sábado, 30 de janeiro de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 10: Domingo, 31 de janeiro de 2021. Unidade, Dezena, Centena e milhar.

Aula nº 10: Domingo, 31 de janeiro de 2021.
A aula de hoje vamos aprender sobres números (unidade, centena, dezena e milhar) em língua Kokama.
Os números (Numerukana/Numerunu).
Número é um objeto usado para descrever quantidade, ordem ou medida.
Na aula passada aprendemos sobre os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0.
Compartilhamos com o povo Quéchua os seguintes números: pichqa (5), suqta (6), qanchis (7), pusaq (8), isqun (9), chunka (10), pachak (100) e waranqa (1000).
Conhecendo a ordem dos números.
O sistema numérico que o povo Kokama usa é o sistema decimal. Com ele, os números são agrupados de 10 em 10 e, assim, são agrupados 10 algorismos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).
Em todo mundo conta seus números em seu idioma.
Os algorismos são os símbolos matemáticos que usamos para representar os números.
Com o agrupamento dos números de 10 em 10, surgiu a necessidade de classificá-los.
• 10 unidades = uma dezena (wepe chunka).
• 10 dezenas = uma centena (wepe pacha).
• 10 centenas = uma unidade de milhar (wepe mitiun).
Numeração:
Cardinais: tsiru (0), wepe (1), mukuika (2), mutsapɨrɨka (3), iruaka (4), pichka (5), tsokta (6),kantsi (7), putsa (8), itskun (9), chunka (10), chunka wepe (11), chunka mukuika (12),..., mukuika chunka (20), pacha (100), waranka (1.000), mitiun (1.000,000), pitiun (1.000,000,000,000).
•Ordinais: ɨatira - Variante: ɨyatira (1º), (2º), (3º),...
1º - ɨatira: primeiro: Ajan marawe ɨatira tsa y+aukitsuri. Esse abano eu fiz primeiro.
Assim, para cada grupo de 1, 10 e 100, temos uma ordem, e essa ordem é lida da direita para a esquerda. Veja o exemplo do número 423 a seguir:
Observe que esse número possui três algorismos e cada um deles se posiciona em uma ordem: 4 (centena), 2 (dezena), 3 (unidade).
O exemplo de 2.425:
Para que se compreenda a ordem dos números, observe o quadro abaixo:
Observe que os números 418.843 e 1.149 estão na tabela obedecendo à ordem de cada um.
Quando os números são separados, fica mais claro identificar em qual ordem cada um deles se encontra.
Os cubos são um recurso que nos ajudará a compreender a ordem dos números visualmente. Observe:
O número 1 representa uma unidade. Se tivermos 4 cubinhos, teremos 4 unidades.
O número 10 (chunka), indicado pela barra a seguir, representa a dezena e contém 10 unidades.
A placa a seguir representa o número 100 (pacha) e indica que temos uma centena.
O cubo a seguir representa o número 1000 (waranka) e indica que temos uma unidade de milhar.
Vamos entender agora como escrevemos os números em Kokama:
WEPE CHUNKA (DEZENA): 49 = IRUAKA CHUNKA ITSKUN.
(4 x 10 + 9 = 49). IRUAKA, que é quatro, é o multiplicador da base CHUNKA, que é dez, perfazendo quarenta. Depois soma-se a unidade ITSKUN que é nove. Logo, temos: quarenta e nove.
WEPE PACHA (CENTENA): 603 = TSOKTA PACHA MUTSAPɨRɨKA.
(6 x 100 + 3 = 603). TSOKTA, que é seis, é o multiplicador da base PACHA, que é cem, perfazendo seiscentos. Depois soma-se a unidade MUTSAPɨRɨKA que é três. Logo, temos: seiscentos e três.
WEPE WARANKA (MILHAR): 2.008 = MUKUIKA WARANKA PUTSA.
(2 x 1000 + 8 = 2.008). MUKUIKA, que é dois, é o multiplicador da base WARANKA, que é Mil, perfazendo dois mil. Depois soma-se a unidade PUTSA que é oito. Logo, temos: dois mil e oito.
A seguir damos um exemplo com decimais, que se obtém com o múltiplo de dez anterior à unidade.
MUTSAPɨRɨKA PACHA IRUAKA CHUNKA KANTSI WARANKA MUKUIKA,
[[3] {100} ([4] {10} (7))] {1000} (2) = 347.002
[[mutsapɨrɨka] {pacha} ([iruaka] {chunka} (kantsi))] {waranka} (mukuika) = 347.002
Agora vamos aos exemplos: Chunka [thunga] : dez (10). Tsa memɨra emete chunka wata. (Ta taɨra emete chunka wata). Meu filho tem dez anos.
Mukuika chunka [mukuika thunga]: vinte (20). Tana y+awachima utsu Amaturaka mukuika chunka watatsui. Vamos chegar a Amaturá depois de vinte horas.
Wepe pacha [uipi patha], variante: pacha [patha]: cem (100). Emete ipiranu pachakatika iruataka chiranu. Existem centos de peixes de todas as classes de nomes.
Kuarachi emete chita tsetsu, wepe pachatakai. O céu tem bastantes estrelas, quem sabe um cento.
Wepe waranka [uipi uaranga], variante: waranka [uaranga]: mil (1.000). Tsa ritamakuara emete wepe waranka awanu. Em minha comunidade existem mil habitantes.
-rapa: distributivo, um por um. Tem essa função quando aparece com números. Tsa ritamaka prowetsurunu weperapa ɨara nuany+ara. Em minha comunidade os professores têm um só bote cada um.
Y+atɨrɨkankuara mukuikarapa timi kumitsan awanu. Na reunião havia dois de cada grupo lingüístico (grupo que fala uma língua diferente).
awɨrɨ: Quanto, quantidade indeterminada. Awɨrɨtipa na memɨrayara? Quantos filhos você tem?
Awɨrɨ kurikitipa na tseta y+anukatan purepetara? Quanto dinheiro precisa para comprar tecido?
99 = Itskun chunka itskun
999= Itskun pacha itskun chunka itskun
9.999= itskun waranka itskun pacha itskun chunka itskun
Exercício:
1) Faça a decomposição dos números abaixo seguindo o modelo: Português: 2.533 = 2 – milhar, 5 – centena, 3 – dezena, 3 – unidade Kokama: 2.533 = 2 – wepe waranka, 5 – wepe pacha, 3 – wepe chunka, 3 – wepe.
a) 2874
b) 225
c) 89
d) 7213
2) Escreva por extenso os números Kokama, abaixo segue o modelo:
2.533 = Mukuika waranka pichka pacha mutsapɨrɨka chunka mutsapɨrɨka.
a) 2.874
b) 225
c) 89
d) 7213
3) Escreva os números:
a) mukuika pacha pichka chunka wepe.
b) mukuika waranka mukuika chunka wepe.
c) mutsapɨrɨka pacha Mukuika chunka iruaka.
d) Pichka chunka
4) Quantos anos você tem? (Escreva tudo em kokama).
________________________________________.
5) faca de acordo com o exemplo:
347.002 - MUTSAPɨRɨKA PACHA IRUAKA CHUNKA KANTSI WARANKA MUKUIKA.
[[3] {100} ([4] {10} (7))] {1000} (2) = 347.002
[[mutsapɨrɨka] {pacha} ([iruaka] {chunka} (kantsi))] {waranka} (mukuika) = 347.002
a) 324.745
b) 456.023
c) 648. 101
d) 897.326
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
Y+apai aputaka inupaka Kurunaskha!!! Vamos destruir o Corona vírus!!!
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Curso de Língua Kokama (Luto!). Aula nº 09 - Sábado - 30 de janeiro de 2021. Números de 0 a 10.

Aula nº 09: Sábado, 30 de janeiro de 2021. POVO KOKAMA DE LUTO!!!
A aula de hoje será os números em Kokama de 0 a 10.
Conhecendo os Números.
NA TSETA IKUA NUMERUKANA (NUMERUNU).
Número é um objeto usado para descrever quantidade, ordem ou medida.
O conceito de número provavelmente foi um dos primeiros conceitos matemáticos assimilados por todos os povos da Terra no processo de contagem.
Os números são símbolos utilizados para expressar a idéia de quantidade.
Os números são representados por estes símbolos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0.
Sabemos que somente do símbolo tsiru (0) ao iruaka (4) são falados Pela nossa língua Kokama e a partir do símbolo que chamamos de pichka (5) temos compartilhado em outro idioma,o Quíchua, os seguintes símbolos: pichqa (5), suqta (6), qanchis (7), pusaq (8), isqun (9), chunka (10). Não sabemos ao certo se emprestamos milenarmente esses símbolos do povo Quíchua ou se eles emprestaram de nós Kokama.
O mundo todo tem seus números.
Os números podem ser escritos na ordem crescente ou na ordem decrescente.
Ordem crescente:
Ordem decrescente:
NUMERUKANA/ NUMERUNU
Wepe [uipi]: um (1). Y+aepe wepentua uri. Então, vem UM grande.
Mukuika [mucuica]: dois (2). Ikun tsa ukɨriaitse aitsekapa, y+achuari tsumi mukuika wainanui. Hoje eu sonhei feio, vi duas mulheres chorando.
Mutsapɨrɨka [mutiçapurca]: três (3). Emete mutsapɨrɨka tsa pay+anu. Tenho três irmãs.
Iruaka [iruaca]: cuatro (4). Tsa emete iruaka tsa memɨranu. (Ta emete iruaka ta taɨrakana). Meus filhos são quatro.
Pichka [pitica]: cinco (5). Pichka ipiranu uki erutsu. A cunhada leva cinco peixes. (cunhada de mulher – fala feminina).
Tsokta [soquita]: seis (6). Número partilhado com o povo Quéchua. Tsokta y+atsɨ wata mɨtɨrɨpe. Seis meses são meio ano.
Kantsi [cansi]: sete (7). Número partilhado com o povo Quéchua - kanchis. Kantsi ɨkɨratsenkɨrakana uchima. As sete crianças saem.
Putsa [Pusa]: Oito (8). Putsa kuarachitsui tsa y+awachima ukaka. Em oito dias chego em casa.
Itskun [iscum]: nove (9). Número partilhado com o povo Quéchua. Istkun kuarachi watari tsa wata y+awachimatsen. Faltam nove dias para chegar meu aniversário.
Chunka [thunga]: dez (10). Numero partilhado com o povo Quéchua. Tsa memɨra emete chunka wata. (ta taɨra emete chunka wata). Meu filho tem dez anos.
Fixação:
kuarachi tsana: relógio. Literalmente reflexo do sol. Tsa pay+a kuarachi tsana munatsuri mɨtɨtaui y+a iwatsui. O ladrão arrancou da minha prima o seu relógio do braço.
Metrura: metro.
Emete metrura wepe. Tem um metro.
Wata: ano.
Ta emete chunka wata. Eu tenho 10 anos.
Wata: idade.
Mai wainanu ɨrata inu wata. As mulheres mestiças mentem sua idade.
Exercício:
01. Complete os espaços com os números que estão faltando.
____, wepe, ____, mutsapɨrɨka, _____, pichka, _____, kantsi, _____, itskun, _____.
02.Os números dos degraus da escada estão em ordem decrescente. Diga em qual degrau está o pote de Kuan?
03. Escreva em Kokama com quantos anos começou a estudar?
____________________________ (eu tinha tantos anos).
04. A partir de qual numero compartilhamos com o povo Quéchua? copiar em quéchua e kokama desse numero até 10.
______________________.
05. Quantos filhos você tem?
________________ (eu tenho tantos filhos. Ou: não tenho filhos: tɨma emete _______).
"TANA KUKAMɨE!
Dói perder um ente querido.
O Curso da Língua Kokama está de LUTO!
Venho através nos solidarizar com os familiares daquela que em vida se chamou Professora Janete Cobos (PROWETSURU KUANETE TANANTA KUMATA KUKAMɨE), cursista da Língua Kokama, residente e domiciliada em Tonantins, faleceu nessa madrugada de Corona Vírus.
AULA EM HOMENAGEM A KUANETE TANANTA KUMATA kukamɨe!!! Janete vive!!!
VAMOS VENCER O COVID-19! FIQUEM NA ALDEIA E USEM MÁSCARAS!LAVE SEMPRE AS MAOS!!
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domingo, 24 de janeiro de 2021

AJUDE A LUTA DO MOVIMENTO SOCIAL DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO POVO ÍNDIGENA KOKAMA.

"AOS PATRIARCAS CACIQUES GERAIS VICENTE SAMIAS, AUGUSTINHO SAMIAS, BENJAMIN SAMIAS, ANTONIO SAMIAS, FRANCISCO SAMIAS..."
Os patriarcas caciques gerais do povo indígena kokama sempre tiveram suas vidas e lutas marcadas por vitórias, derrotas, alegrias, dores, perdas, resistências, insistências, persistência, sofrimentos para defender o povo, para defender a cultura milenar kokama, defender os nossos territórios e nossos segredos, defender os grandes conhecimentos milenares e ancestralidade, viver a Cosmovisão, os clãs, a ancestralidade, os grafismos, a ligação com os espíritos da natureza, a ligação com os anjos e Deus, a defesa da medicina tradicional, a defesa das cerâmicas e artesanatos tradicionais, a formação de lideranças, a preparação dos guerreiros milenares, preservar as danças, as icaras, as orações de cura, os instrumentos musicais tradicionais, as armas de guerras e de caça tradicionais, a língua Kokama, etc.
AJUDE A LUTA DOS PATRIARCAS CACIQUES GERAIS!!! DOE PARA QUE A LUTA DO MOVIMENTO SOCIAL DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO POVO KOKAMA - MPKK NÃO PARE!!!
QUANDO UM PATRIARCA CACIQUE GERAL PARTE PARA O PLANO ANCESTRAL OUTRO PATRIARCA CACIQUE GERAL ASSUME A SUA LUTA!!!
ESSA É A RESISTÊNCIA KOKAMA!!! NÃO SE CALA UM PATRIARCA CACIQUE GERAL!!!
UMA HOMENAGEM ESPECIAL AO PATRIARCA CACIQUE GERAL FRANCISCO SAMIAS... ELE VIVE!!!
Aldeia Kokama Sapotal é a base da RESISTÊNCIA!!!
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Curso de Língua Kokama. Aula nº 08 - Domingo - 24 de janeiro de 2021. Substantivos Kokama.

Aula nº 08: Domingo, 24 de janeiro de 2021.
A aula de hoje vamos ter uma noção básica do substantivo Kokama.
O que é Substantivo?
De uma forma geral, SUBSTANTIVO é uma classe de palavras que nomeia os seres, os objetos, os fenômenos, os lugares, as qualidades, as ações, etc.
Como já os vimos podem ser em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo). As aulas foram muito boas até o momento e a língua Kokama está ficando mais claro ao aprendiz.
Aconselha-se que toda aula depende de você entender bem o alfabeto Kokama, os clãs, os nomes das cidades (Comunidades) e seu nome verdadeiro em Kokama. Lembrando que escrevemos de um jeito e pronunciamos de outro. E que a fala das mulheres não podem ser falados por homens e vice versa.
Na regra geral, muitas das vezes o som da letra E vai ter som da letra I. Importante lembrar os variáveis sons da letra ɨ e que a letra Y junto com o sinal de + (Y+) fica com som de Z.
Tipos de Substantivos
Os substantivos são classificados em: comum, próprio, simples, composto, concreto, abstrato, primitivo, derivado e coletivo, mas lembrando que não temos nada haver com a língua portuguesa ou espanhola.
As letras B, D, G, Z, Ñ: estes sons são utilizados na fala comum dos falantes Kokama igual que no ensino-aprendizagem dos alunos de língua espanhola e da língua portuguesa, porém essas letras não existem no alfabeto kokama. Não usamos a letra Ñ em nenhuma de nossas palavras.
É uma questão de discussão se consideram todos estes sons representados em símbolos em nosso alfabeto, ou simplesmente pode ser uma regra para o desenvolvimento da expressão oral como se pretende na formação e no ensino-aprendizagem na escola indígena Kokama.
Como observamos também no caso do dígrafo CH fica com o som de T e não com som letra X. Se trocarmos por aproximação muda o sentido, por exemplo, a palavra: TIPISHIRU [tipixiru], o aproximado colocando o dígrafo CH fica, TIPICHIRU [tipitiru], já não é a mesma coisa. Outro exemplo a palavra SHIRUNPI [xirumbi] ficaria como CHIRUNPI [tirumbi].
O Substantivo Kokama é pratico, simples e não complicado para o ensino escolar.
Em Kokama não se pode pronunciar como símbolos do espanhol ou do português, entendemos que o “e” e o “i” são sons aproximados. E por isso temos essas duas letras em nosso alfabeto. Alguém já disse, se a letra E tem som de I, porque não tiramos o E? Mas nem sempre a letra E vai ter som de I, muitas vezes sim, mas nem sempre.
Assim, se só consideramos um símbolo pode perder-se ou confundir-se alguns significados das palavras como dizer UNITSEN [UNITISEM] e também temos UNITSIN [UNITISIM] com outro significado. Aprendemos a falar e ler uma só vez em nossa vida em uma língua. Que chamamos de língua materna (L1). Quem aprende uma segunda língua já não é falante materno (L2). Temos poucos falantes maternos em Tabatinga que falam e escrevem. Todo material desde Curso de baseia nas falas e escritas de INOCENCIO SILVA ARIMUIA (fala masculina) e MARIA JANUARIO SAMIAS (fala feminina).
O mais importante nesse processo é que se recupere e se fortaleça o uso da língua e tenhamos facilidade para escrever, para fazer funcional em nosso dia a dia e em nossas Comunidades.
Quantos de nós escrevemos na língua Kokama?
1. Substantivo Comum
Os substantivos comuns são as palavras que designam os seres da mesma espécie de forma genérica: Exemplos: awa (pessoa ou gente), ritamawatsuka (país).
2. Substantivo Próprio
Os substantivos próprios, grafados em letra maiúscula, são palavras que particularizam seres, entidades, países, cidades, estados da mesma espécie. Como já vimos, na língua todos os nomes próprios de outras línguas mudam para o Kokama, ou seja, aqueles nomes que não constam em nosso alfabeto são mudados.
Exemplos: Kurimpia (Colombia), Tsao Pauru (São Paulo), Mijiri (Miguel).
3. Substantivo Simples
Os substantivos simples são formados por apenas uma palavra. Exemplos: uka (casa), ɨara (canoa), chiru (roupa).
4. Substantivo Composto
Os substantivos compostos são formados por mais de uma palavra. Exemplos: churi tini (periquito branco), ipirawira pɨtani (boto cor de rosa), arara tsenepuka (arara azul), uni mama (mãe d’água).
5. Substantivo Concreto
Os substantivos concretos designam as palavras reais, concretas, sejam elas pessoas, objetos, animais ou lugares. Exemplos: ɨkɨratsen (criança), niapitsara (homem), y+awara (cachorro).
6. Substantivo Abstrato
Os substantivos abstratos são aqueles relacionados aos sentimentos, estados, qualidades e ações. Exemplos: erapakatun (beleza), tsarɨwa (alegria), tsachita (amor), akɨcha (medo), y+amachi (fome), y+amɨma (triste), apuka (sorrir), y+achu (chorar).
7. Substantivo Primitivo
Os substantivos primitivos, como o próprio nome indica, são aqueles que não derivam de outras palavras. Exemplos: casa (uka), folha (tsa), chuva (amana).
8. Substantivo Derivado
Os substantivos derivados são aquelas palavras que derivam de outras. Exemplos: uka nuan (casarão - derivado de casa), ɨwɨratsa (folhagem - derivado de folha), Amanatu (chuvarada - derivado de chuva).
9. Substantivo Coletivo
Os substantivos coletivos são aqueles que se referem a um conjunto de seres. Exemplos: ipirakua (cardume de peixe), iruataka (misturar algo), panarapan (bananal), putukataka (amontoar algo).
Sufixos:
-a [á] (Mor Lig.): futuro remoto e pouco provável. Este morfema tem seu próprio acento; é dizer, que a palavra ao que se adjunta leva a maior tom de voz nesta vogal. Por exemplo: utsu-a [utsá].
-ari (Mor Lig.): aspecto progressivo. Sempre se liga ao verbo. Ajan Prowetsuru watsatsa ey+uari. Esse professor está comendo abiu. Y+awara mui chikuaratari. O cachorro está perseguindo a cobra.
-ari (Mor Lig.): Ao redor de. Indica que o evento tem ocorrido por arredores de um lugar; é dizer, locação difusa.
-chatsu [chasu] (Mor Lig.): afetivo. Expressa basicamente sentimentos de simpatia ou pena do falante em relação a uma dada entidade, ou a situação na qual este se encontra envolvida. É dizer, o falante tem sentimentos de pesar pela entidade a qual faz referencia o nome sufixado por “-CHATSU”.
-chiru (Mor Lig.): depósito para guardar qualquer coisa, serve para derivar expressões.
-era (Mor Lig.): modalidade apreensiva. Indica que um evento é inesperado, misterioso e envolve temor e preocupação. Tende aparecer em perguntas retóricas. Maniawatsurai napura maniakapaera. Como assim tem vencido, tem mudado!
-ia (Mor Lig.): dizem que. Modalidade que indicar informação de segunda mão. Coloca a idéia de “me tem interado, tenho escutado por aí”. Este morfema aparece como ligação de primeiro constituinte da cláusula. Quando a palavra a que se une termina em [e], este morfema se realiza como “-a”. Tsa memɨraia uriari. Dizem que meu filho esta vindo. Mijiria aikuapa. Dizem que Miguel está muito doente. Mɨtɨrɨpea rana juane upapa. Dizem que a metade (de seu caminho) seu tamalhe havia acabado. Raepea rianan ikia ritama nuan. Dizem então que só esta era uma cidade grande.
-ikua [ikuá] (Mor Lig.): Passado imediato. Indica que um evento aconteceu ultimamente, em algum momento até o dia de ontem. Está ficando fraco na memoria dos falantes.
-ikua (Mor Lig.): Razão. Subordinante adverbial de razão, por isso.
-ɨma (Mor Lig.): Precisa de. É usado com pouca freqüência.
-ka (Mor Lig.): Reiterativo. O evento que se volta a realizar.
-ka (Mor Lig.): Reciproco. O agente do primeiro evento é o tema ou paciente do segundo e vice versa. No verbo transitivo, “-KA” recebe a interpretação de recíproco só com sujeitos cujo referente é plural.
-ka (Mor Lig.): incoativo. Refere-se ao inicio de uma situação nova ou a uma mudança de estado. No verbo intransitivo não estático indica fazer algo por si mesmo, é dizer que o participante único começa ou está envolvido no evento para o beneficio ou detrimento de si mesmo.
-ka (Mor Lig.): em, a. Em construções com verbos estáticos, este morfema expressa localização estática: EM. Em construções com verbos dinâmicos, expressa a direção movimento: a, até. Também pode indicar o recipiente de algo que se transfere.
-kaka (Mor Lig.): Recíproco. Sufixa-se aos verbos para indicar que a ação se realiza a dois ou mais participantes reciprocamente.
-kati (Mor Lig.): até, pode significar até aqui ou até agora.
-kuara (Mor Lig.): dentro. Conectar com verbos estáticos (parado) indica estar dentro de uma espécie de deposito. Conectar com verbos de movimentos indica lugar onde uma entidade entra.
-mai, Variante: -mae. (Mor Lig.): Denominador de cláusula. Antigo morfema Tupinambá. Sua distribuição na fala espontanea é muito limitada.
-maka (Mor Lig.): Proibitivo. Geralmente envolve uma terceira pessoa do singular, ‘não pode fazer X’. Sua função é prevenir que alguns eventos aconteçam no futuro próximo.
-maka (Mor Lig.): Subordinador proibitivo: “para que X não aconteça”.
-mia (Mor Lig.): modalidade hipotética. Clítico de frase verbal que indica que um evento pertence ao mundo do possível, hipotético, irreal.
-mimi (Mor Lig.): pobre, com pena. Sua distribuição e função é comparável a do avaliativo “-CHATSU”.
-mira (Mor Lig.): subordinador de propósito. As cláusulas subordinadas marcadas por “-MIRA” obrigatoriamente excedem o argumento objeto. Este é referente com o sujeito de uma cláusula principal intransitiva ou com o objeto de uma cláusula matriz transitiva.
-muki (Mor Lig.): comigo, contigo, sua, seu. Indica companhia, é dizer que a ação indicada no verbo está se realizando juntamente com alguém.
-nan (Mor Lig.): só, somente. Foco restritivo. Realiza-se como enclítico de uma frase nominal, pronome, advérbio, etc. “-NAN” serve para derivar alguns vocábulos. Por exemplo: amutse ‘longe’, amutsenan ‘perto’; tupape ‘permanecer’, tupapenan ‘outra vez (no mesmo lugar)’.
-npu (Mor Lig.): Depois. Indica que o evento indicado na cláusula subordinada teve lugar depois do evento indicado na matriz.
-pa (Mor Lig.): aspecto completivo. Indica que o evento ou processo tem concluído por completo.
-tupa (Mor Lig.): relativiza lugar.
-tsen (Mor Lig.): Marca de propósito. Este morfema se sufixa ao verbo subordinado para expressar que o predicado da cláusula subordinada tem uma relação de propósito com o predicado da cláusula principal.
-tsui, Variante: -tsu. (Mor Lig.): Indica o recipiente e/ou beneficiário.
-tsui (Mor Lig.): Indica o lugar onde o movimento se origina. Também pode expressar o momento em que se inicia um evento, a causa que instiga um evento, o material do que algo está feito, etc.
-tsuika (Mor Lig.): Desde.
-tsunka, Variante: -nka (Mor Lig.): Modalidade contra expectativa com orientação ao ouvinte.
-tsuri (Mor Lig.): Passado remoto. Indica que o evento teve inicio faz algum tempo, desde uns dias atrás até tempos antigos. Os kukamiria usam com freqüência o composto “-TSURI-AI”, passado remoto, mas distante.
-tsurin, Variante: -tsuri (Mor Lig.): Os nomes derivados com -TSURIN expressam vontade, controle e habilidade na realização do evento indicado no verbo.
-pan (Mor Lig.): indica um lugar onde abunda algo. Sufixa-se a nomes.
-pe (Mor Lig.): locativo, indica local. Esta forma é uma antiga posição do Tupinambá que indicava locação genérica ‘em’. Na língua Kokama atual tem sobrevivido em algumas formas como RAEPE ‘AÍ’, RAEPETSUI ‘DESDE AÍ’, e em construções complexas que incluem informação espacial.
-pika (Mor Lig.): exclamativo.
-pu (Mor Lig.): com. Serve para expressar instrumento, força, meio de transporte, caminho e direção.
-pupe (Mor Lig.): Com. Marca de instrumento. Vem do tupi antigo e muito pouco usada na atualidade, dela tem derivado o instrumental “ –PU”.
-puka (Mor Lig.): quando.
-pura (Mor Lig.): foco. Se adjunta a frase focalizada numa oração. Se a frase marcada com -PURA ocorre no inicio da oração freqüentemente recebe a interpretação de foco de contraste.
-puri (Mor Lig.): por favor.
-ra (Mor Lig.): condicional, condição. Sufixa-se a parte final da cláusula subordinada que indica a condição para que o evento expressado na cláusula matriz aconteça.
-ra (Mor Lig.): propósito. Frase marcada por este morfema indica o motivo pela qual se realiza o evento.
-ra (Mor Lig.): verbalizador, faz novos verbos. Morfema derivativo com o que se gera novos verbos a partir tanto de nomes como de verbos.
-rachai, Variante: -rachi (Mor Lig.): condicional, condição, “no caso que”, “se é que”.
-rai (Mor Lig.): modalidade especulativa, clítico de segunda posição. Tem sentido ‘pois, parece’, é usado no discurso masculino e feminino.
-rana (Mor Lig.): parecido com algo, similar a. Morfema de distribuição limitada e pouca produtividade. Funciona para derivar alguns termos relacionados a árvores.
-rapa (Mor Lig.): distributivo, um por um. Tem essa função quando aparece com números.
-rapa (Mor Lig.): somente, a sós.
-rupe (Mor Lig.): até, finalizador. Indica direção e implica chegada ao ponto final, a meta.
-shka (Mor Lig.): marca de empréstimo de palavra. Sufixo de origem do Quéchua que se usa para indicar que um verbo é emprestado do Quéchua ou de outro idioma e que não se consegue traduzir em Kokama.
-ta (Mor Lig.): Causativo. Morfema que serve para derivar verbos a partir de outros verbos e a partir de substantivos. Este morfema introduz uma causa responsável de que o evento aconteça em algum lugar. A causa só entende como algo ou alguém que se instiga, inicia ou controla uma atividade.
-taka (Mor Lig.): Talvez. Marcador de incerteza.
-tara (Mor Lig.): Relativiza agente.
-tara (Mor Lig.): adverbial de propósito. O argumento omitido obrigatoriamente da cláusula de propósito é o sujeito e é coadjuvante com o sujeito de uma cláusula matriz intransitiva, ou com o objeto de uma cláusula matriz transitiva.
-ti (Mor Lig.): Partícula interrogativa, redução de “-TIPA”.
-tin, Variante: -ti. (Mor Lig.): Modalidade que indica certeza, ‘assim é’, afirmação forte. Muitas vezes implica contraste: esse é mal, (mas) esse (sim) é bom.
-tipa (Mor Lig.): Interrogativo. Aparece como sufixo da porção sobre o que se está perguntando.
-wa (Mor Lig.): gerúndio, particípio. Espécie de cláusula onde o sujeito do verbo denominador é participante com sujeito da cláusula principal.
-wara (Mor Lig.): denominador. Sufixo que deriva denominação de agente a partir de verbos transitivos. O participante realiza o evento indicado no verbo de uma maneira habitual e rotineira. Muitas das profissões e ofícios têm esse derivado.
-wɨrɨ (Mor Lig.): Porém; conjunção adversativa.
-ya [-yá] (Mor Lig.): Comparativo. Morfema de marca nominal como se compara algo. Este morfema tem seu próprio acento.
-yara (Mor Lig.): verbalizador com sentido de fazer. Se for sufixado a um nome funciona como verbalizador, por exemplo, “ɨrarayara” significa ‘fazer canoa’. Sendo assim, se aparece como palavra independente, por exemplo, “ɨrara yara” significa ‘dono da canoa’ ou criador da canoa.
Gênero dos Substantivos
De acordo com o gênero (feminino e masculino) das palavras substantivas, elas são classificadas em: Substantivos Biformes: apresentam duas formas, ou seja, uma para o masculino e outra para o feminino, por exemplo: sogro e sogra.
Y+aichi: sogra, termo usado por homens e mulheres para referir-se a mãe de seu esposo ou esposa.
tutɨra: sogro, termo usado por homens e mulheres para referir-se ao pai de seu esposo ou esposa.
Ichimari: gerno, esposo de minha filha. Termo usado por homens e mulheres.
Y+uwama: nora, mulher do filho.
Mirikua: esposa. Geralmente, os Kokama não se casam pelas leis civis ou religiosas. Para começar uma vida de casal, o jovem fala com os pais da jovem e uma vez que eles aceitam os jovens vão viver juntos na casa de algum dos pais. Mas existe uma cerimônia tradicional feito pelo pajé.
Mena: esposo.
Substantivos Uniformes: somente um termo especifica os dois gêneros (masculino e feminino), sendo classificados em:
Epicenos: palavra que apresenta somente um gênero e refere-se aos animais, por exemplo: Kawariu (Cavalo macho ou fêmea).
Sobrecomum: palavra que apresenta somente um gênero e refere-se às pessoas, por exemplo: wawa (bebê masculino e feminino).
Comum de dois gêneros: termo que se refere aos dois gêneros (masculino e feminino), identificado por meio do artigo que o acompanha, por exemplo: "Prowetsuru" (Professor e Professora).
Número dos Substantivos
De acordo com o número do substantivo, eles são classificados em:
Singular: palavra que designa uma única coisa, pessoa ou um grupo, por exemplo: waina (mulher), uka (casa).
Plural: palavra que designa várias coisas, pessoas ou grupos, por exemplo: wainanu / wainakana (mulheres),ukanu/ ukakana (casas).
Relação entre Adjetivos e Substantivos
Os adjetivos correspondem à classe de palavras que indicam qualidades e estados aos substantivos, por exemplo: uka erapaka (casa bonita). Aqui, o termo “erapaka” (bonita) atribui uma qualidade ao substantivo "casa".
_________________________
ATIVIDADE DA AULA 8.
1. Faça um texto respondendo duas perguntas com suas próprias palavras: O que é substantivo? Quantos de nós escrevemos na língua Kokama?
_________________________
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia.
Professor Samias.
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sábado, 23 de janeiro de 2021

Curso de Língua Kokama. Aula nº 07 - Sábado - 23 de janeiro de 2021 - Diminutivo e Aumentativo.

Aula nº 07: Sábado, 23 de janeiro de 2021.
A aula de hoje vamos aprender sobre como falamos no diminutivo e aumentativo no idioma Kokama.
Diminutivo e Aumentativo são flexões de grau que os substantivos podem apresentar. Assim, a palavra y+uru [zuru] (boca) é um substantivo que se apresenta no grau normal, cujos graus aumentativo é respectivamente y+urutua [zurutua] (bocão) e diminutivo é respectivamente y+urukɨra [zuruküra] (boquinha).
As flexões de grau do substantivo expressam aumento (grau aumentativo) e diminuição (grau diminutivo).
Y+aepe, y+ai penuumi ajan ɨarakɨranu.
Então, também nós(fem.)+ver esta canoa+diminutivo: -kɨra +plural feminino: -nu.
Raepe, riai tanaumi ikian ɨarakɨrakana
Então, também nós(masc.)+ver esta canoa+diminutivo: -kɨra+plural masculino: -kana.
Idéia da frase: Então, nós também vemos estas canoas pequenas.
O grau aumentativo também pode indicar exagero, depreciação ou afeto, enquanto o grau diminutivo também pode indicar moderação, afetividade ou desconsideração.
FORMAÇÃO DO GRAU DO SUBSTANTIVO.
I. Analítico.
Na forma analítica, acrescenta-se ao substantivo um adjetivo que dê a indicação de aumento, como por exemplo: enorme, grande, imenso (-tuan, -watsu, -pan, nuan, tua); ou diminuição, como por exemplo: insignificante, minúsculo, pequeno (-kɨra, -isha, chura, misha, miri).
Exemplo:
canoa pequena (ɨarakɨra).
canoa grande (ɨara nuan).
II. Sintético.
Na forma sintética, há também um acréscimo ao substantivo. Desta vez, é um sufixo que dá a indicação de aumento ou diminuição.
III. O QUE É DIMINUTIVO?
Grau diminutivo é aquele que, além de indicar tamanho diminuído, também suaviza, expressa valor afetivo ou depreciativo (indica tamanho, expressa valor afetivo, expressa valor depreciativo).
1. CHURA: SER PEQUENO.
Wijakɨra churapa. A velhinha se diminui (com o passar dos anos).
Wijakɨra churapan. A velhinha é diminuida (de tamanho).
Wijakɨra maniakapa churankɨra y+a. A velhinha se torna como uma bebê.
Ini watapura kuarachi churapa. Nossos dias do ano se encurtam (parece que o tempo passa mas rápido).
Ajan nuan, ajan churan. Este é grande e este é pequeno.
Ajan nua, ajan chura. Este é muito, este é pouco (água).
Parana tiapɨra churapan. A cabeceira do rio é estreito.
2. - ISHA: DIMINUTIVO, AFETIVO. Sua distribuição se limita a papai e mamãe. Possível empréstimo do Quéchua: -cha.
Mamisha, makatsui nuri? Mãezinha de onde vêm? Tsa papisha y+umukuni kurikiui. Meu filhinho (paizinho) trago a moeda (dinheiro).
3. TUASHTA [TUACHITA]. VARIANTE: TUISHTA: POBREZINHO, POBREZINHA, COITADINHO, COITADINHA, COM AFETO, COM PENA. Também pode funcionar como pronome “a pobre; o pobre”.
Utsu y+atuashta inu umanuta. Já vão matar esse pobre coitado. Tsa memɨra tuashta y+amɨma tsa ichari utsu ikua. Tenho pena de meu pobre filho porque vou deixá-lo.
4. -CHATSU [-CHASU]: AFETIVO.
Expressa basicamente sentimentos de simpatia ou pena do falante em relação a uma entidade dada, ou a uma situação na qual se encontra envolvida. É dizer que, o falante tem sentimentos de pesar pela entidade na qual faz referencia o nome sufixado por -chatsu.
Ta ay+umachatsu y+umayarita. Meu pobre cunhadinho me ajuda. Tsatsatsɨmari tsa memɨrapurachatsu. Meu pobre filhinho está gritando. Ta y+umunu kurikichatsu ikiatsui. Desde daqui mando um dinheirinho.
5. MIRI: NOÇÃO DE ESTAR FINO. Aplica-se a entidades que aparecem em unidades como: um pau, uma pessoa, um cipó e etc. Então, se usa y+ananpɨrɨ para as coisas que aparecem em grupos como o cabelo, ou as coisas muitas fina e planas como uma folha de papel, uma árvore, um pedaço de madeira, sem importar sua posição.
Y+ukan awamirinan. Essa pessoa é fininha. Tsa mirita ɨwɨra kurukurun. Estou afinando este pau que é grosso.
6. MIRI:SIG.2. SER AGUDO, FININHO.
Waina kumitsa miri. A mulher fala fininho (tem a voz mas fina do que a do homem).
7. MISHA: SER PEQUENO.
Tsa uka misha. Minha casa é pequena. Y+awara mishan ɨwɨra kipetakui. O pau esmagou o cachorro pequeno.
8. TURU: SER BAIXO DE ALTURA.
Turunanin awatu tsuriai. A pessoa era baixinha.
9. Y+ANANPƗRƗ: FINO. Aplica-se para especificar pouca espessura nas coisas.
Y+ananpɨrɨnan y+a piruara tɨma y+anama y+amua y+a. Fino é sua casca, não é duplo como outro.
10. -KƗRA: DIMINUTIVO.
Indica que uma entidade é de tamanho pequeno. Também serve para referir-se a algo com afeto. Geralmente se sufixa a um nome.
Raepe ra kumitsa wainakɨramuki. Aí fala com a mulherzinha. ɨwɨrati mɨtɨrɨ y+a purara ukakɨra. No meio da mata se encontra uma casinha.’ Churankɨra tsuika tsa kakɨrɨ tsamamamukinan. Desde pequena vivo só com minha mãe.
11. KUYANA: SER FRACO, MAGRO.
Tsa aikuapa ikua tsa kuyana. Por causa da minha doença, sou magro. Ta yawarakɨra kuyanapa, tɨma eyun. Meu cachorrinho é magro, não come.
IV. O QUE É AUMENTATIVO?
Grau aumentativo é aquele que, além de indicar tamanho aumentado, também expressa exagero ou desprezo. Por exemplo:
1. TUA: 1 - SER GRANDE COMO RESULTADO DE UMA MUDANÇA DE ESTADO, DE CRESCER EM VOLUME. Se aplica geralmente em animais e pessoas. As árvores podem ser “TUA” OU “NUA”, pois neste caso tem diferentes interpretaciones. Por exemplo, PANARA NUA pode se referir ao fruto de uma espécie como a banana que é sempre grande (i.e., banana cumprida), enquanto PANARA TUA se refere a uma planta em particular que tem crescido alto e seu tronco é grosso.
Y+ukan niapitsara tua. Esse homem é grande (gordo e alto). Tsamuna ɨwɨra tuan. A árvore de Samaúma é alto. Waina tseweka tuari. A barriga da mulher está crescendo (o bebe está crescendo).
2. TUA: def.2 - SER VELHO. Resultado de haver “crescido” em idade.
Tsa pai tuatsuri. Meu tio era velho. Kapinuri ɨwɨra ipuku tuan y+a tsakamɨ entera wɨra ai awanu uchimata purepetsamira. O capinurí é um tronco grande e grosso, sua rama é idêntico a um pênis e tiram para vender.
3. EPEWATSU: SER AMPLO.
Aipuka epewatsupayati pepura. Hoje em dia, o caminho é certamente amplo. Mapitika epewatsuwa yakɨn. A formiga tec-tec é de cabeça grande.
4. IPUKU: SER LONGO, ALONGADO, EXTENSO.
ɨmɨnan uka ɨwatata ipukutsuri. A coluna de madeira da casa antes era longa. Tsa memɨra mikutsa ipuku tsuniwa tɨma yapinan. As costeletas do meu filho são longas, escuras, sem cabelo.
5. IPUKU: SER EXTENSO NO TEMPO, PERIODO LONGO, LONGO TEMPO.
Ini y+uwanaka memɨrakɨra y+a ukɨrɨtsen ipuku. Tampamos o bebê para dormir mais tempo (longo tempo).
6. KURUKURU [KURKURU]: SER GROSSO. Só se refere a diametro, no caso de espessura se utiliza y+anama, e em sons graves, miri.
ɨna ɨwa kurukuru. O tronco da goiaba é grosso. Iwira tuan kurukuru ra piruara yanama tɨma ra era puatsara. A munguba velha tem casca espessa, dupla, não é adequado para envira (tirar corda para amarrar). Ajan ɨwɨratua kurukuru. Este pau é bem grosso.
7. -TUA. VARIANTE: -TU: AUMENTATIVO. Indica tamanho grande, tem uma conotação de desprezo.
Ra purara tsukuritua yaparariwa. Encontrou uma cobra jogada. Raepe rapura uwaka kɨmapuratu. Então esse se transforma em uma goiaba grande. Pɨtani y+atua. Maduro é ótimozão.
8. NUA: SER GRANDE. Geralmente se aplica a elementos inanimados que tem como propriedade estática o ser grande. Por exemplo, uma casa, um bote, uma mesa. Estas entidades não sofrem mudança de estado, é dizer não se faz GRANDE com o tempo. NUA não se aplica a pessoas e nem animais. A propriedade dinâmica de ser grande como resultado de uma mudança de estado (crescer, engordar, etc.) se expressa como TUA.
Ra ɨara nua. Sua canoa é grande. Tsa uka ashun nua na ukatsui. Minha casa é maior que sua casa. Tsurimui parana nuan. O Solimoes é um grande rio. Ajan ɨwɨra tsakama nua. As ramas dessa árvore são gigantes e extensas. Y+ukan niapitsara y+auki wepe uka nuanui. Esse homem construiu uma casa grande. Rana tɨma chikari tuyuka nuan rana kakɨrɨtupara. Eles não procuram um terreno grande para viver. Waina tseweka nuari. A barriga da mulher está crescendo.
9. Y+ANAMA: SER ESPESSO, DOBRO, DUPLO, GROSSO. Aplica-se para especificar espesso nas coisas.
Y+anamata aitsen y+anama tsa kukuara. As ervas daninhas ficam mais espessas dentro do campo. Tsa y+uwanata tɨma y+anama. Meu cobertor não é grosso. Tsɨri aikuatapa etse tɨma chiru y+anaman tsa akitaikua. O frio me deixa doente porque não usei roupas grossas (casaco suficiente).
10. TUAN: ADULTO, ANCIAO.
Podem-se aplicar aos idosos, pais e avós.
Yaepe tsa tuanminu kakɨrɨtsuri ɨmɨnua. Meus velhos (pais) moraram lá há muito tempo. Na tuankana ukɨrɨpuka na uyupe uri. Quando seus pais estão dormindo, você desce.
11. -WATSU: AUMENTATIVO, REFLEXO DE UM ANTIGO AUMENTATIVO TUPÍ-GUARANÍ. Sua distribuição é limitada, não ocorre em pronomes, e pode ocorre com TUA.
Ajan ipamawatsun ni tsenu. Este empezão não escuta. Kunumiwatsun tua tɨma wijun. Ele é jovemzão, não é velho.
12. -PAN: INDICA UM LUGAR ONDE TEM ABUNDANCIA DE ALGUMA COISA. Se sufixa a nomes.
Ra umi ikian itakipan. Ele observa esta pedreira. Rana purarura panarapankuara. Eles o encontram no meio da plantação de bananas (bananal).
V. Formas especiais.
Há substantivos que com o tempo adquiriram significado próprio e que não são mais considerados com grau aumentativo ou diminutivo.Exemplos:
• amutse (longe).
• ɨmɨnua (antigamente).
• miminiuta (miudar).
• epewatsu (ser amplo).
• ipuku (ser extenso).
• ɨkɨratsu (ser gordo).
• chita (aumentar).
1. NUAN: AQUELE QUE É GRANDE (INANIMADO).
2. TUAN: AQUELE QUE É GRANDE (ANIMADO).
3. WATSU: GINGANTESCO.
4. NUAKATUN: GRANDEZINHA.
5. NUATSEN: CRESCENTE.
6. TUAN ANIMARU: ANIMAL GRANDE.
7. TUTU NUAN: TAMBOR GRANDE.
8. TSAI TUAN: BICO GRANDE.
9. Y+AKƗTUA: SER CABEÇÃO, CABEÇUDO.
Arawe ipira yakɨtua. O surubim é um peixe cabeçudo.
10. ATATUA: CABEÇÃO; CABEÇAS GRANDES.
Y+ukan awa atatua, uri apetuma nua ra ikuachiru. Essas pessoas cabeças grandes têm um cerebelo grande por causa de sua inteligência.
11. UNI NUAN: ÁGUA GRANDE; ENCHENTE.
Tewekɨwa ukaimapa uni nuan erutsupa y+apuka. O mucuim desaparece quando é levado pela enchente da água. Uni nuan pararaka upi maka, parana tsakamɨnuka yai ajan ɨpatsunu y+a nuatapa. A água grande (enchente) que sobe se dispersa por toda parte, até os afluentes do rio, e isso aumenta os lagos.
12. TITUA: SER NARIGUDO.
Composição formada por ti:nariz, mais tua:ser grande.
Tapira titua y+a uwaritsuika. A anta é narigudo desde o nascimento. Emete wepe niapitsara tituan ajan ritamakuara. Há um homem narigudo nesta comunidade.
13. TSITSANA [CHITSANA]: SER CHORAO, IRRITANTE.
Tsa memɨrapura chitsana. Meu filho é chorão. Ajan chitsanaminu utsupui. Esses chorões já se foram.
---------
Tradução:
Casa: Uka
Pé: Pɨeta
Cabelo: y+akɨtsa
Cachorro: y+awara
Canoa: ɨara
---------
Atividade da aula nº 07 (2,00 cada).
1. Traduzir em diminutivo e aumentativo Kokama.
a) Casinha.______________
b) Cabelinho. ______________
c) Cachorrinho. ______________
d) Pezão. ______________
e) Canoão. ______________
BOA SORTE!!!
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Contribua com a luta do Patriarca Cacique Geral do Povo Kokama Edney Samias.

É URGENTE, A LUTA DO MOVIMENTO SOCIAL DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO POVO INDÍGENA KOKAMA DO BRASIL - MPKK.
Apóie o MOVIMENTO SOCIAL MPKK com qualquer valor acima de R$ 1,00.
“Estamos atuando no Curso de Formação de Professores Bilíngües Kokama-Português 2021-2022 (Para Professores Indígenas Kokama) e Curso de Língua Kokama - Nível Básico 1 (Para Profissionais de outras áreas e Lideranças Indígenas Kokama)”.
"TRABALHAMOS COM CERÂMICA TRADICIONAL E MODERNA";
"TRABALHAMOS COM AYAHUASCA NA MEDICINA TRADICIONAL KOKAMA E FORMANDO NOVOS PAJÉS";
"TRABALHAMOS COM A FUNDAÇÃO DE GUARDA INDÍGENA KOKAMA NAS ALDEIAS E TREINAMENTO (GUERREIROS MILENARES)";
"TRABALHAMOS COM REMÉDIOS CASEIROS, BANHOS, PERFUMES E AMULETOS KOKAMA";
"TRABALHAMOS COM FORMAÇÃO DE LÍDERES E ORGANIZAÇÃO DE COMUNIDADES INDÍGENAS KOKAMA";
"TRABALHAMOS COM O PROTAGONISMO NAS TERRAS DEMARCADAS E PROTEÇÃO TERRITORIAL (DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS JÁ);"
"O TRABALHO MAIS DIFICIL NO MOMENTO É O COMBATE AO CORONA VÍRUS (COVID-19) E A DEFESA DOS DIREITOS INDÍGENAS KOKAMA QUE RESIDEM NAS ÁREAS URBANAS NO ESTADO DO AMAZONAS".
Todo nosso projeto da Cultura Indígena Milenar Kokama não tem patrocínio e nem financiamento!
COMO DOAR?
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Agradecemos imensamente a sua contribuição!!!
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domingo, 17 de janeiro de 2021

Curso de Língua Kokama - Aula nº 06, Domingo, 17 de janeiro de 2021. PLURAL E SINGULAR KOKAMA.

PLURAL E SINGULAR DA LÍNGUA KOKAMA
WEPEY+ATɨPE AY UNIKU KUMITSAPU KUKAMɨE
Aula nº 06, domingo, dia 17 de janeiro de 2021.
Prowetsuru: Etinei Tananta Tsamia Kukamɨe.
Chira tsuy:____________________________.
A aula de hoje vamos aprender como o povo Kokama diferencia o plural (WEPEY+ATɨPE) entre homens e mulheres.
A questão é totalmente diferente da língua portuguesa, que se coloca a letra "S" no final das palavras pluralizada.
Quando se pluraliza uma palavra em Kokama ele muda depende de quem está falando, se é homem ou mulher. Nós teremos os morfemas ligados no final de cada palavra que entra no plural fica com esta marca:
Plural feminino: -nu.
Plural masculino: -kana.
O sinal de menos, indica que o morfema ficará ligado a uma palavra que se quer pluralizar.
-NU.
Tsa memɨrapuranu y+uti inu tsatsatsɨmari .
Meus filhos estavam gritando.
Y+aepe, umi y+a chita ukakɨranu.
Então, olhe ai muitas casas pequenas.
-KANA.
Titika ikiaka ukɨurɨu rana a pukakana.
Só aqui dormem as tartarugas.
Rana tsaipurankana ai y+uti rana uchimari.
Os bebados já estão saindo.
Discurso feminino e Discurso masculino.
Temos também outras marcas para diferenciar a fala de homem e de mulher no inicio das falas.
EPE.
EPE ou a variante: IPI. VOCÊS, pronome de segunda pessoa plural, usado tanto por homens como por mulheres.
Epe etse y+umepe uti.
Vocês me dão vergonha.
Epe ta y+umepe uti.
Vocês me dão vergonha.
INI.
INI: nós, pronome de primeira pessoa plural inclusivo, é dizer, se inclui o interlocutor dentro do coletivo ao que se faz referencia com o pronome. Este pronome é usado tanto por homens como por mulheres. Serve como sujeito, objeto ou pronome possessivo.
Ini mainani ini ikuatupa.
Nós cuidamos nossa escola.
Ini y+awara tɨma tseta chikuarata a awa marira a ɨwɨrati.
Nosso cachorro não quer seguir a gente para o mato.
Inu.
Inu: eles, elas, os, as, pronome de terceira pessoa plural do discurso feminino. Se usa em função de sujeito, objeto ou pronome possessivo. Em função de objeto da cláusula se pode cliticizar o verbo. No discurso masculino se usa: rana.
Inu utsinu ini y+umayari a mainaniari ini ɨpatsu.
Eles vão nos ajudar a cuidar de nosso lago.
Etse umi inu paranakuara.
Eu vejo eles no rio.
Ai kakɨurɨi inumuki.
Ela vive com eles.
Penu.
Penu: primeira pessoa plural exclusiva do discurso feminino. Pode operar em função de sujeito, objeto, possessivo ou posposições. Em função de sujeito pode realizar como prolífico do verbo, em função de objeto como clítico.
Y+aepe, penu tsuparakapatsuri ɨwɨratikuara.
Então, nos perdemos no mato.
Aimuki penutsu a penu ritamaka.
Com ele nós vamos a nossa comunidade.
A tsumi penu mutsanakai.
O pajé nos curou.
Rana.
Rana. Variante: Ranu. Pronome de terceira pessoa plural do discurso masculino. Se pode usar para fazer referencia ao sujeito, objeto ou possessivo. As mulheres falam INU.
Epe ikara rana eretse marira mari rana tsanimira.
Vocês cantem fortes para que eles imitem.
Wepe waina timin kakɨurɨi ranamuki.
Uma mulher estranha vive com eles.
Tana.
Tana. Variante: tanu: primeira pessoa plural exclusiva do discurso masculino. Pode operar em função de sujeito, objeto, possessivo e tomar posposições. Em função de sujeito pode se realizar como proclítico do verbo, em função do objeto como enclítico.
Rana tana y+umirana arutsu.
Eles nos dão arroz.
Tana ikua ranatsuri ai y+auki ɨmɨnatsuika.
Nós os conhecemos já faz muito tempo.
Y+apukinan raepetsui y+awachima tana maka kakɨrɨtupaka.
Remando logo chegamos onde moramos.
Ay.
Ay: ele; ela, o, a. Terceira pessoa do singular do discurso feminino, pronome de forma longa. Este pronome se pode usar em função de sujeito, objeto e préposições. Como objeto geralmente se liga ao verbo. Não usa como pronome possessivo. No discurso masculino é "ury".
Ay iriwakata ukakuara y+a tairapu.
Ele volta outra vez na casa de sua filha.
Aynan y+awachimui ya memɨramuki.
Só ela chegou com seu filho.
Yukun waina uriui aymuki.
Essa mulher veio com ele/ela.
Ai.
Ai: ele; ela, o, a. Terceira pessoa do singula Objeto do discurso feminino. No discurso masculino é "uri".
Ya.
Ya: seu, sua. Referem-se à terceira pessoa do singular do discurso feminino. No discurso masculino é "RA".
Ya kiwi utsu umiai maniapuka warika wapurukuara.
Seu primo vai ver quando subir na lancha.
Ya ima erurai y+a marira Manauka marira kamatatara.
Seu primo traz ele para Manaus para trabalhar.
Y+a tsakɨta kuchi ay yaepetsui wakaya.
Ele/ela corta o porco e logo reparte.
Ene.
Ene: tú. Segunda pessoa do singular, forma longa. Este pronome se pode usar em função de sujeito e objeto. É usado por homens e mulheres.
Awatipa yay ene?
Quem é tu?
Rai ene tsetai uchima marira y+apurachitara.
Se tu quiser sair para dançar.
Ene y+awachimari ay na mirikua uchimari.
Tu chegando e tua mulher saindo.
Etse.
Etse: EU. Pronome de primeira pessoa do singular, forma longa, usado pelas mulheres. A forma curta é TSA.
Etse kukamɨe ay tsa mena yay tikuna.
Eu sou kokama e meu esposo é ticuna.
NA.
NA: TÚ, VOCÊ. Segunda pessoa do singular. Pode assumir funções de sujeito e objeto. Na fala do cotidiano, este pronome pode aparecer no verbo se tiver em função de sujeito. Namuki:com você, contigo.
Na ikua tsapu a kina?
Tu sabe soprar a quena?
Tsa tsetatsuri kakɨurɨi namuki.
Eu quis viver contigo.
NA.
NA: TU, TE, TEU,TUA. POSSESSIVO.
Na mirikua na tsapukitui.
Tua esposa te chamou.
TSA.
Tsa: EU. Primeira pessoa do singular do discurso feminino.
Ta ɨpɨtsa tsa utsu chikari uni.
Na noite eu vou buscar água.
Tsa: MIM, MEU. Pronome possessivo, primeira pessoa do discurso feminino.
Na utsu ukɨurɨu tsa ɨrɨkarikuara.
Tu vai dormir em meu mosquiteiro.
URI.
Uri: ele, ela; terceira pessoa do singular do discurso masculino, pronome de forma longa.
Uri iriwui a uka ra tairapu.
Ele voltou a casa de sua filha.
Titika uri y+awachimui ra memɨramuki.
Só ela chegou com seu filho.
Yukan waina uriui urimuki
Essa mulher veio com ele/ela.
Y+a.
Y+a: ele, ela, seu, sua (dele /dela). Terceira pessoa do singular, discurso feminino. Este pronome também pode aparecer ligado a seguinte palavra realizando-se como Y-. No discurso masculino é "RA".
Y+a y+awachimui ukakuara ya kuniapu.
Ele chegou na casa de sua irmã.
Y+a kumitsakatara ya pay+amuki.
Ela conversa com sua irmã.
Rawa.
Rawa: vai; vão. Forma exortativa. Termo usado por homem para construir ordem: [rawa, verbo utsu]. A segunda pessoa do singular está implícita. A segunda pessoa do plural deve se incluir depois de RAWA. Esta construção não funciona com primeira pessoa do plural.
Rawa na.
Vai tú.
Rawa tsukuta ra chiru.
Vai lavar sua roupa.
Rawa epe chikari ipia.
Vão vocês buscar lenha.
Yawa.
Yawa: vai; vão. Forma exortativa. Termo usado por mulheres para construir ordens: [yawa, verbo utsu]. A segunda pessoa do singular está implícita. A segunda pessoa do plural deve se incluir depois de YAWA. Esta construção nao funciona com primeira pessoa do plural.
Yawa tɨukɨita a ɨara.
Vai amarrar a canoa.
Yawa utsu ajantsui, utsukuaranan!
Vai embora daquí, fora!
Yawa, chikuarata a ya memɨra mari yuti utsun kupetara.
Vai, segue o seu filho que está indo plantar.
-MAKA.
-MAKA: PROIBITIVO, geralmente envolve a terceira pessoa do singular, “não pode fazer X”, "não vai". Sua função é prevenir que alguns eventos aconteçam no futuro próximo.
Ra ey+umaka ɨukɨi.
Ele não pode comer pimenta.
Ra tutukamaka yukan chiru.
Ela não pode lavar essa roupa.
Uri y+umatsarikamaka.
Ele não vai brincar.
-MAKA.
-MAKA: SUBORDINADO PROIBITIVO: “para que X não aconteça”.
Ai yai yawaparai marira mari a marakaya ey+umaka.
Ele se escapou para que o maracajá não comesse.
Y+anuka ɨukɨi marira mari yukan churankɨra ey+umaka.
Coloque pimenta para que esse menino não coma.
Ina a chikuaratai, raimaka ra y+apana.
Não o siga, se não ele corre.
Tɨkɨta a atawari marira yapanamaka.
Amarra a galinha para não correr.
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Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
Y+apai aputaka inupaka a Kurunaskha!!! Vamos destruir o Corona vírus!!!
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PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
WhatsApp: (97) 984226119
E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS - 2021.
MOVIMENTO SOCIAL DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO POVO INDIGENA KOKAMA DO BRASIL - MPKK
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sábado, 16 de janeiro de 2021

Remédios da Medicina Tradicional Indígena Kokama.

REMÉDIOS CASEIROS PARA ENGRAVIDAR:
Uxi amarelo.
Nome em Português: Uxi amarelo.
Nome em Kokama: Ushi iyun.
Nome científico: Endopleura uchi.
O tratamento para engravidar é feito com a casca da árvore nativa da Amazônia, chamada Uxi amarelo. O chá de Uxi amarelo é utilizado para tratamento de miomas, ovário policístico, inflamação uterina, candidíase, artrites e até infecções bacterianas. Por isso, o chá passou a ser utilizado como uma alternativa natural para aumentar a fertilidade.
Unha de gato.
Nome em Português: Unha de gato.
Nome em Kokama: pɨtsape mishu.
Nome científico: Uncaria tomentosa.
A Unha de gato é uma planta trepadeira, também nativa da Amazônia que ajuda na fertilidade da mulher. Essa planta possui compostos anti-inflamatórios, imunoestimulantes e até anticancerígena e, por isso, já é utilizada em tratamentos de amigdalites, artrite, sinusite, bursite, rinite e problemas digestivos. Diversos estudos que demonstram as propriedades anti-inflamatórias da planta, principalmente em doenças como a osteoartrite e a artrite reumatóide.
Inhame.
Nome em Português: Inhame.
Nome em Kokama: Kará Iniame.
Nome científico: Dioscorea.
O inhame passou a ser utilizado para ajudar na fertilidade devido a grande quantidade de diosgenina presente em sua composição. Essa substância é convertida na molécula DHE, que é responsável pela a síntese de vários hormônios como a progesterona, o estrogênio e a testosterona. Por isso, muitas pessoas passaram a associar essa função de equilibrar os níveis de hormônios à possibilidade de estimular a fertilidade. O cará, caranambu, caratinga, cará-de-folha-colorida, cará-liso, cará-de-pele-branca ou inhame-cará é um tubérculo cultivável pertencente a várias espécies da família das dioscoreáceas. O padre José de Anchieta (1534-1597) menciona o cará em seus escritos, louvando seus valores. Como hortaliça, o cará é um alimento energético. Também se destaca como fonte de vitaminas do complexo B. Não há conversão de diosgenina em DHEA no corpo humano. Além disso, o próprio uso do DHEA em pacientes inférteis é muito controverso, essa molécula não possui efeitos na melhora dos tratamentos relacionados à reprodução.
Maca peruana.
Nome em português: Maca peruana.
Nome em Kokama: Maka-maka.
Nome científico: Lepidium meyenii.
Esse vegetal nativo do Peru se tornou conhecido por aumentar o apetite sexual, promover mais energia, aliviar o estresse e ser fonte de vitamina E, importante para a produção de hormônios sexuais. "Do ponto de vista científico, embora promova a melhora da qualidade do sêmen, as evidências de que a maca peruana pode ajudar a engravidar.
Jasmin-Manga.
Nome em português: Jasmin-Manga.
Nome me Kokama: KATSMIN.
Nome científico: Plumeria rubra.
Água agoniada para engravidar:
O chá feito com a planta Agônia ou Jasmin-Manga é conhecido por regular o ciclo menstrual e ajudar na estabilidade das taxas hormonais e, por isso, também é utilizado por mulheres que desejam engravidar. Faz-se garrafada também de Jasmin-Manga.
Existem garrafadas são misturas de ervas que são muito populares em nossa região para ajudar na gravidez.
Para aumentar as chances de gravidez, deve-se evitar doces e carboidratos refinados, como farináceos: pão, macarrão, massas, bolos, etc. E aumentar a ingestão de gorduras poli-insaturadas e ricas em ômega 3 como salmão, atum, abacate, castanhas, amêndoas.
Vitaminas antioxidantes, como as vitaminas C e E, podem melhorar a qualidade dos óvulos e espermatozoides. Mais recentemente, muitos estudos mostraram também a importância da vitamina D para melhorar a fertilidade e diminuir riscos de aborto precoce e pré-eclâmpsia.
Portanto, é importante reduzir a carga de estresse. Quando os pacientes sentirem que estão muito estressados, ou que o desejo de gravidez é grande demais e o bebê que ainda não veio está causando sofrimento exagerado, devem procurar técnicas de relaxamento ou apoio psicológico. Seja qual for a escolha, diminuir essa sobrecarga emocional facilitará a gestação.
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2ª ASSEMBLÉIA GERAL DOS MOVIMENTOS DO POVO KOKAMA 2020.

2ª ASSEMBLÉIA GERAL DOS MOVIMENTOS DO POVO KOKAMA.
COMUNIDADE MURIA, TONANTINS, 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2020.
BASE TRADICIONAL DO POVO KOKAMA:
1 – TABATINGA;
2 – BENJAMIN CONSTANT;
3 – SÃO PAULO DE OLIVENÇA;
4 – AMATURÁ;
5 – SANTO ANTONIO DO IÇÁ;
6 – TONANTINS;
7 – JUTAÍ;
8 – FONTE BOA;
9 – TEFÉ.
ORGAOS MAIORES REPRESENTATIVOS DE NOSSO POVO KOKAMA:
1 – ORGANIZAÇÃO GERAL INDÍGENA DOS CACIQUES DAS COMUNIDADES DO POVO KOKAMA – OGCCIPK;
2 – FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMI-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA – TWRK.
QUAL O NOME DO EU VERDADEIRO KOKAMA?
Os demais povos do planeta preservam o nome das pessoas, mas no nosso costume Kokama nós traduzimos os nomes de nossos membros em Kokama e traduzimos quaisquer palavras, como dizem nossos avôs, nós Kokamizamos os nomes das pessoas para deixar ela mais forte ancestralmente, pois não podemos divulgar os nomes de nossos animais de proteção como nossos nomes pessoais (arcanas: animal de proteção).
Todos nós Kokama temos o nosso nome do “Eu verdadeiro” escrito em Kokama. Todos os nomes trocam na língua Kokama, exceto nomes como Ana, Maria,..., pois esses nomes existem em nosso vocábulo. Ou seja, seu EU verdadeiro é a sua proteção. Vamos dar alguns exemplos de nomes traduzidos em Kokama:
• Anselmo: Antseumu.
• Augustinho: Aukutstinio.
• Edney: Etinei.
• Frederico: Piririku.
• Guilherme: Wirimi.
• Joana: Kuana.
• José: Kutse.
• Juan: Kuan.
• Levi: Rewi.
• Magdalena: Mararina.
• Maria das Graças: Maria Kratsiapu.
• Miguel: Mijiri.
• Rosa: Rutsa.
• Silvia: Tsiuwia.
• Zilza: Y+iuy+a.
Assim, todos os nomes das pessoas são traduzidos em Kokama, mas a preferência é para o indígena Kokama que precisa conhecer seu verdadeiro nome Kokama. Caso não traduzir a palavra, acrescentamos o morfema “–shka” para preservar a palavra em questão, exemplo, AVENIDA, preservando a palavra de origem, ficaria “AVENIDASHKA”. Mas esse caso não se aplica aos nomes de pessoa Kokama, que deve ser traduzido por um ancião que sabe os nomes verdadeiros em Kokama.
QUAL O SIGNIFICADO DAS NAÇÕES KOKAMA?
As nossas nações eram a forma de saber os ofícios, dons e atribuições das famílias nas Comunidades Kokama. E muitos dessas nações foram registrados em Cartórios ou Cúria batismais como sobrenomes de gente não indígena. Hoje conhecemos as nações pelos os sobrenomes, mas nesse texto, vamos mostrar um pouco do significado de algumas nações:
• AWANARI: provém de “gente”. Hoje a família Ahuanari. Era nação de agricultores.
• AKɨKɨTUARI: provém de “onde aparece macaco grande”, AKɨKɨ TUA. Hoje a família AQUITUARI. Era a nação responsável pelas danças com fantasias (carnaval).
• ARIMUYA: provém de “espécie de bodó”. Hoje a família Arimuia. Era nação de pescadores de lagos.
• ARIRAMA: provém de “pato agulha”. Hoje a família Arirama. Era nação de caçadores. Espertos atiradores de arco e flecha.
• INUMU: provém de “agulha”, INUMU. Hoje a família INUMA. Era nação dos costureiros e tecelões de tecido.
• KARITɨMA: provém de “os que não varrem”, Kari tɨma. Hoje a família CARITIMARI. Era nação dos ceramistas.
• KUMATA: provém de “peneira ou coador”, KUMATA. Era nação responsável de criar material e instrumento de beneficiamento de farinha de mandioca e outros insumos.
• KURIKU: provém de “dinheiro”, KURIKI. Hoje a família CURICO. Era a nação responsável para derreter ouro, faziam dentes de ouro e moedas.
• KURITIMA: provém de “empachado”, KURITIMA. Hoje a família CURITIMA. Era nação responsável de fazer bebidas fermentadas para as festas e ajuris.
• MAITAWARA: provém de “sou espírito”, MAITAWARA. Hoje a família MAITAHUARI. Era nação dos médicos tradicionais que curavam soprando.
• MANIWARI: provém de “peixe liso”. Hoje a família Maniwari. Era nação de pescadores de rio. E grandes cozinheiros.
• MURAYARI: provém de “fruta muraiare”. Hoje a família Muraiare. Eraa nação de coletores de frutas. E grande ajudante nas cozinhas.
• PAKAYA: provém de “Pacas”. Hoje a família Pacaio. Era nação de caçadores e conhecedores de pagadas nos caminhos. Famílias peritos em camuflagem e observação na floresta. E também tocadores de maracás.
• TAMANI: provém de TAMANU, tamanduá. Nação Tamanduá. Hoje família TAMANI. Era nação de caçadores. Famílias peritas em armadilhas de caça e de guerra. E também tocavam tutu nas festas.
• TAPIAYURU: provém de BOCA DE INDIGENA, Tapɨya yuru. Nação BOCA DE INDÍGENA. Hoje a família TAPAYURI. Era nação de guerreiros que usavam sarabatanas para guerra. Família que faziam a proteção da Comunidade, de territórios e lagos. E também eram grande flautistas.
• TSAIKATA: provém de “onde estão os meus dentes da frente”, Tsai kata. Hoje a família YAICATE. Era nação que faziam fumos, cachimbos, pilavam folha seca de coca, responsáveis pelos materiais que seriam usados pelos pajés. Família que arrancavam os dentes da frente para mostrar que eram guerreiros dos pajés.
• TSAMIA: provém de “vieram da folha”. Hoje a família Samias. Nação patriarcal do povo Kokama. Nação dos lideres tradicionais. Família estrategista que usavam conhecimentos dos astros e dos espíritos da floresta para ensinar o bom viver de todos e saber se preparar para o futuro. Eram grandes conhecedores da Ayahuasca.
• UPARI: provém de “Sardinha”. Hoje a família UPARI. Nação de guerreiros que faziam a proteção dos pescadores. Espertos nadadores e mergulhadores.
• WARATAPAI: provém de “adorno do tio”, WARATA PAI. Hoje a família HUARATAPAIRO. Nação responsável para fazer os cocáres e amuletos tradicionais. Andavam com os caçadores para aproveitar as penas, ossos e dentes para amuletos. Era grande escultores de madeira.
• WAYNAKARI: provém de “onde estão às mulheres”, Waina Kari. Hoje a família HUAYMACARI. Nação de guerreiros. Família responsável para guerra e proteção das Comunidades. Família que faziam proteção pessoal das lideranças e suas famílias. Especialista em anatomia humana para defesa pessoal, especialistas em arco e fecha e em confrontos corporais.
• YAWARAKANA: provém de CACHORROS, Yawarakana. Nação CACHORROS. Hoje a família YAHUARCANI. Essa nação que adestravam animais para caça e cuidados dos territórios. Eram especialista de busca na floresta.
• YUEMACHI: provém de FERRO, Yuema. Hoje a família YUIMACHI. Era nação que dominava o derretimento de ferro em altas temperaturas para fazer ponta de arpão, flecha, facas, espadas e etc.
Daí desses nações saíram os sobrenomes que hoje são os Kokama no Brasil, Peru e Colômbia, alguns permaneceram com sobrenomes e outros foram trocados devido desconhecimento do cartório ou de cúria batismal ou simplesmente camuflagem social ou vergonha da identidade indígena.
QUAIS SÃO AS NAÇÕES DAS FAMÍLIAS KOKAMA ATUALMENTE?
Vamos apresentar o levantamento de nossos clãs que hoje são os sobrenomes dos indígenas Kokama:
Sobrenomes tradicionais Kokama (Kukamɨe-Kukamiria) modificados pelo esbranqueamento político de integração, catequização, perseguição, fuga, camuflagem, expulsão e por negação de identidade indígena Kokama.
NAÇÃO TRADICIONAL MILENAR VARIAÇÕES, MODIFICAÇÕES OU ADAPTAÇÕES:
1 - ACHO:
Provem de “os que fazem colar, amuletos, etc.”
Abeldo, Abeldos, Acho, Alho, Anjos, Ataíde (família modificada no Peru), Barbosa, Da Paz, Dos Anjos, Hacho (família modificada no Alto Solimões), Paz.
2 - AKITUARI:
Provém de “onde aparece macaco grande”, AKɨKɨ TUA”.
Amarantes, Aquituari, Arévalo (Amaturá), Arevalo (família modificada no Peru), Da Gloria, De Freitas, De Matos, De Moura, De Oliveira, Dias, Domingo, Dones, Freitas, Gloria, Matos, Moura.
3 - ARINKA:
Provém de “os que fazem pulseira”.
Alencar, Alenga, Alengar, Alinca, Alinga, Arinca, Aringa, De Oliveira, Oliveira, Peres (família modificada no Amazonas), Sena.
4 - ARIMUYA:
Provém de “espécie de bodó”.
Arimui, Arimuia, Arimulla, Arimuya, Renchecho (Amaturá), Restrepo, Ricopa, Rios, Rivera, Rocha, Rojas, Romaina, Rosas, Rubem, Rubim, Rufino, Ruiz, Sajamir, Saldanha, Salvino (Tabatinga), Sambrano (Alto Solimões).
5 - ARIRAMA:
Provém de “pato agulha”.
Andrade (São Paulo de Olivença), Araújo, Arcanjo (São Paulo de Olivença), Ariano, Arirama, Aryrama, Asiole (Atalaia do Norte), Fortes, Harirama, Passarinho, Virgilio.
6 - AWANARI:
“Provém de “gente”.
Abensur, Aguiar (família de Tabatinga), Aguilar, Ahuanare, Ahuanari, Ahuanari, Aimane, Albam, Alcinez, Alencar, Almeida, Alves (Jutaí, Tabatinga e Amaturá), Amacifem, Amorim. Anastacio, Andi, Asipali, Assis (Tabatinga), Auanare, Auanari, Auanarin, Auanario, Auanaris, Auanaryo, Awanare, Awanari, De Aguilar, De Almeida, Januário (família do Amazonas).
7 - INUMA:
Provém de “agulha”, INUMU.
Babilônia (Tabatinga), Balieiro (Amaturá), Ballejo (Santo Antonio do Içá), Bancho, Banis, Bardalhes, Barros, Bentes, Bento (Amaturá), Bezerra, Braga (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Brota, Dávila, De Araujo (Tabatinga), Fabá (família modificada no Alto Solimões), Faba, Hinuma, Inuma, Paiva, Paredes, Parente, Patricio, Pedrosa, Pedroza, Pena, Penedo, Penha (Tabatinga), Peso, Pinedo, Pinheiro, Pinto, Pipa, Pisco, Pissango (Atalaia do Norte), Plascido, Portilho (Atalaia do Norte), Prisco.
8 – IWARAKI:
Provem de “varar, atravessar uma embarcação de um corpo de água a outro.
Auaraqui, Erazo (Tabatinga), Eufrazio (Amaturá), Façanha, Fancho, Faria, Fatama, Felipe, Fermino, Fidelis (Amaturá), Filomeno, Flores (Atalaia do Norte), Franco, Garcia, Germana, Germano, Gomes, Ihuaraqui, Leão, Leon (família modificada na Colômbia).
9 – KANAKIRI:
Provém dos que fazem fogueira e responsável pela lenha.
Batalha (família modificada no Alto Solimões), Canaquiri, Gean, Huance, Huane, Huanse, Huanuiri, Huarin, Huayta, Icahuate, Icomena (Amaturá), Inácio (Amaturá), Inaquiri, Inuma, Izuisa, Jaramillo, Jean, Junio (São Paulo de Olivença).
10 - KARITIMARI:
Provém de “os que não varrem”, Kari tɨma.
Batista (família modificada no Alto Solimões), Caraquia, Caritima, Caritimari, Carvalho (Tonantins), Chaves, Chistama (Tabatinga), Chujutadi, Chuquival, Gordom, Graça (Tabatinga), Grande, Grandes (Tabatinga e Atalaia do Norte), Guedes (Tabatinga), Karaqui.
11 - KAWAMARI:
Provem “os que cuida do barranco”.
Caitano, Caetano, Cajueiro (Santo Antonio do Içá e Tabatinga), Carihuassari, Cariuasari, Cartimario, Castimario, Cauamari (família do Alto Solimões), Cauamary, Caumario, Felix (família modificada no Alto Solimões), Kawamario.
12 - KAWASHE:
Provém de que ficam sempre cuidando de longe.
Cahuache, Cahuachi, Cahuasa, Caldas, Canache, Canvache, Carcere, Cardena, Cartilho, Caruacare, Casado (Tabatinga), Casara, Castilho (família do Alto Solimões), Castillo, Castro (Amaturá), Catique, Cauaça, Cauache, Cauachi, Cauamare, Cauasa (Tabatinga), Cauates, Cavaca, Cavalcante, Chachari, Chanchari, Chauchare, Chauchari, Cuasabe, Cuespan, Fassave, Favache, Vela, Velas (modificado no Alto Solimões), Xanchare.
13 - KUMATA:
Provém de “peneira ou coador”, KUMATA.
Cobos, Coelho, Comapa, Cooper (Kokama com Americano), Coral, Correa (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Costa, Couto (Santo Antonio do Içá), Cumapa, Cumata, Da Costa, Dos Santos, Giral, Girão, Santos.
14 – KURIKU:
Provém de “dinheiro”, KURIKI.
Curica (família modificada no Alto Solimões), Curico, Curicu, Curique, Kurico, Pua, Silvano.
15 – KURINUKI:
Provém de Coruja.
Castelo Branco, Curinuque, Curinuqui, Neves (família modificada no Alto Solimões), Orinoco, Orinuque, Urinuque.
16 – KURITIMA:
Provém de “empachado”, KURITIMA.
Clarindo (Casamento entre Kokama e Tiwiru - Peru). Conceição, Curitima, Da Conceição.
17 - MAITAWARI:
Provém de “sou espírito”, MAITAWARA.
Lancha, Laranja (Santo Antonio do Içá), Laranjeira, Laurente, Leitão, Leite, Leonardo, Linares (Atalaia do Norte), Linhares, Lomas, Lopes, Lozada, Lucas, Lujan (Tabatinga), Maitahuari, Maitauari, Maytahuari.
18 - MANIWARI:
Provém de “peixe liso”.
Estrela, Estrella, Manauare, Manicuara, Manihuari, Maniuari, Maniwara, Maniware, Martins.
19 – MURAYARI:
Provém de “fruta muraiare”.
Alvarez (modificada na Colombia), Marichin (modificada na Colombia), Marin, Marinho (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Marite, Marques (Santo Antonio do Içá), Marquez, Martines, Marulanda (Tabatinga e Colombia), Maytahuari, Medina, Melo (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Mendes (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Menezes (Santo Antonio do Içá), Miller (Kokama com Alemão), Moçambite, Montalvão (São Paulo de Olivença), Montes, Moraes (Tabatinga), Moraiari, Morais, Morales, Moralles (Santo Antonio do Içá), Moreira, Moreno, Mourão, Mozombite, Muraiare, Muraiari, Murayare, Murayari.
20 – MARIKAWA:
Provem dos que fazem abano, rede e etc.
Aricaia, Maricagua (família modificada na Colômbia), Maricagua, Maricaua, Moraes (família de Tonantins), Morais, Moreira, Neves (Amaturá), Nilo, Niveira, Nogueira (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Nogueira, Noriega, Nube, Nunes (Santo Antonio do Içá), Nunhes, Oliveira, Pereira, Pinto, Prado (Santo Antonio do Içá), Quicube, Rabelo, Ramos, Ramos, Reategue (Kokama com Frances), Reateque, Rego, Seabra.
21 – MANUYAMA:
Provém dos que são madrugador, que fazem flauta e demais instrumentos musicais de couro.
Guerreiro, Guerrero, Guimarães (Amaturá), Haiden, Hayden, Hilario (Kokama com Caixana), Maca, Macahuachi, Machado (Fonte Boa), Macuiama, Macuyama, Mafra (Santo Antonio do Içá, Amaturá e São Paulo de Olivença), Magalhães (Alto Solimões), Maia, Maita, Malafaia (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Maldonado (Kokama da Colombia), Mananita, Manrrique, Manuiama, Manuyama, Mapiama, Marcelo, Mora (modificada na Colômbia).
22 – NAWAPA:
Provém de um rio no Peru chamado de Nawapa.
Cruz, Da Cruz (mudados por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Da Silva, Nahuapa, Nauapa, Nuapa, Silva.
23 - PAKAYA:
Provém de “Pacas”.
Barroso (família do Amazonas), Fermin, Fermino, Firmin, Pacaia, Pacaio, Paima, Panduro, Sampaio (família do Alto Solimões), Simão (mudado por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Vieira.
24 - RARANIAKA:
Provem dos que cozinhavam. Uraraka em português é ferver.
Laranhaga (família modificada no Amazonas), Alaranhaga, Aranhaga, Naranhaga, Raranhaga.
25 – TAMANI:
Provém de TAMANU, tamanduá.
Talecio, Talexio, Tamabio, Tamaio, Tamane, Tamanho (família modificada no Alto Solimões), Tamani, Tango, Tangoa, Tavares, Tinoco, Torres, Tourinho, Trindade, Tuisima.
26 – TANANTA:
Provém de família GRANDE.
Cordeiro, De Souza (modificada por padrinho), Macedo (família do Alto Solimões), Pevas, Souza, Tananta, Tenazoa, Tenazor (Kokama com Ticuna).
27 - TAPAYURI:
Provém de BOCA DE INDIGENA, Tapɨya yuru.
De Sá, Freire, Mansão, Monsão, Mosão, Rangel (modificada por patrão no Alto Solimões), Sá, Tapaiuri, Tapayuri.
28 – TAPUYIMA:
Provém de responsável pelas panelas.
De Lima, Ipuchima (família do Alto Solimões), Lima (família modificada por patrão no Alto Solimões), Tapuchima, Tapulima, Tapullima, Tapurima.
29 - TERU:
Provém dos que lavram canoas.
Delson, Dionizio, Ferreira, Telles (família do Alto Solimões), Tello, Telo.
30 – UPARI:
Provém de “Sardinha”.
Aparício (modificada por padrinho no Alto Solimões), Apuri, Danta, Dantas, Reis (família de Tabatinga), Upare, Upari.
31 – WAIKAMA:
Provém dos que fazem tecido de palha, tururi, tucum e algodão.
Carmo, Do Carmo, Huaycama, José, Uaicama, Waicama.
32 - WARATAPAI:
Provém de “adorno do tio”, WARATA PAI.
Huaratapai, Huaratapairo, Waratapai, Waratapay.
33 - WAIMAKARI:
Provém de “onde estão às mulheres”, Waina Kari.
Aracari, Aricari, Aricuarima, Gastão, Haimacario, Huaimacario, Huaymacari, Macario, Oaymacario, Pires, Rios (família do Alto Solimões), Roque, Taricuarima, Taricuaryma, Uaimakari, Uainakari, Zangama.
34 – WANAKIRI:
Provém os que cobrem uma casa e paredes.
Anaquiri (família do Alto Solimões), Anaquiry, Canaquia, Cantaga, Catachunga, Huanaquiri, Manaquiri.
35 - YAIKATE:
Provém de “onde estão os meus dentes da frente”, Tsai kata.
Aicate, Andrade (família do Alto Solimões), Andrades, Sabino, Servalho, Sevalho, Vilcher, Vilsher, Yaicate, Yaikati, Zaicate.
36 - YAKURI:
Provém “dos que mastigam”.
Y+akury, Zaguri (família do Alto Solimões), Zagury.
37 – YARIKAWA:
Provém de Jaraqui
Aricaua, Iaricaua, Yaricahua, Yaricaua, Zaricaua.
38 - YAWARKANI:
Provém de CACHORROS, Yawarakana.
Auarcani, Lopes (família de Tabatinga). Yahuarcani.
39 - YUIMACHI:
Provém de FERRO, Yuema.
Fumachi, Rimachi, Rimate, Soplim (família de Atalaia do Norte), Soplin (família modificada no Peru), Yuimachi.
40 – YUMAITA:
Provém dos que são os que correm grandes distancia mensageiros.
Brandão, Frazão, Jumbato (família modificada no Alto Solimões), Sumaita, Tsumaita, Yumbato, Zumaita.
41 – YUYARIMA:
Provém dos que fazem veneno para caçar e se purificar.
Basto (família modificada na Colômbia), Vadid, Valderrama, Valera, Vaneo, Vegara, Vela, Viana, Villar, Wadick, Yaycate, Yuiarima, Zuiarima, Zumba.
42 - SHUNIA:
Provém do Caferana.
Acuña (modificada por padrinho na Colômbia), Acunha (modificada no Alto Solimões), Acunia, Chunha (família do Alto Solimões), Chunia.
43 - SHUTA:
Provém dos que constroem cercados de casas.
Albuquerque (mistura de branco com Kokama), Chota, Mota, Nazario, Pascoal (modificada por padrinho no Alto Solimões).
44 - TSAMIA (Nação patriarcal Cacicado Geral):
Provém dos vocábulos tsa ‘folha’ e miri ‘pequeno’. Ou mia, hipótese, “que possível veio da folha”. Acredita-se que o Kokama veio da árvore e que esse clã foram os primeiros homens Kokama tirado da arvores.
Amia, Amias, Amías, Bandeira, Basques, Bastos (Amaturá), Do Nascimento, Falcon (modificada na Colombia), Gama, Gonçalves, Guerra, Isidoro (família do Alto Solimões), Komaina, Lucas, Luciano (modificada no Alto Solimões), Maurício, Miranda (mudadas por padrinhos não-indígenas no Alto Solimões), Moreno (modificada na Colombia), Nascimento, Padilha, Pucas, Ramires, Ramirez, Ramiro, Reis (Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antonio do Içá), Rengifo, Ribeiro, Rodrigues, Romaina, Samia, Samias (família do Alto Solimões), Samires, Samiria, Samiro, Sammp, Sampaio, Sanches (Amaturá), Sanchez (Amaturá), Sandoval, Sangama, Santa, Santana, Santiago, Saquiray (Kokama com Japonês), Saraiva, Sarate, Satiro, Serpa, Serras, Shahuuano, Sias, Silveira (Amaturá), Silviane, Sinarau, Sintras, Soares (Amaturá), Suarez, Taite, Tsamia, Vargas, Vasques, Vasquez.
Hoje em dia muitos Kokama (Kukamɨe-Kukamiria) também levam sobrenomes que foram incorporados em diferentes momentos de nossa historia, famílias de origens do Alto Solimões e alguns específicos de uma determinada cidade, que foram mudados ou adaptados em Cartórios ou Cúria Batismal. Muito desses sobrenomes são os Kokama do Alto Solimões modificado em razão da Colonização ou razão de pressão de preconceito com visinhos. Alguns sobrenomes são específicos de um município de origem.
Exigimos que o governo reconheça nossa identidade indígena e reconhecimento indígena Kokama (Kukamɨ-Kukamiria) originadas dos clãs que atualmente são os sobrenomes que confirma a nossa linhagem, através da autodeclaração acompanhada da heteroidentificação da Comunidade de origem ou declaração/atestado do Cacicado dos diversos níveis da hierarquia tradicional ou pessoa jurídica Kokama.
QUAL OS NUMEROS, ALFABETO, CORES E CONSTRUÇÃO EM KOKAMA?
Vamos mostrar como é o nosso numero, nosso alfabeto, nossas vogais e as nossas cores em Kokama. Todos os grafismos são figuras geométricas boas para usar na aula de matemática, e em aula de arte todo o artesanato e cerâmica nos dão uma boa aprendizagem.
COMO CONTAMOS NOSSOS NÚMEROS?
Nós temos nossa própria forma de contar os números em Kokama. Vamos divulgar para a sociedade envolvente aprender um pouco sobre nossos números:
• 0 – Tsiru [Ciru];
• 1 – Wepe;
• 2 – Mukuika;
• 3 - Mutsapɨrɨka [Mutsapurka];
• 4 – Iruaka;
• 5 – Pichka [Pitika];
• 6 – Tsokta [Sokta];
• 7 – Kantsi [Kansi];
• 8 – Putsa [Pusa];
• 9 – Itskun [Iskun];
• 10 – Chunka [Tchunga];
• 20 – Mukuika Chunka;
• 55 – Pichika Chunka Pichka;
• 98 – Itskun Chunka Putsa;
• 100 – Pacha;
• 200 – Mukuika Pacha;
• 555 – Pichka Pacha Pichka Chunka Pichka;
• 998 – Itskun Pacha Itskun Chunka Putsa;
• 1000 – Wepe Waranka [Uipi uaranga];
• 20.000 – Mukuika Chunka Waranka;
• 50.500 – Pichk Chunka Waranka Pichka Pacha;
• 1.000.000– Wepe Miyun [Uipi midiun].
Sabemos contar todos os números em Kokama, que podemos dizer as horas, a idade, os dias, os meses e os anos. E temos ciência como quantificar as coisas com nossos números em Kokama.
QUAL O NOSSO ALFABETO KOKAMA?
O nosso alfabeto Kokama foi aprovado pela Federação TWRK em Assembléia geral, com falantes maternos e Professores Kokama, no município de Tabatinga, no dia 05 de fevereiro de 2017. Ficando assim aprovados 20 letras. Algumas letras não equiparam a nenhum grafema de português por isso usamos dígrafos ou com sinais, estamos falando em língua Kokama e não portuguesa, nós somos os donos de nossa língua:
• A (á)
• CH (txe) – algumas vezes tem som da letra T.
• E (ë)
• I (í)
• ɨ (ü)
• J (ra) – tem som de dois R.
• K (ca) – algumas vezes tem som da letra G.
• M (me)
• N (ne)
• O (ó)
• P (pe) – algumas vezes tem som da letra B.
• R (re)
• Sh (chá)
• T (te) – algumas vezes tem som da letra D.
• TS (Sá)
• U (ú)
• W (ué) – algumas vezes tem dom da letra F, B ou U.
• Y (ié) – algumas vezes tem som da letra C, da letra I, da letra D.
• NI (nhá)
• Y+ (zá)
Com nosso alfabeto Kokama escrevemos e falamos todas as nossas palavras.
QUAL O NOSSO VOGAIS KOKAMA?
As nossas vogais Kokama ficaram assim descritos, seis letras:
• A (á)
• E (ë)
• I (í)
• ɨ (ä, ë, ï, ɨ, ö, ü)
• O (ó)
• U (ú)
As nossas vogais ajudam a formar as palavras Kokama com calma e sabedoria.
LÍNGUA MASCULINA E LÍNGUA FEMININA?
No idioma Kokama temos duas divisões de caráter biológico, existe fala que só a mulher pode falar e o homem deve compreender mais não pode falar e assim vice-versa. Ou sejam, a língua masculina e a língua feminina:
EU (1ª pessoa do singular): FEMINIMO: TSA, ETSE. MASCULINO: TA.
TU (você): FEM/MASC: NA.
TU: (2ª pessoa do singular forma larga): FEM/MASC: ENE.
NÓS (1ª pessoa do plural exc.): FEMINIMO: PENU. MASCULINO: TANA.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular forma curta): FEMINIMO: YA. MASCULINO: RA.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular forma longa): FEMINIMO: AI. MASCULINO: URI.
ELE/ELA (3ª pessoa do singular objeto): FEMINIMO: AI. MASCULINO: URA.
ELES/ELAS (3ª pessoa do plural): FEMINIMO: INU. MASCULINO: RANA. Variante: RANU.
VOCÊS (2ª pessoa do plural): FEM/MASC: EPE. Variante: IPI.
ESTE/ESTA (demonstrativo próximo): FEMINIMO: AJAN. MASCULINO: IKIAN.
ESSE/ESSA (demonstrativo distante): FEMINIMO: Y+UKUN. MASCULINO: Y+UKAN.
OUTRO/OUTRA: (demonstrativo infinito): FEMINIMO: YAMA. Variante: YAMUA. MASCULINO: RAMA. Variante: RAMUA.
TODOS/TODAS: FEM/MASC: UPI.
Marca de plural: FEMINIMO: -NU. MASCULINO: -KANA.
Desta maneira: FEMINIMO: AJAYA. MASCULINO: IKIAKA.
Assim: FEMINIMO: YA. MASCULINO: RIA.
Também: FEMINIMO: YAI. MASCULINO: RIAI.
Pois: FEMINIMO: IYAN. MASCULINO: URIAN.
Então: FEMINIMO: YAEPE. MASCULINO: RAEPE.
Depois: FEMINIMO: YANTSUI. MASCULINO: RIANTSUI.
Depois disso: FEMINIMO: YAEPETSUI. MASCULINO: RAEPETSUI.
Ficarão para outro trabalho as partes do corpo humano, pois todas as partes do corpo têm nome na nossa língua Kokama, os órgãos, vísceras, artérias, veias, nervos, tendões e músculos, tudo tem nome em kokama, assim também temos os nomes das plantas, dos animais, dos peixes e de tudo, mas fica para um próximo momento.
QUAIS SAO AS NOSSAS CORES (KUATIARAYA) EM KOKAMA?
Também todas as cores nós falamos em nossa língua Kokama, vejamos alguns exemplos:
• Amarelo = Eyun, variante Ey+un, IY+U.
• Branco= Tini
• Preto= Tsuni
• Azul= Tsenepukan
• Roxo= Karakuaratsan, variante KARATSUMA
• Vermelho= Tururukan (tururucan), variante TURURUKA
• Laranja= Pɨtaniwatsun
• Roseo= Tiwɨy+un (tiwüzun), variante TIWɨYUN
• Verde= ɨkɨratan, variante ɨkɨra
• Verde Claro= Tiwɨtsuɨkɨratan
• Marrom= Tewey+u
• Cinza= Tsawe
Quando a gente entende as cores das coisas em Kokama começamos entender melhor a nossa língua Kokama.
COMO É A NOSSA OCA KOKAMA:
Cada parte de uma casa (Uka) Kokama tem um nome em Kokama.
• Chipati: cumeeira de palha.
• ɨwatata: barrote, poste, esteio, pilar.
• ɨwɨtira: poste (âmago).
• Pɨeta tupa: escada.
• Tsatsapara churan: ripa.
• Tsatsapara ipukun: tipo de viga.
• Tsatsapara miri: sobre viga.
• Tsatsapara nuan: viga grossa.
• Tsatsapara: viga.
• Uka ɨwatata: coluna, poste.
• Uka tsɨma: parte externa da casa.
• Uka y+apɨra ɨwa: cumeeira da casa.
• Uka Y+arakanuara: caibros.
• Uka y+uru: parte posterior da casa.
• Ukara: pátio.
• Ukatsa pariata: teto de palha.
• Ukatsa: teto.
• Y+akina petse. Variante: Yakina petse: janela.
• Y+akina. Variante: Yakina: porta.
• Y+arakanuara wɨkata. Variante: Yarakanuara wɨkata: resistência da base.
• Y+ura. Variante: yura: piso da casa (piso de pachiúba).
• Y+uta. Variante: Yuta: parede.
• Y+ura ɨwatata: base do piso.
Antigamente, quando existiam os primeiros Kokama, nós habitávamos um modelo arquitetural próprio, era uma oka grande (uka nuan) no meio da comunidade e as demais oka menores (uka misha) ao redor da oka grande, ao todo eram 7 casas pequenas e uma grande ao centro. Sendo que, as casas pequenas eram para os afazeres diários, para os ofícios de cada família (nação) e a casa grande era para todos dormir, todos passarem a noite. Ninguém dormia nas casas pequenas.
Não podia cortar os cabelos das crianças, quando a criança homem completava sete anos de idade, eles faziam o ritual de pelação do novo guerreiro, faziam varias tranças no cabelo, cada participante da comunidade dava um presente, a mexa de cabelo da coroa da cabeça era cortado por ultimo, pelo casal que seria uma espécie de padrinho da criança e que daria um presente de maior valor para a vida da criança.
As meninas só cortavam as pontas dos cabelos aos sete anos de idade, ritual da corta de ponta do cabelo e cortar dos cabelos da nuca, mas não carecava as meninas, depois de mais sete anos viria a primeira menstruação, nesta ocasião somente as mulheres podiam participar do ritual do primeiro sangramento, a menina ficava amarada por uma espécie da rede no oitão de uma das casas e os homens não poderia ver ou falar com a menina. Mas ficavam alguns guerreiros que eram escolhidos para ficar guardando pelo lado de fora dessa pequena maloca escolhida para guardar a menstruação, nesse caso varias mulheres ficavam dormindo com a menina na pequena casa.
Os meninos aos sete anos eram tirados da família para serem treinados pelos guerreiros e pajés ate os 14 anos de idade, nas artes de luta, de artesanato e de cura e só voltava para família quando estavam preparados para lutar e trabalhar.
As comunidades antigas eram de sete famílias, ou seja sete casas, assim aparecia novos casais e quando somava mais novos sete casais eles deveria ir buscar outro lugar para fazer mais sete okas e a comunidade anterior ia lá ajudar a construir a nova comunidade.
Na primeira comunidade kokama eles tinha um diamante que ficava numa caverna para chamar as novas comunidades, quando tocava uma vez, era para avisar que iriam fazer ajuri em alguma comunidade, colheita, construção, caça, era para ir os homens, artesãos, agricultores, caçadores, cozinheiros, pajés e etc., quando tocava 2 vezes era festa, casamento, nascimento ou velório, era para ir todos os moradores, e quando tocava 3 vezes era para ir para “guerra”, pois havia invasão ou ameaça, era para ir os guerreiros e guerreiras Kokama, dominadores de armas de madeira, dominadores de arma de metal, dominadores do fogo, dominadores de armadilhas, luta corporal, dominadores de veneno, antes de tudo, o pajé sempre fazia ritual de proteção a todos e o pajé ficava com outra equipe para proteger as mulheres que ficavam.
Segundo me contou o pajé supremo Maurício Moçambite, “nossa oka tradicional era um lugar que ligava nós e Deus, pois a ponta fina da maloca ligava a natureza pela ponta, ao tomar Yahuaska havia uma conexão com Deus, dentro da oka a conexão era mais fácil e ai ele mostrava onde estava a cura na natureza de alguma doença, ensinava cânticos de cura (ikara) e presumia o amanhã também, por isso nos existimos até os dias de hoje. Não podia ter abertura de nenhum lado, somente uma entrada, que era fechada por dentro, que havia uma forma de se esconder no oitão da oka em caso de surpresa de inimigos ou animal feroz”.
Hoje a oca grande (uka nuan) é local de aprendizagem, de ensinar fazer cerâmicas, fazer remédio de plantas, fazer armas de caça e pesca, dançar, treinar luta corporal com arma e sem arma, lugar de brincar, lugar de festa, lugar de oração, lugar reunião. Nossa oka grande é lugar tradicional de manter viva nossos saberes milenares.
COMO É A NOSSA COSMOVISÃO E O NOSSO RITUAL KOKAMA?
Antes de explicar sobre o ritual da Ayahuasca você precisa conhecer alguns termos que tem poderes ancestrais.
UM POUCO SOBRE A MEDICINA TRADICIONAL MILENAR KOKAMA
Neste texto vamos mostrar algumas palavras referentes à medicina tradicional Kokama que era proibido divulgar, ficando restrito aos pajés:
• Aitseta: enfeitiçar, embruxar.
• Aitset-ara Payu-Mai: Bruxo mal.
• Arkana: arcanas, proteção espiritual.
• Ikara: icaros, cantos curativos.
• Ikarapu: icaros, cantos curativos.
• Ikaru: icaros, cantos curativos.
• Ikuan Pay+umai: Bruxo sábio, Pajé nível 2.
• Ikuan: Sábio, Pajé nível 1.
• Kamatɨa: arcanas, proteção espiritual.
• Maria: oração.
• Mariata: rezar por alguém.
• Mutsana: Medicina Tradicional.
• Mutsanaka: curar um doente.
• Mutsanara: Medicina ou cura.
• Mutsanat-ara Pay+un: Bruxo bom, Pajé nível 5.
• Pay+u-mai: Bruxo, Pajé nível 4.
• Pay+un Ikuarin: discípulo da medicina tradicional.
• Pay+un: Bruxo, Feiticeiro, Xamã, Pajé nível 3.
• Pay+u-y+amimi: Pajé secreto de proteção. São pessoas nascidas com dons e treinadas pelos Taita de forma secreta e que todos desconhecem quem é, somente o Taita. Antigamente eles não poderiam registras com documentos. Alguns deles são Taita atualmente, outros entravam na floresta para ser tornar um ser encantado e continuar defendendo a todos. É o poder mais absoluto supremo da Medicina Tradicional.
• Putsanka: pusanga, feitiço para ficar com a pessoa desejada.
• Taita: médico tradicional, sábio-curandeiro poder superior quente, Xamã. Ultimo nível. Pajé nível 7.
• Tiutsu Muki Y+ara: Deus.
• Tsumi Payu-Mai: Bruxo que faz mal.
• Tsumi: sábio-curandeiro, Xamã, Pajé. Mas poderoso que Ikuan. Pajé nível 6.
• Tsuwana: curar chupando.
• Tsuwɨru: ciúmes, inveja.
• Umanu: Febre. Morto. Morrer.
• Umanuta ay+uka: atacar a febre.
• Umanuta: matar.
• Y+ara: Criador, Dono.
• Y+upita: fazer cura.
As curas são realizadas pelo Médico tradicional através de cantos curativos (ikaros), sopros, fumadas, orações, banhos, garrafadas, chás, dietas, perfumes de plantas ou de flores ou de raízes ou com animais, banha de animais, folha de coca, camalonga, emplasto de plantas curativas, chupadas da doença ou mal, chacapa, espada ancestral, varas mágicas, velas, amuletos, etc. Sendo a ayahuasca o centro da medicina tradicional.
A mais poderosa cura é através do Ritual da Toma da Ayahuasca, onde é um momento de grande experiência, de descoberta, de visões futuristas e do passado e aprendizagem de nossos costumes Kokama.
O RITUAL DA TOMA DA AYAWATSKA: A CIÊNCIA DO DESCONHECIDO
Sempre deve ser de maior interesse para o verdadeiro iniciado, Mestre ou Sábio (Taita que é um Médico Tradicional), com verdadeira devoção, fé, vontade, com uma verdadeira madureza mental e equilíbrio, elaborando um nível espiritual de ritos em toma da Ayahuasca (Ayawatska). Trabalhamos com espíritos e elementais da natureza e celestial, sempre respeitando os pontos cardeais. Pois o povo Kokama sempre observou os astros, constelações, sol e lua para ligar com as ações da mãe natureza, dos animais e dos minerais. Usamos para nosso Ritual, três tipos de Ayawastka: trueno (para Mestres), rosário (para discípulos) e cielo (para iniciantes e a população interessada). Existem outras variedades desse cipó.
O ritual da Ayawatska Kukamɨe-Kukamiria é secreto, os uso dos instrumentos, materiais, perfumes, shakapa (espada de folha), colares, amuletos, pulseiras, cocás, ikaru (cânticos), conjuros, rezas e orações (mariata) não pode ser divulgado para livros, pesquisa ou divulgação publica, somente para os interesses dos participantes. Os segredos são transmitidos de Mestre para discípulos.
A Ayawatska (Ayahuasca) é um cipó alucinógeno, que adquiri ou possui os domínios da Medicina vegetal, que só conhecemos por meio dos elementais na toma da Ayawatska. Que cura toda classe de enfermidades, doenças musculares, abstratas (que não se ver) ou resfrios (artrites, artrose, mau gênio, temor, medo, incertezas), penárias que habitam dentro de nosso ser. Afasta as más energias, cura feitiçarias, bruxarias ou maldades. Atrai a boa sorte, no amor, na saúde, nos negócios, nos estudos, brindando o equilíbrio mental, psicológico, emocional e moral. Descobrindo o passado, presente e futuro.
O povo Kukamɨe-Kukamiria é um povo antigo, de rituais secretos para combater as coisas ruins da terra e das pessoas. Temos uma língua materna com influencias das línguas Tupinambá, Inca, Maia, Quéchua, Guarani, Tupi, Tupi-guarani, de onde saem poderosas orações (mariata) e cânticos (ikaru) que curam.
O nosso sistema médico tradicional tem papel de sabedorias de curas através da plantas, pedras e animais da terra, da água e do ar, elementais como fogo, vento, água e conhecimentos equivalentes a bruxarias, associada na toma de substâncias medicinais através dos quais se buscam produzir curas, e alguns poucos procuram distorcer e fazer danos a outras pessoas.
A ingestão deste tipo de substâncias, não limitada apenas a Ayawatska, pois se toma a bebida de colondrina (de fidelidade), bebida de Kamalonga (purificação e cura interna), tem um papel importante para a aquisição de conhecimentos, não só medicinais, mas no amor, na sorte, nos negócios, desenvolvimento das pessoas e a limpeza do corpo.
Temos um costume de respeito às plantas, aos animais, as pedras, ao rio, a água, a chuva, etc. Por isso devem evitar usar os nomes dos animais, das pedras e das coisas como nossos nomes civis, pois ninguém pode saber as nossas defesas, as nossas arcanas, as nossas proteções e nossas armas espirituais. Todos os nomes mudam na língua Kukamɨ -Kukamiria, por exemplo, se seu nome é MIGUEL, em nosso idioma fica MIJIRI. Procure um falante que ele vai traduzir o seu nome de acordo com nosso idioma e você vai manter em segredo a sua defesa e vai manter protegido o seu verdadeiro EU interior.
Nosso costume de aprendizagem inicia na família na mais tenra idade, observando os pais e os avós e recebendo informações sistemáticas sobre os usos e preparação de remédios.
No Brasil, poucas famílias Kukamɨe-Kukamiria detêm esse conhecimento e costume de repassar para os descendentes, restrito a família Samias que detêm todo o conhecimento da língua, danças, do ritual da Ayawatska e toda nossa cultura milenar.
Temos diversas técnicas terapêuticas, temos um repertorio relativamente amplo, entretanto aprende a familiarizar-se com as plantas de uso medicinais e a conhecer as chaves para o nosso beneficio.
O Doutor Ayawatska é um espírito dono da Ayawatska (Ayahuasca). Cada cipó tem seu dono e o espírito vive dentro da planta de Ayawatska. Quando o cortam morre o espírito.
O Doutor Ayawatska é um espírito médico indígena, pois quando se quer aprender a maldade, o espírito ensina a maldade, por isso deve ter muita responsabilidade em tomar Ayawatska, pois pretender somente fazer o bem, somente curar e proteger as pessoas.
O Avô Ayawatska protege a suas crias, quando as pessoas cortam a suas crias para tomar e fazer medicina sem o devido conhecimento ancestral. Por isso, se deve pedir autorização ou rogar quando se corta o cipó. Se não o avô Ayawatska fecha com seu poder e a pessoa lhe faz doer todo seu corpo. Só uma pessoa que sabe e que é médico tradicional ou bruxo indígena pode curar.
Para pedir sua colaboração e cortar seu cipó, se pede enquanto com sua mão toca seu tronco, converse com a planta com fé. Com voz de súplica e com uma melodia diz, por exemplo: “Avô Ayawatska, dono da Ayawatska, Avô Ayawatska, dono da Ayawatska, daí-me sua mão cheia de seu Espírito forte, eu cortando vou levar, pois não em vão, meu irmão está enfermo, por isso, estou levando tua mão. O senhor vai curar, Avô Ayawatska, para que ele seja como o senhor, forte, porque o senhor nunca adoece, Avô Ayawatska. Tsurpaki”.
Faz-se esse pedido durante a madrugada e deixa um pires ou tacinha de barro com tabaco socado para colocar no tronco da Ayawatska como pagamento do pedido.
É importante reconhecer que a Ayawatska é uma planta que tem uma mãe poderosa. Para preparar remédios se usa o cipó e se ingere, maiormente como purga. Os médicos curandeiros (médicos tradicionais) o usam para salvar a vida de familiares, para ver o passado e o futuro, casos de roubos, traições e danos causados por algumas pessoas ou espíritos.
Só pode oferecer a Ayawatska uma pessoa que sabe o ritual milenar de nosso povo. Quando se toma a Ayawatska pode ver a mãe que sai do ombro com seu instrumento, com quena (flauta), violão ou bombo (tambor).
O sábio que extrai o cipó deve sair bem cedo, sem ser visto. Uma vez no local, ele faz o discurso ao Elemental da Ayawatska pedindo que o dê poder. É importante e ideal de que quem extrai o cipó, seja a mesma pessoa que plantou a Ayawatska.
A preparação está sob responsabilidade de uma pessoa adulta que conhece a técnica do cozimento e refinamento.
Podemos tomar só Ayawatska sem misturas. Mas durante o cozimento da Ayawatska, podemos também mistura com folhas de toé*, chacruna** e outros, mas por segurança não podemos dizer a quantidade exata aqui usada por nosso povo, que é secreto e milenar. Outros povos que também cozinham e tomam a Ayawatska colocam suas quantidades de folhas, mas não são iguais aos nossos.
Para convidar as pessoas ou preparado ou curandeiro primeiro faz um Ikaru e canta para chamar e pedir autorização ao Elemental, depois antes de beber um copinho de purga faz a oração inicial aberta a todos e pedidos pessoais interiores em silencio, ao final a pessoa fala: Saúde!!! Todos respondem: Deus te abençoe!!!.
Antes de tomar Ayawatska não se pode comer pimenta, porco e sal, nem ingerir bebidas alcoólicas, nem fazer sexo e nem comer muito para evitar os vômitos em excesso. Quando uma mulher tem tido filho recente só se pode tomar Ayawatska em pequena quantidade chamada pishkuwatska.
COMO É A HISTÓRIA DO ESPÍRITO DA AYAWATSKA:
A Ayawatska é uma planta que tem um espírito (Elemental) muito forte, prova dele é que te produz um mareio (conexão ancestral espiritual) profundo.
O espírito é o que protege mediante a aparição em forma de uma sombra e ruídos para que as pessoas não se aproximem constantemente desta planta. E aparece em sonhos reclamando quando alguém corta o cipó sem motivo ou acidental.
Quando se toma para ter visões o espírito é o que se encarrega de dar o tratamento. Pois em geral a planta depende do espírito e vice-versa; é dizer, existe uma relação entre eles, sempre se protegendo entre si.
O Elemental da planta Ayawatska é curativa, similar o da planta de CHIRITSANANKU. Se relaciona também com outras mães de plantas que curam, assim como o SANANGO***, a COCA e etc.
A mãe da Ayawatska cuida da planta tratando de proteger para que não seja maltratada por outra espécie e pelo homem mesmo. Para extrair o cipó, o homem tem que fazer um discurso pedindo licença e autorização para cortar-lo. Tem que ser uma pessoa Sábia Curandeira para que possa fazer efeito no momento da toma da Ayawatska e poder ver o que se quer.
Para isso a toma da Ayawatska tem que ser em um lugar sem muito movimento, silencioso, onde não transite as pessoas facilmente, assim também acontece com a toma de SANANGO.
O Sábio curandeiro se prepara bem para curar, soprar e ventilar (abanar) o paciente e assim possa fazer efeito para tirar o azar, ver o que quiser ou curar de uma enfermidade. A purga se toma com o cuidado e orientação de um Sábio curandeiro (Médico Tradicional Indígena de nosso povo). Para isso tem que fazer uma dieta depois da toma da Ayawatska, tanto o paciente como o Sábio curandeiro: não comer comidas com sal ou com doces, nem ácidos, deve comer tudo assado, não beber bebidas alcoólicas, até depois de três dias da toma (se a pessoa bebe o ideal que fique trinta dias longe da bebida alcoólica), porque se não saem bolhas ou manchas no corpo que dificilmente some. Não pode encostar e nem dormir com mulher menstruada. Depois da toma da purga durante a noite se deve banhar as seis da manhã, mas antes deve tomar um copo de água com limão sem açúcar. Se a pessoa não seguir restritamente as orientações correr risco de reverte à cura e também fica desprotegido e pode ser flechado por pessoas invejosas ou maldosas.
A NOSSA COSMOVISÃO É A BASE DA AYAWATSKA
Antigamente nossas comunidades viviam assim organizadas: uma casa grande ao centro da comunidade, rodeadas de casas pequenas do mesmo modelo arquitetônico. Segundo o então Patriarca Cacique Francisco Samias, “eles dormiam na casa grande e passavam os afazeres diários nas casas pequenas”
.
Hoje entendemos que a comunidade tomava Ayawatska durante a noite quase todos os dias da semana, por isso tinham que passar a noite na casa grande. Dentro da Casa grande tinha espaço separado paras as crianças e mulheres menstruadas que não podiam participar do ritual da toma. Cada ritual era chamado de trabalho (Kamata), por isso os dias da semana ficavam assim organizados:
Dia da semana em Português: Kuarachi Wepe tsemana Kukamɨe:
Sábado: Tsapatu kuarachi [sabadu cuaratxi]
Domingo: Tuminku kuarachi [dumicu cuaratxi]
Segunda-feira: Amuaɨatira kuarachi [amuaüatira cuaratxi]
Terça-feira: Mutsapɨrɨkapan kuarachi [musapurcapan cuaratxi]
Quarta-feira: Iruakapan kuarachi [iruacapan cuaratxi]
Quinta-feira: Pichkapan kuarachi [pitxicapan cuaratxi]
Sexta-feira: Tsokitapan kuarachi [ soquitapan cuaratxi]
Esse "dias da semana" será reajustado na Primeira Assembleia da Língua Kokama.
A Ayawatska é utilizada por sua particular propriedade de permitir diagnosticar nas pessoas algum dano ou bruxaria causada por outras pessoas. Também é utilizada para averiguar roubos e traições.
Para extrair o cipó, se recebe indicações prévias e orientações por parte de uma pessoa que conhece bem a preparação do remédio. Logo se extraem o cipó de acordo as indicações realizadas, sem violar as regras tradicionais milenares.
Depois da retirada do cipó, se corta em pequenos pedaços e se coloca para ferver por oito horas ou até que se reduza a substancia liquida a somente uma taça. A preparação se faz para utilizar no momento, em uma dose de mais ou menos três colheradas de uma só vez. Podem tomar homens e mulheres em idade adulta.
Orientações para os doentes: oito dias antes de tomar o remédio, o paciente deve abster-se de ter relações sexuais e não deve comer alimentos com sal, doce, gordura ou manteiga e nem porco.
A mãe da ayahuasca é mais poderosa que as outras plantas, por isso o povo Kukamɨe-Kukamiria o respeita muito.
O uso do cipó tem mais ênfase no âmbito dos sábios e bruxos, quem faz um preparado que ao ser ingerido permite conhecer a doença de alguém ou identificar os autores de um roubo ou assassinato e traição conjugal.
Na preparação da Ayawatska se usa todo o cipó. A extração do cipó se realiza em qualquer momento do dia, tendo em conta sempre de fazer um discurso do pedido. Corta-se o cipó em pedaços de aproximadamente 20 centímetros, se machuca bem os pedaços e se coloca em uma panela grande com no mínimo de cinco litros de água, se coloca folhas de chacrona** e se cozinha o conteúdo até que o líquido se reduza a um litro aproximadamente.
A Ayawatska é ingerida pelo Médico Tradicional no momento da cura, geralmente durante a noite e lugar escuro. Mas também se toma Ayawatska durante o dia para trabalhar com os espíritos do dia.
Antes de iniciar o ritual da toma da Ayawatska, primeiro é icarada pelo Médico Tradicional (Sábio) e é feito um pedido ao Elemental da Ayawatska para curar e dar sorte na vida, no amor e na profissão. As pessoas que tomam Ayawatska pelo menos uma vez não podem comer pimenta, sal e menos beber bebidas alcoólicas e nem porco por trinta dias. Durante esse tempo devem comer somente assado. A pimenta é uma planta que destrói um ambiente familiar, por isso o seu consumo deve ser evitado por nosso povo.
Com o ritual da Ayawatska é possível estudar o clã Kukamɨe-Kukamiria que você veio (sua origem) e aprender mais sobre seu clã e o tipo de grafismo de seu clã usa. Cada membro de nosso povo Kukamɨe-Kukamiria tem arcanas que os protegem e os Sábios podem colocar mais para proteger o seu dia-a-dia e trabalho.
Nossos antigos Sábios (Taitas) hoje ainda vivem nas pedras, nas cobras grandes, nos botos, nas onças, nos jacarés e em diversos animais poderosos da natureza há milhões de anos. Por isso, nós os Taitas trabalhamos com os espíritos e elementais, com os nossos ancestrais ainda que se sentem a vontade para ajudar os que estão neste plano material e com os elementais e espíritos dos animais, das plantas, das águas, das terras, dos minerais, das pedras preciosas, dos ares, dos fogos e etc. sempre enfatizando os trabalhos com os espíritos e elementais do bem.
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Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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