobrenomes que confirma a nossa linhagem, através da autodeclaração acompanhada da heteroidentificação da Comunidade de origem ou declaração/atestado do Cacicado dos diversos níveis da hierarquia tradicional ou pessoa jurídica Kokama.
QUAL OS NUMEROS, ALFABETO, CORES E CONSTRUÇÃO EM KOKAMA?
Vamos mostrar como é o nosso numero, nosso alfabeto, nossas vogais e as nossas cores em Kokama. Todos os grafismos são figuras geométricas boas para usar na aula de matemática, e em aula de arte todo o artesanato e cerâmica nos dão uma boa aprendizagem.
COMO CONTAMOS NOSSOS NÚMEROS?
Nós temos nossa própria forma de contar os números em Kokama. Vamos divulgar para a sociedade envolvente aprender um pouco sobre nossos números:
• 0 – Tsiru [Ciru];
• 1 – Wepe;
• 2 – Mukuika;
• 3 - Mutsapɨrɨka [Mutsapurka];
• 4 – Iruaka;
• 5 – Pichka [Pitika];
• 6 – Tsokta [Sokta];
• 7 – Kantsi [Kansi];
• 8 – Putsa [Pusa];
• 9 – Itskun [Iskun];
• 10 – Chunka [Tchunga];
• 20 – Mukuika Chunka;
• 55 – Pichika Chunka Pichka;
• 98 – Itskun Chunka Putsa;
• 100 – Pacha;
• 200 – Mukuika Pacha;
• 555 – Pichka Pacha Pichka Chunka Pichka;
• 998 – Itskun Pacha Itskun Chunka Putsa;
• 1000 – Wepe Waranka [Uipi uaranga];
• 20.000 – Mukuika Chunka Waranka;
• 50.500 – Pichk Chunka Waranka Pichka Pacha;
• 1.000.000– Wepe Miyun [Uipi midiun].
Sabemos contar todos os números em Kokama, que podemos dizer as horas, a idade, os dias, os meses e os anos. E temos ciência como quantificar as coisas com nossos números em Kokama.
QUAL O NOSSO ALFABETO KOKAMA?
O nosso alfabeto Kokama foi aprovado pela Federação TWRK em Assembléia geral, com falantes maternos e Professores Kokama, no município de Tabatinga, no dia 05 de fevereiro de 2017. Ficando assim aprovados 20 letras. Algumas letras não equiparam a nenhum grafema de português por isso usamos dígrafos ou com sinais, estamos falando em língua Kokama e não portuguesa, nós somos os donos de nossa língua:
• A (á)
• CH (txe) – algumas vezes tem som da letra T.
• E (ë)
• I (í)
• ɨ (ü)
• J (ra) – tem som de dois R.
• K (ca) – algumas vezes tem som da letra G.
• M (me)
• N (ne)
• O (ó)
• P (pe) – algumas vezes tem som da letra B.
• R (re)
• Sh (chá)
• T (te) – algumas vezes tem som da letra D.
• TS (Sá)
• U (ú)
• W (ué) – algumas vezes tem dom da letra F, B ou U.
• Y (ié) – algumas vezes tem som da letra C, da letra I, da letra D.
• NI (nhá)
• Y+ (zá)
Com nosso alfabeto Kokama escrevemos e falamos todas as nossas palavras.
QUAL O NOSSO VOGAIS KOKAMA?
As nossas vogais Kokama ficaram assim descritos, seis letras:
• A (á)
• E (ë)
• I (í)
• ɨ (ä, ë, ï, ɨ, ö, ü)
• O (ó)
• U (ú)
As nossas vogais ajudam a formar as palavras Kokama com calma e sabedoria.
LÍNGUA MASCULINA E LÍNGUA FEMININA?
No idioma Kokama temos duas divisões de caráter biológico, existe fala que só a mulher pode falar e o homem deve compreender mais não pode falar e assim vice-versa. Ou sejam, a língua masculina e a língua feminina:
EU (1ª pessoa do singular): FEMINIMO: TSA, ETSE. MASCULINO: TA.
TU (você): FEM/MASC: NA.
TU: (2ª pessoa do singular forma larga): FEM/MASC: ENE.
NÓS (1ª pessoa do plural exc.): FEMINIMO: PENU. MASCULINO: TANA.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular forma curta): FEMINIMO: YA. MASCULINO: RA.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular forma longa): FEMINIMO: AI. MASCULINO: URI.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular objeto): FEMINIMO: AI. MASCULINO: URA.
ELES/ELAS (3ª pessoa do plural): FEMINIMO: INU. MASCULINO: RANA. Variante: RANU.
VOCÊS (2ª pessoa do plural): FEM/MASC: EPE. Variante: IPI.
ESTE/ESTA (demonstrativo próximo): FEMINIMO: AJAN. MASCULINO: IKIAN.
ESSE/ESSA (demonstrativo distante): FEMINIMO: Y+UKUN. MASCULINO: Y+UKAN.
OUTRO/OUTRA: (demonstrativo infinito): FEMINIMO: YAMA. Variante: YAMUA. MASCULINO: RAMA. Variante: RAMUA.
TODOS/TODAS: FEM/MASC: UPI.
Marca de plural: FEMINIMO: -NU. MASCULINO: -KANA.
Desta maneira: FEMINIMO: AJAYA. MASCULINO: IKIAKA.
Assim: FEMINIMO: YA. MASCULINO: RIA.
Também: FEMINIMO: YAI. MASCULINO: RIAI.
Pois: FEMINIMO: IYAN. MASCULINO: URIAN.
Então: FEMINIMO: YAEPE. MASCULINO: RAEPE.
Depois: FEMINIMO: YANTSUI. MASCULINO: RIANTSUI.
Depois disso: FEMINIMO: YAEPETSUI. MASCULINO: RAEPETSUI.
Ficarão para outro trabalho as partes do corpo humano, pois todas as partes do corpo têm nome na nossa língua Kokama, os órgãos, vísceras, artérias, veias, nervos, tendões e músculos, tudo tem nome em kokama, assim também temos os nomes das plantas, dos animais, dos peixes e de tudo, mas fica para um próximo momento.
QUAIS SAO AS NOSSAS CORES (KUATIARAYA) EM KOKAMA?
Também todas as cores nós falamos em nossa língua Kokama, vejamos alguns exemplos:
• Amarelo = Eyun, variante Ey+un, IY+U.
• Branco= Tini
• Preto= Tsuni
• Azul= Tsenepukan
• Roxo= Karakuaratsan, variante KARATSUMA
• Vermelho= Tururukan (tururucan), variante TURURUKA
• Laranja= Pɨtaniwatsun
• Roseo= Tiwɨy+un (tiwüzun), variante TIWɨYUN
• Verde= ɨkɨratan, variante ɨkɨra
• Verde Claro= Tiwɨtsuɨkɨratan
• Marrom= Tewey+u
• Cinza= Tsawe
Quando a gente entende as cores das coisas em Kokama começamos entender melhor a nossa língua Kokama.
COMO É A NOSSA OCA KOKAMA:
Cada parte de uma casa (Uka) Kokama tem um nome em Kokama.
• Chipati: cumeeira de palha.
• ɨwatata: barrote, poste, esteio, pilar.
• ɨwɨtira: poste (âmago).
• Pɨeta tupa: escada.
• Tsatsapara churan: ripa.
• Tsatsapara ipukun: tipo de viga.
• Tsatsapara miri: sobre viga.
• Tsatsapara nuan: viga grossa.
• Tsatsapara: viga.
• Uka ɨwatata: coluna, poste.
• Uka tsɨma: parte externa da casa.
• Uka y+apɨra ɨwa: cumeeira da casa.
• Uka Y+arakanuara: caibros.
• Uka y+uru: parte posterior da casa.
• Ukara: pátio.
• Ukatsa pariata: teto de palha.
• Ukatsa: teto.
• Y+akina petse. Variante: Yakina petse: janela.
• Y+akina. Variante: Yakina: porta.
• Y+arakanuara wɨkata. Variante: Yarakanuara wɨkata: resistência da base.
• Y+ura. Variante: yura: piso da casa (piso de pachiúba).
• Y+uta. Variante: Yuta: parede.
• Y+ura ɨwatata: base do piso.
Antigamente, quando existiam os primeiros Kokama, nós habitávamos um modelo arquitetural próprio, era uma oka grande (uka nuan) no meio da comunidade e as demais oka menores (uka misha) ao redor da oka grande, ao todo eram 7 casas pequenas e uma grande ao centro. Sendo que, as casas pequenas eram para os afazeres diários, para os ofícios de cada família (nação) e a casa grande era para todos dormir, todos passarem a noite. Ninguém dormia nas casas pequenas.
Não podia cortar os cabelos das crianças, quando a criança homem completava sete anos de idade, eles faziam o ritual de pelação do novo guerreiro, faziam varias tranças no cabelo, cada participante da comunidade dava um presente, a mexa de cabelo da coroa da cabeça era cortado por ultimo, pelo casal que seria uma espécie de padrinho da criança e que daria um presente de maior valor para a vida da criança.
As meninas só cortavam as pontas dos cabelos aos sete anos de idade, ritual da corta de ponta do cabelo e cortar dos cabelos da nuca, mas não carecava as meninas, depois de mais sete anos viria a primeira menstruação, nesta ocasião somente as mulheres podiam participar do ritual do primeiro sangramento, a menina ficava amarada por uma espécie da rede no oitão de uma das casas e os homens não poderia ver ou falar com a menina. Mas ficavam alguns guerreiros que eram escolhidos para ficar guardando pelo lado de fora dessa pequena maloca escolhida para guardar a menstruação, nesse caso varias mulheres ficavam dormindo com a menina na pequena casa.
Os meninos aos sete anos eram tirados da família para serem treinados pelos guerreiros e pajés ate os 14 anos de idade, nas artes de luta, de artesanato e de cura e só voltava para família quando estavam preparados para lutar e trabalhar.
As comunidades antigas eram de sete famílias, ou seja sete casas, assim aparecia novos casais e quando somava mais novos sete casais eles deveria ir buscar outro lugar para fazer mais sete okas e a comunidade anterior ia lá ajudar a construir a nova comunidade.
Na primeira comunidade kokama eles tinha um diamante que ficava numa caverna para chamar as novas comunidades, quando tocava uma vez, era para avisar que iriam fazer ajuri em alguma comunidade, colheita, construção, caça, era para ir os homens, artesãos, agricultores, caçadores, cozinheiros, pajés e etc., quando tocava 2 vezes era festa, casamento, nascimento ou velório, era para ir todos os moradores, e quando tocava 3 vezes era para ir para “guerra”, pois havia invasão ou ameaça, era para ir os guerreiros e guerreiras Kokama, dominadores de armas de madeira, dominadores de arma de metal, dominadores do fogo, dominadores de armadilhas, luta corporal, dominadores de veneno, antes de tudo, o pajé sempre fazia ritual de proteção a todos e o pajé ficava com outra equipe para proteger as mulheres que ficavam.
Segundo me contou o pajé supremo Maurício Moçambite, “nossa oka tradicional era um lugar que ligava nós e Deus, pois a ponta fina da maloca ligava a natureza pela ponta, ao tomar Yahuaska havia uma conexão com Deus, dentro da oka a conexão era mais fácil e ai ele mostrava onde estava a cura na natureza de alguma doença, ensinava cânticos de cura (ikara) e presumia o amanhã também, por isso nos existimos até os dias de hoje. Não podia ter abertura de nenhum lado, somente uma entrada, que era fechada por dentro, que havia uma forma de se esconder no oitão da oka em caso de surpresa de inimigos ou animal feroz”.
Hoje a oca grande (uka nuan) é local de aprendizagem, de ensinar fazer cerâmicas, fazer remédio de plantas, fazer armas de caça e pesca, dançar, treinar luta corporal com arma e sem arma, lugar de brincar, lugar de festa, lugar de oração, lugar reunião. Nossa oka grande é lugar tradicional de manter viva nossos saberes milenares.
COMO É A NOSSA COSMOVISÃO E O NOSSO RITUAL KOKAMA?
Antes de explicar sobre o ritual da Ayahuasca você precisa conhecer alguns termos que tem poderes ancestrais.
UM POUCO SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL MILENAR KOKAMA
Neste texto vamos mostrar algumas palavras referentes à medicina tradicional Kokama que era proibido divulgar, ficando restrito aos pajés:
• Aitseta: enfeitiçar, embruxar.
• Aitset-ara Payu-Mai: Bruxo mal.
• Arkana: arcanas, proteção espiritual.
• Ikara: icaros, cantos curativos.
• Ikarapu: icaros, cantos curativos.
• Ikaru: icaros, cantos curativos.
• Ikuan Pay+umai: Bruxo sábio, Pajé nível 2.
• Ikuan: Sábio, Pajé nível 1.
• Kamatɨa: arcanas, proteção espiritual.
• Maria: oração.
• Mariata: rezar por alguém.
• Mutsana: Medicina Tradicional.
• Mutsanaka: curar um doente.
• Mutsanara: Medicina ou cura.
• Mutsanat-ara Pay+un: Bruxo bom, Pajé nível 5.
• Pay+u-mai: Bruxo, Pajé nível 4.
• Pay+un Ikuarin: discípulo da medicina tradicional.
• Pay+un: Bruxo, Feiticeiro, Xamã, Pajé nível 3.
• Pay+u-y+amimi: Pajé secreto de proteção. São pessoas nascidas com dons e treinadas pelos Taita de forma secreta e que todos desconhecem quem é, somente o Taita. Antigamente eles não poderiam registras com documentos. Alguns deles são Taita atualmente, outros entravam na floresta para ser tornar um ser encantado e continuar defendendo a todos. É o poder mais absoluto supremo da Medicina Tradicional.
• Putsanka: pusanga, feitiço para ficar com a pessoa desejada.
• Taita: médico tradicional, sábio-curandeiro poder superior quente, Xamã. Ultimo nível. Pajé nível 7.
• Tiutsu Muki Y+ara: Deus.
• Tsumi Payu-Mai: Bruxo que faz mal.
• Tsumi: sábio-curandeiro, Xamã, Pajé. Mas poderoso que Ikuan. Pajé nível 6.
• Tsuwana: curar chupando.
• Tsuwɨru: ciúmes, inveja.
• Umanu: Febre. Morto. Morrer.
• Umanuta ay+uka: atacar a febre.
• Umanuta: matar.
• Y+ara: Criador, Dono.
• Y+upita: fazer cura.
As curas são realizadas pelo Médico tradicional através de cantos curativos (ikaros), sopros, fumadas, orações, banhos, garrafadas, chás, dietas, perfumes de plantas ou de flores ou de raízes ou com animais, banha de animais, folha de coca, camalonga, emplasto de plantas curativas, chupadas da doença ou mal, chacapa, espada ancestral, varas mágicas, velas, amuletos, etc. Sendo a ayahuasca o centro da medicina tradicional.
A mais poderosa cura é através do Ritual da Toma da Ayahuasca, onde é um momento de grande experiência, de descoberta, de visões futuristas e do passado e aprendizagem de nossos costumes Kokama.
O RITUAL DA TOMA DA AYAWATSKA: A CIÊNCIA DO DESCONHECIDO
Sempre deve ser de maior interesse para o verdadeiro iniciado, Mestre ou Sábio (Taita que é um Médico Tradicional), com verdadeira devoção, fé, vontade, com uma verdadeira madureza mental e equilíbrio, elaborando um nível espiritual de ritos em toma da Ayahuasca (Ayawatska). Trabalhamos com espíritos e elementais da natureza e celestial, sempre respeitando os pontos cardeais. Pois o povo Kokama sempre observou os astros, constelações, sol e lua para ligar com as ações da mãe natureza, dos animais e dos minerais. Usamos para nosso Ritual, três tipos de Ayawastka: trueno (para Mestres), rosário (para discípulos) e cielo (para iniciantes e a população interessada). Existem outras variedades desse cipó.
O ritual da Ayawatska Kukamɨe-Kukamiria é secreto, os uso dos instrumentos, materiais, perfumes, shakapa (espada de folha), colares, amuletos, pulseiras, cocás, ikaru (cânticos), conjuros, rezas e orações (mariata) não pode ser divulgado para livros, pesquisa ou divulgação publica, somente para os interesses dos participantes. Os segredos são transmitidos de Mestre para discípulos.
A Ayawatska (Ayahuasca) é um cipó alucinógeno, que adquiri ou possui os domínios da Medicina vegetal, que só conhecemos por meio dos elementais na toma da Ayawatska. Que cura toda classe de enfermidades, doenças musculares, abstratas (que não se ver) ou resfrios (artrites, artrose, mau gênio, temor, medo, incertezas), penárias que habitam dentro de nosso ser. Afasta as más energias, cura feitiçarias, bruxarias ou maldades. Atrai a boa sorte, no amor, na saúde, nos negócios, nos estudos, brindando o equilíbrio mental, psicológico, emocional e moral. Descobrindo o passado, presente e futuro.
O povo Kukamɨe-Kukamiria é um povo antigo, de rituais secretos para combater as coisas ruins da terra e das pessoas. Temos uma língua materna com influencias das línguas Tupinambá, Inca, Maia, Quéchua, Guarani, Tupi, Tupi-guarani, de onde saem poderosas orações (mariata) e cânticos (ikaru) que curam.
O nosso sistema médico tradicional tem papel de sabedorias de curas através da plantas, pedras e animais da terra, da água e do ar, elementais como fogo, vento, água e conhecimentos equivalentes a bruxarias, associada na toma de substâncias medicinais através dos quais se buscam produzir curas, e alguns poucos procuram distorcer e fazer danos a outras pessoas.
A ingestão deste tipo de substâncias, não limitada apenas a Ayawatska, pois se toma a bebida de colondrina (de fidelidade), bebida de Kamalonga (purificação e cura interna), tem um papel importante para a aquisição de conhecimentos, não só medicinais, mas no amor, na sorte, nos negócios, desenvolvimento das pessoas e a limpeza do corpo.
Temos um costume de respeito às plantas, aos animais, as pedras, ao rio, a água, a chuva, etc. Por isso devem evitar usar os nomes dos animais, das pedras e das coisas como nossos nomes civis, pois ninguém pode saber as nossas defesas, as nossas arcanas, as nossas proteções e nossas armas espirituais. Todos os nomes mudam na língua Kukamɨ -Kukamiria, por exemplo, se seu nome é MIGUEL, em nosso idioma fica MIJIRI. Procure um falante que ele vai traduzir o seu nome de acordo com nosso idioma e você vai manter em segredo a sua defesa e vai manter protegido o seu verdadeiro EU interior.
Nosso costume de aprendizagem inicia na família na mais tenra idade, observando os pais e os avós e recebendo informações sistemáticas sobre os usos e preparação de remédios.
No Brasil, poucas famílias Kukamɨe-Kukamiria detêm esse conhecimento e costume de repassar para os descendentes, restrito a família Samias que detêm todo o conhecimento da língua, danças, do ritual da Ayawatska e toda nossa cultura milenar.
Temos diversas técnicas terapêuticas, temos um repertorio relativamente amplo, entretanto aprende a familiarizar-se com as plantas de uso medicinais e a conhecer as chaves para o nosso beneficio.
O Doutor Ayawatska é um espírito dono da Ayawatska (Ayahuasca). Cada cipó tem seu dono e o espírito vive dentro da planta de Ayawatska. Quando o cortam morre o espírito.
O Doutor Ayawatska é um espírito médico indígena, pois quando se quer aprender a maldade, o espírito ensina a maldade, por isso deve ter muita responsabilidade em tomar Ayawatska, pois pretender somente fazer o bem, somente curar e proteger as pessoas.
O Avô Ayawatska protege a suas crias, quando as pessoas cortam a suas crias para tomar e fazer medicina sem o devido conhecimento ancestral. Por isso, se deve pedir autorização ou rogar quando se corta o cipó. Se não o avô Ayawatska fecha com seu poder e a pessoa lhe faz doer todo seu corpo. Só uma pessoa que sabe e que é médico tradicional ou bruxo indígena pode curar.
Para pedir sua colaboração e cortar seu cipó, se pede enquanto com sua mão toca seu tronco, converse com a planta com fé. Com voz de súplica e com uma melodia diz, por exemplo: “Avô Ayawatska, dono da Ayawatska, Avô Ayawatska, dono da Ayawatska, daí-me sua mão cheia de seu Espírito forte, eu cortando vou levar, pois não em vão, meu irmão está enfermo, por isso, estou levando tua mão. O senhor vai curar, Avô Ayawatska, para que ele seja como o senhor, forte, porque o senhor nunca adoece, Avô Ayawatska. Tsurpaki”.
Faz-se esse pedido durante a madrugada e deixa um pires ou tacinha de barro com tabaco socado para colocar no tronco da Ayawatska como pagamento do pedido.
É importante reconhecer que a Ayawatska é uma planta que tem uma mãe poderosa. Para preparar remédios se usa o cipó e se ingere, maiormente como purga. Os médicos curandeiros (médicos tradicionais) o usam para salvar a vida de familiares, para ver o passado e o futuro, casos de roubos, traições e danos causados por algumas pessoas ou espíritos.
Só pode oferecer a Ayawatska uma pessoa que sabe o ritual milenar de nosso povo. Quando se toma a Ayawatska pode ver a mãe que sai do ombro com seu instrumento, com quena (flauta), violão ou bombo (tambor).
O sábio que extrai o cipó deve sair bem cedo, sem ser visto. Uma vez no local, ele faz o discurso ao Elemental da Ayawatska pedindo que o dê poder. É importante e ideal de que quem extrai o cipó, seja a mesma pessoa que plantou a Ayawatska.
A preparação está sob responsabilidade de uma pessoa adulta que conhece a técnica do cozimento e refinamento.
Podemos tomar só Ayawatska sem misturas. Mas durante o cozimento da Ayawatska, podemos também mistura com folhas de toé*, chacruna** e outros, mas por segurança não podemos dizer a quantidade exata aqui usada por nosso povo, que é secreto e milenar. Outros povos que também cozinham e tomam a Ayawatska colocam suas quantidades de folhas, mas não são iguais aos nossos.
Para convidar as pessoas ou preparado ou curandeiro primeiro faz um Ikaru e canta para chamar e pedir autorização ao Elemental, depois antes de beber um copinho de purga faz a oração inicial aberta a todos e pedidos pessoais interiores em silencio, ao final a pessoa fala: Saúde!!! Todos respondem: Deus te abençoe!!!.
Antes de tomar Ayawatska não se pode comer pimenta, porco e sal, nem ingerir bebidas alcoólicas, nem fazer sexo e nem comer muito para evitar os vômitos em excesso. Quando uma mulher tem tido filho recente só se pode tomar Ayawatska em pequena quantidade chamada pishkuwatska.
COMO É A HISTÓRIA DO ESPÍRITO DA AYAWATSKA:
A Ayawatska é uma planta que tem um espírito (Elemental) muito forte, prova dele é que te produz um mareio (conexão ancestral espiritual) profundo.
O espírito é o que protege mediante a aparição em forma de uma sombra e ruídos para que as pessoas não se aproximem constantemente desta planta. E aparece em sonhos reclamando quando alguém corta o cipó sem motivo ou acidental.
Quando se toma para ter visões o espírito é o que se encarrega de dar o tratamento. Pois em geral a planta depende do espírito e vice-versa; é dizer, existe uma relação entre eles, sempre se protegendo entre si.
O Elemental da planta Ayawatska é curativa, similar o da planta de CHIRITSANANKU. Se relaciona também com outras mães de plantas que curam, assim como o SANANGO***, a COCA e etc.
A mãe da Ayawatska cuida da planta tratando de proteger para que não seja maltratada por outra espécie e pelo homem mesmo. Para extrair o cipó, o homem tem que fazer um discurso pedindo licença e autorização para cortar-lo. Tem que ser uma pessoa Sábia Curandeira para que possa fazer efeito no momento da toma da Ayawatska e poder ver o que se quer.
Para isso a toma da Ayawatska tem que ser em um lugar sem muito movimento, silencioso, onde não transite as pessoas facilmente, assim também acontece com a toma de SANANGO.
O Sábio curandeiro se prepara bem para curar, soprar e ventilar (abanar) o paciente e assim possa fazer efeito para tirar o azar, ver o que quiser ou curar de uma enfermidade. A purga se toma com o cuidado e orientação de um Sábio curandeiro (Médico Tradicional Indígena de nosso povo). Para isso tem que fazer uma dieta depois da toma da Ayawatska, tanto o paciente como o Sábio curandeiro: não comer comidas com sal ou com doces, nem ácidos, deve comer tudo assado, não beber bebidas alcoólicas, até depois de três dias da toma (se a pessoa bebe o ideal que fique trinta dias longe da bebida alcoólica), porque se não saem bolhas ou manchas no corpo que dificilmente some. Não pode encostar e nem dormir com mulher menstruada. Depois da toma da purga durante a noite se deve banhar as seis da manhã, mas antes deve tomar um copo de água com limão sem açúcar. Se a pessoa não seguir restritamente as orientações correr risco de reverte à cura e também fica desprotegido e pode ser flechado por pessoas invejosas ou maldosas.
A NOSSA COSMOVISÃO É A BASE DA AYAWATSKA
Antigamente nossas comunidades viviam assim organizadas: uma casa grande ao centro da comunidade, rodeadas de casas pequenas do mesmo modelo arquitetônico. Segundo o então Patriarca Cacique Francisco Samias, “eles dormiam na casa grande e passavam os afazeres diários nas casas pequenas”
.
Hoje entendemos que a comunidade tomava Ayawatska durante a noite quase todos os dias da semana, por isso tinham que passar a noite na casa grande. Dentro da Casa grande tinha espaço separado paras as crianças e mulheres menstruadas que não podiam participar do ritual da toma. Cada ritual era chamado de trabalho (Kamata), por isso os dias da semana ficavam assim organizados:
Dia da semana em Português: Kuarachi Wepe tsemana Kukamɨe:
Sábado: Tsapatu kuarachi [sabadu cuaratxi]
Domingo: Tuminku kuarachi [dumicu cuaratxi]
Segunda-feira: Amuaɨatira kuarachi [amuaüatira cuaratxi]
Terça-feira: Mutsapɨrɨkapan kuarachi [musapurcapan cuaratxi]
Quarta-feira: Iruakapan kuarachi [iruacapan cuaratxi]
Quinta-feira: Pichkapan kuarachi [pitxicapan cuaratxi]
Sexta-feira: Tsokitapan kuarachi [ soquitapan cuaratxi]
Esse "dias da semana" será reajustado na Primeira Assembleia da Língua Kokama.
A Ayawatska é utilizada por sua particular propriedade de permitir diagnosticar nas pessoas algum dano ou bruxaria causada por outras pessoas. Também é utilizada para averiguar roubos e traições.
Para extrair o cipó, se recebe indicações prévias e orientações por parte de uma pessoa que conhece bem a preparação do remédio. Logo se extraem o cipó de acordo as indicações realizadas, sem violar as regras tradicionais milenares.
Depois da retirada do cipó, se corta em pequenos pedaços e se coloca para ferver por oito horas ou até que se reduza a substancia liquida a somente uma taça. A preparação se faz para utilizar no momento, em uma dose de mais ou menos três colheradas de uma só vez. Podem tomar homens e mulheres em idade adulta.
Orientações para os doentes: oito dias antes de tomar o remédio, o paciente deve abster-se de ter relações sexuais e não deve comer alimentos com sal, doce, gordura ou manteiga e nem porco.
A mãe da ayahuasca é mais poderosa que as outras plantas, por isso o povo Kukamɨe-Kukamiria o respeita muito.
O uso do cipó tem mais ênfase no âmbito dos sábios e bruxos, quem faz um preparado que ao ser ingerido permite conhecer a doença de alguém ou identificar os autores de um roubo ou assassinato e traição conjugal.
Na preparação da Ayawatska se usa todo o cipó. A extração do cipó se realiza em qualquer momento do dia, tendo em conta sempre de fazer um discurso do pedido. Corta-se o cipó em pedaços de aproximadamente 20 centímetros, se machuca bem os pedaços e se coloca em uma panela grande com no mínimo de cinco litros de água, se coloca folhas de chacrona** e se cozinha o conteúdo até que o líquido se reduza a um litro aproximadamente.
A Ayawatska é ingerida pelo Médico Tradicional no momento da cura, geralmente durante a noite e lugar escuro. Mas também se toma Ayawatska durante o dia para trabalhar com os espíritos do dia.
Antes de iniciar o ritual da toma da Ayawatska, primeiro é icarada pelo Médico Tradicional (Sábio) e é feito um pedido ao Elemental da Ayawatska para curar e dar sorte na vida, no amor e na profissão. As pessoas que tomam Ayawatska pelo menos uma vez não podem comer pimenta, sal e menos beber bebidas alcoólicas e nem porco por trinta dias. Durante esse tempo devem comer somente assado. A pimenta é uma planta que destrói um ambiente familiar, por isso o seu consumo deve ser evitado por nosso povo.
Com o ritual da Ayawatska é possível estudar o clã Kukamɨe-Kukamiria que você veio (sua origem) e aprender mais sobre seu clã e o tipo de grafismo de seu clã usa. Cada membro de nosso povo Kukamɨe-Kukamiria tem arcanas que os protegem e os Sábios podem colocar mais para proteger o seu dia-a-dia e trabalho.
Nossos antigos Sábios (Taitas) hoje ainda vivem nas pedras, nas cobras grandes, nos botos, nas onças, nos jacarés e em diversos animais poderosos da natureza há milhões de anos. Por isso, nós os Taitas trabalhamos com os espíritos e elementais, com os nossos ancestrais ainda que se sentem a vontade para ajudar os que estão neste plano material e com os elementais e espíritos dos animais, das plantas, das águas, das terras, dos minerais, das pedras preciosas, dos ares, dos fogos e etc. sempre enfatizando os trabalhos com os espíritos e elementais do bem.
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Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
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E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS - 2021.

4 comentários:

  1. sou visitante. Muito interessante essa língua.
    jocimar moreira

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  2. 24/01/2021, frequência da aula nº 8 aldeia mamuria I, local rio Içá.

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  3. Maria watima shuta aldeia Muria tonantins Muito legal essas aulas.

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Maniatipa na Chira?