sexta-feira, 4 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 43: Sábado, 05 de junho de 2021. A música tradicional Kokama.

Aula nº 43: Sábado, 05 de junho de 2021.
Ikara ɨmɨnapan Kukamɨe.
A música tradicional Kokama.
A música Kokama surgiu das conversas com o Criador (Tiutsu Muki Y+ara), que disse que para se comunicar com Ele era necessário assobiar (y+urutsapu), cantarolar resmungando suave (gemendo), cantar (orar) suave, baixo, calmo e ligado com um chocalho de palha (Shakapa) ou flauta (Tiama) para poder seus cânticos de oração pudesse chegar até Ele e ser atendidos seus pedidos. Daí dos primórdios tempos Kokama o cântico oração faz parte da vida Kokama. Quando os pedidos eram atendidos eles reunião para agradecer através de danças (Ratsantikana).
Ancestrais (ɨmɨnuan) [ümünuam]: termo usado por homens e mulheres. ɨmɨnuan y+apurachitsuri titirapa. Os ancestrais dançavam a sós.
Andar (Ukua) [ucua]: transladar de um lugar a outro. É a pessoa que anda de um lugar a outro sem ficar em um lugar fixo. Pode significar andarilho ou nômade. Mitan tua ukua ɨwɨratɨkuara tutu inupawa y+apurachiwa. A mãe-do-carnaval anda pela floresta tocando o bombo e dançando.
Assobiar (Tsapu) [tisapu]: também significa soprar. ɨwɨtu tsapun kuatiaran uwe mesatsui y+ai eretsen ɨwɨtu itika tsa chiru ikanarin ɨwɨrari. O vento soprou o papel e caiu da mesa, também o vento forte fez voar minha roupa que estava secando no varal.
Consertar; Curar algo estragado (Mutsanaka): Y+ukuchi upukan ini mutsanaka paun kaipu. Curamos (consertamos) a panela esburacada com resina de fruta pão. ɨara chautakan ini mutsanaka iratunapu. Consertamos a canoa destroçada com breu.
Curar (Erata) [irata]: significa também “ajudar alguém a melhorar sua saúde”, ajudar a melhorar ou curar. Tsa memɨra kunia aikuapan tsa erata mutsanaka. Minha filha que esta doente curando-a se sara (melhora). Tsumi erata ta mirikua aikuan ra mutsanakapu. O Sábio curou a minha mulher doente com sua medicina.
Curar um doente (Mutsanaka) [mutisanaca]: o povo Kokama cura as pessoas através de “icaros” como estratégias preventivas, para protegê-las de possíveis males ou para que os seres espirituais os dêem alguns poderes. ɨmɨnan amuinu ikua mutsanaka churaminu ukuatsuri inu ikua ipurakaritsen, iy+an wainakɨranu inu ikua y+aukitsen upi mari ukakuara. Os avôs de antes sabiam curar as crianças para que sejam bons pescadores e as meninas para que façam tudo em casa.
Dança tradicional (Ratsanti) [ratisanti]: inclui uns passos e uma coreografia em particular. Esta dança se realiza nas celebrações religiosas como o Natal, a dia da Santíssima, dia de Santa Rosa e etc. Se dança em filas frente ao altar. Tsa y+aparachi ratsantipu. Estou bailando dançando. Tsa nai amɨra ratsantitsuri Niniu artaru chitsaka. Minha avó finada dançava diante do altar do Menino.
Dançante (Ratsantiwara) [ratisandiwara]: significa também bailarino. Ratsantiwara y+apurachi tutumisha y+atinpu. O dançante dança tocando o tambor e a flauta.
Dançar (Ratsanti) [ratisanti]: Etse ratsantiari. Estou dançando.
Dançar qualquer outra dança (Y+apurachi) [zapurati] -Variante: (Y+aparachi) [zaparati]: dançar qualquer tipo de música, não necessariamente tradicional. ɨmɨna y+aparachinpura y+awatikana. Antigamente os jabutis dançavam. ɨmɨnuan wainakana y+apurachitsuri titirapa. As mulheres de antes dançavam sozinhas. ɨmɨnan y+aparachipura aipukatu ukaimapa. Os bailes antigos se tem perdido nestes tempos.
Dar voltas (Y+atatamanika) [zatatamaniga]: girar sobre si mesmo; rodear; dar voltas ao redor de algo. Por exemplo, dançando ao redor do pau de açaí de carnaval. Y+ukun awa y+apurachi y+atatamanika unisha tsa pɨetari. Essa gente dança dando voltas ao pé de açaí de carnaval. Churankɨra y+umatsarika y+atatamanika raepe rɨway+upan uwari. Esse menino joga girando, dando a volta e cai com tontura.
Fazer curar (Y+upita) [zupita]: mandar(se) curar de maneira tradicional através de um Sábio ou Pajé. Estas curas, é realizada por um Médico tradicional a través de icaros, sopros, fumadas, chupadas da doença, etc. Curar num hospital ou curar paciente na casa não é “y+upita”. Awa inu aitsetan y+upita wepe tsumika y+a eratsen. Uma pessoa a quem tenham feito dano (feitiçaria), se manda curar por um sábio para que se cure. Tsa memɨra kunia inu aitsetapan tsa erutsu tsumika y+upitatara. A minha filha, a que fizeram dano (feitiçaria), levamos ela para um sábio para poder curá-la.
Movimentos sensuais (Tsemuni) [tisimuni]: ação de movimentos do quadril e outras partes do corpo. Por exemplo, a dança de alguns pássaros que ao buscar seu par se movem e dançam. Ikun kuarachi awanu y+apurachi tsemunika. Hoje em dia a gente dança fazendo movimentos sexuais.
Oração (Maria) [maria]: também significa “Reza”. Ai tɨma tsa y+akuarara maria. Já não me lembro de nenhuma oração. Ta wanakari y+ukan wainiu ra ikuatsen maria. Mandei essa mulher aprender a oração.
Orar (Mariata) [mariata]: também pode ser “rezar por alguém”. Ikun ɨpɨtsa penu mariata aikuan utsu. Esta noite vamos orar pelo doente.
Pau de açaí para dançar carnaval (Unisha) [Unicha]: pau de açaí enfeitado que se dança ao redor no dia de carnaval. Na véspera do dia do carnaval os Kokama vão ao mato para trazer uma árvore açaí. As folhas do açaí são tecidas e colocadas em formas de arcos, logo é decorado com frutas, carnes, telas, etc. Logo, se finca a árvore e se dança até o dia seguinte. No dia de carnaval, se derruba a árvore. Y+uitsaratsui ini y+auki ipamata “unisha” era warimatan. Do açaí fazemos a “unisha” bem enfeitada.
Pular dançando (Upupurika) [upupuriga] - Variante: upurika [upurica]: saltar, brincar no mesmo lugar reiterativamente. Pode se referir também a uma forma de dançar. Kirimata ipirakua y+ay+akati parana tsɨmara upupurikawa. A piracema de curimatã atravessa pela margem do rio saltando. ɨmɨnua, ratsanti upupurika. Antes, dançavam saltando.
Pulseira (Iwarin) [iúarim]: significa também bracelete, adorno do braço que colocam as mulheres e os homens nas danças. Tsa nai chirata iwarin puwa tsapɨta warimata. Minha avó chama pulseira ao adorno do braço. Waina warimata iwarin y+a puwa tsapɨtari y+anukatan. A mulher coloca a pulseira no punho.
Rezar (Mariay+ara) [mariazara]: termo usado por Kokama católicos. Tsa pai ikua mariay+ara. Meu tio sabe rezar. Inu mariay+ara tsantu chitsaka. Eles rezam diante do santo.
Sofrer (Tsapiru) [sapiru]: significa também chorar gemendo, com lamentos, sentimento de desolação. O povo Kokama tem um choro característico. Por exemplo: chorar quando alguém morre. Tsa mamakɨra tsapiru y+a mama umanun y+akuarara. Minha tia chora gemendo ao lembrar-se de sua mãe falecida.
A música Kokama esta intrusivamente ligado a cura. Mas atualmente falar em música Kokama, tenho que falar também de instrumentos musicais tradicionais e as danças tradicionais que são muitas (este último tema para uma aula futura).
A dança nasceu primeiro, antes dos instrumentos musicais, quando o Kokama descobriu que batendo uma coisa em outro produzia sons e que isso não era simplesmente, um tanto de barulhos e levava às maiores estímulos nas danças.
Também observavam os animais que dançava e os pássaros que cantavam lindas melodias, então pediram para ao Criador como fazer lindas melodias para agradecer-Lo, então enviou um tipo de flauta que levava seus agradecimentos aos céus.
Quando velavam um Kokama, enquanto a família chorava, a comunidade fazia uma dança fúnebre para que durante a travessia fosse bem recebido pelos ancestrais. Choravam, sorriam e dançavam. Depois de enterrado como símbolo de agradecimento honroso colocavam as melhores frutas ou um prato de comida em cima da tumba. Jogavam perfumes no caixão durante o enterro e nos final todos se abraçavam e se despediam.
A música Kokama tem funções importantes como para louvar, pedir, celebrar e agradecer ao Criador. A música tradicional Kokama tem o objetivo curar alguém. Também de exaltar autoridades, guerras, sucessos na caça ou pesca, missões, plantações, mutirões, lutar, homenagear uma planta ou um oficio da comunidade, bem como lembrar ou celebrar uma vitoria, derrota, nascimento ou morte.
O povo Kokama celebrava tudo, tanto a vitoria quanto a derrota, tanto o nascimento, a vida ou falecimento de alguém. Dalí nasce os contos. E dos contos nascem muitas musicas.
Conto (ɨmɨntsara) [ümüntisara]: relato tradicional ou antigo. Aplica-se geralmente a relatos tradicionais, histórias antigas. Ra ɨmɨntsara eran. Seu conto é lindo. Ta nai ɨmɨntsara ta erukua aipukatuka. O conto de minha avó demorou até agora.
Desde os tempos primórdios de nosso Povo Kokama, temos as notas musicais que foram entregues pelos anjos a nós Kokama para fazer lindas musicas de agradecimento ao tudo ao Criador: LÁ - DÓ – RÉ – MI – FÁ – SOL – SI, que se assemelham as notas usadas pelos não kokama. Mas não foram os brancos que trouxeram as notas musicais para nós. Quando esses brancos invadiram nossa grande casa nós já tocávamos flautas e cantávamos. Tocamos de forma natural e não como tocam os brancos.
Cantar (ikara) [icara]: ação dos sábios, taitas ou pajés quando realizam cantos curativos tradicionais. Atualmente a palavra “ikara” signfica musica, cântico e canção. Tsumi ikara mutsanakapuka. O sábio canta quando vai curar.
Ação de fazer soar um objeto (Ipuari) [ipuari]: significa também “está soando algo”. Ipuari y+urutsapu. A sirena soa. Ta tsenu wapuru pitu ipuarin. Eu escuto o apito da lancha que está soando.
Assobiar (Wiy+uta) [uizuta] - Variante: (wiuta) [uiuta]: chamar, produzir o som “wiii”. Baseado na onomatopéia para o assobio da jibóia “wiii”. Unikuaratsui wiii na ra wiy+utaura ikiara ra taɨratu tsapukiarin. A jibóia assobia desde a água chamando a sua cria. Y+ukan niapitsara wiy+utapa ta mirikua rikua ta y+umɨra ra tsu. Esse homem assobiou a minha mulher, por isso me chateei com ele.
Assobiar (Y+urutsapu) [zurutisapu]: produzir assobios. Também pode ser suspiros, apitos e sons de sirenes. Composição de “y+uru = boca” e “tsapu = soprar”, que significa “Soprar com a boca”. Y+urutsapu, ikaran awa, ai y+umita amua awa quina tsapuari. A pessoa que canta assobiando (soprando), ele ensina a entoar quena a outra pessoa.
Enfeitar (Warimata) [uarimata]: consertar, decorar colocando objetos. O povo Kokama se enfeitam com tiaras (todos os Kokama), cocares (somente os líderes), colares, brincos (somente as mulheres), pulseiras e roupas tradicionais para dançar. Cada kokama sem cargo usa um cocar sem pena, com pena de arara somente os Caciques, com pena de garça somente os músicos e com pena de gavião somente os pajés. Mainu warimata memɨra kunianu namichirupu. Os mestiços enfeitam com brincos a suas filhas. Wɨra tsa pɨtaninkɨranu tsa y+akɨ warimata. Enfeito minha cabeça com penas vermelhas.
Soar (Ipu) [ipu]: zombar; produzir um som. Tutu ipui amutse. O bombo soou longe. Rana tsapu maniamaniakan ipunkana urutsapu. Eles tocam toda classe de sons com a flauta pan (flauta de 11 canos).
Soar (kutsuta) [cutisuta]: significa também barulho; fazer ou causar ruído, por exemplo, sons de folhas secas no mato, pisadas ao caminhar. Também os sons de líquidos como a caiçuma. Kutsuta ɨwɨratikuara ikanan iputaka ini uwatapuka y+ai animaru pɨta ipu uwata. Soa dentro do mato seco quando caminha, também soa as pisadas de animal. Tsa kaitsuma kutsuta, irawarin. Minha caiçuma soa quando está fermentado.
Som do bombo (Tintin) [tindin]: Tsupaikana uwata ɨwɨratikuara ra tutu y+atiwa tintin, tintin, tintin ra iputaka. Os demônios andam no mato tocando seu bombo soando tintin, tintin, tintin.
Som; Tocar instrumento; Soprar para fazer Som; Soar (Tsapu) [tisapu]: Ai ikian tiy+ama y+aran tsapu ra utsu epe y+aparachitsen. Este vai soprar sua flauta de dois furos para que dancem.
Tocar batendo (Y+ati) [zati]: toque, por exemplo, do bombo. Uri y+ati tuntu rana y+aparachitara. Ele toca este tambor para que eles dancem.
O músico também usa cocar (coroa). Para diferenciar dos poderes tradicionais Kokama o cocar dos músicos são de pena de garça. Só pode usar cocar com pena branca de garças os que participam da banda musical tradicional, fica proibido aos demais Kokama usar a pena de garça. Todos podem cantar e dançar, mas existem os que são os membros da banda tradicional, por isso temos essa divisão de organização. O pajé não é cantor de musica para dançar, somente de musica para curar, então seu cocar é de águia ou gavião ou falcão para diferenciar.
Para saber o que é música (Ikara), é preciso primeiro ter conhecimento do que é som (kutsuta), e, som, nada mais é do que a vibração produzida nos corpos elásticos e essas vibrações podem ser:
- Sons regulares: aquelas que possuem altura definida, ou seja, quando conseguimos ouvir que ali foi produzida uma nota musical, como “dó, ré, mi, fá, sol, lá, si,” bem como suas variações com sustenidos e bemóis;
- Sons irregulares: as vibrações irregulares são todos aqueles barulhos que ouvimos no dia-a-dia, que podem ditar o ritmo para uma música, como a batida de um instrumento de percussão (tutu, que produzem sons regulares) ou barulhos do dia-a-dia, que compõem a paisagem sonora, como som de cortar uma árvore, o som de nadar, o som de cair algo, o som da de algo fervendo e outros inúmeros sons, na qual não podemos distinguir a altura (onomatopéia – tema de aula futura).
Agudo (Miri) [miri]: Waina kumitsa miri. A mulher fala fino (tem a voz más aguda que a do homem).
Quanto mais agudo e mais baixo o timbre de voz, mas poder tem o individuo Kokama.
O que é musica?
A música é combinação de sons simultânea e sucessivamente, em ordem, em equilíbrio e dentro de um tempo determinado. A música deve ter harmonia (sons tocados ao mesmo tempo), melodia (sons que são tocados um após o outro) e ritmo (o andamento, velocidade da música).
A música pode ser usada em ritual tradicional de cura como a Ayahuasca onde só de ser combinado ao cântico suave e tom baixo do que preside o ritual e tocado suavemente um chocalho de palha e pode ser usado também um tipo de flauta durante um ritual, mas deve ser tocado baixinho.
Num som mais alto em danças celebrativas de agradecimentos ou de acontecimentos onde se dança combinados em grupos ou em duplas.
Existem também os cânticos de homenagens onde não se dança.
A música e a dança na escola indígena:
Na Escola Indígena temos a missão de formar bons ouvintes, que tenham noções daquilo que forma a música (harmonia, melodia e ritmo), bem como as suas propriedades que são:
- Altura: através dela podemos identificar se um som é grave (grosso) ou agudo (fino);
- Intensidade: através dela podemos perceber a força com que o som foi produzido, ou seja, o volume do som, que muitos chamam erroneamente de altura;
- Timbre: através dele podemos identificar os instrumentos que compõem a música;
- Duração: através dela podemos ter uma noção do tempo utilizado na música, podendo identificar compassos ou andamentos.
Na cultura Kokama a música sempre esteve muito ligada à oração para falar com o Criador, antes enquanto era executada, eram recitadas a orações de cura. Com o passar dos tempos elas passaram a se unir com escritos que falavam do dia-a-dia ou um fato para ser lembrado, ou um líder a ser homenageado na letra da musica, se tornando uma poesia. Então a musica para dançar na Comunidade se torna música combinada com os instrumentos musicais tradicionais, a parte instrumental/vocal e a poesia, a letra da música em si numa só sintonia. E todos dançam.
Na escola indígena atual podemos trabalhar o ensino da música, que ajuda a criança na coordenação do ritmo do corpo, como o andar, caminhar, correr, saltitar, balançar, podendo sincronizar-se com o som dos banzeiros; sons dos ventos, sons da chuva, sons dos galopes de cavalos e outros ritmos da natureza que pode-se explorar e criar novos ritmos e novas coreografias, desde que respeitando a tradição milenar.
Na escola indígena podemos trabalhar com a música, que envolve a voz, que por sua vez cuida da respiração. Ao se produzir sons com objetos, inventando uma linguagem própria, dirigindo a educação indígena no rumo da experiência e da descoberta.
Ouvir (tsenu) [tisinu]: também significa escutar. Ikian wɨrakɨrakana ikatu ra tsenu kanatari utsupuka. Escucha estes passarinhos cantam quando vai amanhecer.
Para se ter uma boa noção de tudo isso é importante que o estudante Kokama seja treinado auditivamente, pois, treinando o seu ouvido, conseguirá identificar as propriedades do som. Temos que levar os alunos Kokama não apenas a ouvir a música, mas sim, identificará os elementos que a compõem. Deve-se explorar a criatividade.
Como o aluno Kokama vai aprender tudo isso?
Assim, como em tudo na vida, para se aprender música e necessário muito treino, seja para entendê-la ou para se tocar ou cantar bem. Para que a pessoa aprenda música, existem várias formas e métodos, um deles, que é muito utilizado na educação básica, é o método da utilização de jogos e brincadeiras, que funciona muito bem, principalmente com as crianças.
Na escola indígena Kokama podemos utilizar cantigas de roda, criar com elas escritas musicais alternativas, etc., traduzir em Kokama e em português, fazendo com que elas tenham uma noção rítmica, harmônica e melódica do que estão realizando.
Outra coisa importante para aprender música, é ouvir bastante e imitar os sons que são ouvidos, adquirindo influências das musicas tradicionais de André Samias (In memória), para com o tempo, poderem criar a sua própria identidade musical. No canto, por exemplo, para se adquirir afinação, é preciso treinar bastante a respiração (ela deve ser igual à de um bebê, diafragmática), além de se imitar as notas musicais, para afinar a voz e ter hábitos saudáveis de alimentação.
Uma atividade que pode integrar música e artes plásticas é a criação de instrumentos musicais tradicionais com objetos considerados reciclados, que vão trabalhar com a criatividade dos alunos, obtendo sonoridades diferenciadas e estilos diversificados, além de desenvolver o consciente dos alunos quanto à preservação do meio ambiente. Ao invés de usar bambu para fazer as flautas podemos usar tubos PVC.
Nossos instrumentos musicais tradicionais milenares são: Urutsa, Tiama, Kina, Maraka, Shakapa, Patakura, Tutu, Tutu tuan.
Flauta de 11 canos; Flauta pan Kokama (Urutsa) [urutisa]: instrumento musical de sopro elaborado de bambu de diferentes tamanhos ou de uma palmeira que dar para fazer tubinhos. Awa y+auki urutsa. A gente faz flauta pan Kokama.
Flauta de dois furos (Tiama) [tiama] - Variante: (tiy+ama) [tizama]: instrumento musical parecido a uma flauta, porém somente com dois furos, um do lado da frente e outro no lado de baixo. Faz-se de bambu, madeira ou tacana. Tsa papa ikua tsapu tiama awanu y+apurachitara. Meu pai sabia tocar a flauta de dois furos para que pessoal dançasse.
Flauta quena (Kina) [quina]: é um instrumento musical de sopro, da família das flautas. É feita de bambu ou madeira e executada através do sopro em uma reentrância em sua extremidade superior. Possui 6 furos por onde são obtidas as digitações para as notas. É um instrumento transpositor com afinação na tonalidade sol maior (G). Embora tenha se originado como um instrumento pentatônico, desenvolveu-se para permitir a execução cromática. ou seja, permite a execução de todas as notas (bemóis e sustenidos). Sua escala estende-se por 3 oitavas. Existe a versão grave da quena, chamada quenacho (Kinashu). O quenacho é um instrumento transpositor com afinação na tonalidade de “ré maior” (D). Tsa kiwi ikua tsapu kinatsuri ɨmɨnua. Meu primo sabia tocar a quena antigamente.
Maracá (Maraka) [maraca]: A maracá completa é um par de maracás. O povo Kokama não pode tocar somente uma maracá, devem ser tocados os dois por uma só pessoa. Proibido usar separadamente. Purupurukuy+a emete katupe ɨpatsunu tsɨmarupe, tseruwishka yauki maraka. A cabaça aparece as margens dos lagos, serve para fazer maracás.
Shacapa (Shakapa) [chacapa]: conhecido como espada espiritual, é um instrumento musical de cura que serve para conectar o ayahuasqueiro as suas visões e a conversa com os elementais e os espíritos divinos. Ikuan, Pay+un riai Patriarka May+uru Kana ikua mutsanaka awanu shakapapu. O sábio, o pajé e também o Patriarca Cacique Geral sabem como curar a gente com shacapa.
Shacapa para enfeitar a canela (Patakura) [patacura]: instrumento musical tecido de tucum que se enfeitam com sementes e tento que soam no momento de dançar (também pode amarrar nos braços ou numa vara para socar no solo). Pai amɨra ratsandi ukuatsuri patakura tɨkɨtanpu y+a kaɨari. Meu tio finado costumava dançar depois de amarrar a shacapa ao redor de sua canela. Patakura ɨmɨnan kunuminu warimata y+apurachipuka. A shacapa dos jovens antigos era seu enfeite quando dançavam.
Tambor (Tutu) [tutu]: bombo pequeno. Segundo o povo Kokama, quando se faz bombo de couro de onça às festas terminam em brigas e confusões; Se o bombo é de couro de veado, a festa é pacifica, e se é de macaco, os assistentes fazem muitas piadas, brincadeiras e dançam alegres. Ikian ra tutukɨra ra iputa uwata puka tin, tin, tin. Tun, tun, tun, assim faz soar seu tamborzinho quando caminha.
Tambor grande (Tutu nuan) [tutu nuam]: bombo grande. Tutu nuan ipu eretse. O tambor grande soa forte.
Exercício da Aula nº 43:
01 – O que é musica?
02 – Quais são as notas musicais?
03 – Qual é o tipo de cocar do musico?
04 - Quais os instrumentos musicais tradicionais Kokama? Responda o nome em Kokama e faça o desenho de cada instrumento.
05 – Relate sobre os tipos de couro do bombo.
_________________________
Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
WhatsApp: (97) 984124115
E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS -

25 comentários:

  1. Enilson Martiniano Aldeia Muria Presente na aula 43

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  2. Ta chira:KAJIRI MIJIRI SHUNIA
    Ritama:PENY+AMIN KUNTSTANTKA
    PRESENÇA AULA NUMERO 43

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  3. TA CHIRA PRUTENTSIU
    RITAMAKA TSAO PAURIO ORIWENTSKA
    PRESENTE AULA 42

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  4. TA CHIRA PRUTENTSIU
    RITAMAKA TSAO PAURIO ORIWENTSKA
    PRESENTE AULA 43

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  5. Frequência da aula 43, Manoel Pinto tonantins aldeia novo Israel

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  6. Talisson Santos pucas VERIANE MEDEIROS MARTINS JACIVANE MARTINS NASCIMENTO Aldeia são José tnt Am

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  7. Talisson Santos pucas VERIANE MEDEIROS MARTINS JACIVANE MARTINS NASCIMENTO Aldeia são José tnt Am

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  8. Valcidheice Alves Pereira
    Aldeia BOARA DE CIMA
    Tefé!!!!

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  9. Frequência da aula 43
    Aldeia Novo Israel
    Tonantins AM
    Valtino Maricaua Filho
    Anaflavia Pinto Ramires
    Valdemir dos Santos Maricaua
    Conselho Valtino Maricaua

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  10. Era tsa karuka prowetsuru, estou passando pra registrar minha presença na aula de hoje, com o tema a música tradicional kokama. Excelente conteúdo

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  11. FREQUÊNCIA franciney e juliano da aldeia novo israel aula da aula n 43 tnt am

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  12. Aldeia muria tonantins.
    Raimundo nascimento gomes.
    Valcinei da silva Cornélio.
    Ivonete da silva Cornélio.

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  13. Aldeia:Santa Cruz tonantins. Robério Alcilene de Melo Braz
    Robério da Silva Santos
    Lúcia tananta Santos

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  14. Aldeia:Santa Cruz tonantins. Robério Alcilene de Melo Braz
    Robério da Silva Santos
    Lúcia tananta Santos

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  15. Maria Aguilar Carvalho aldeia Muria Minha frequência da aula de sábado

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  16. Marivaldo Nazario, Maria de Fátima Nazário e oreliano arirama Aldeia Muria TNT AM

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  17. Ozeneide Fernandes Ramos tnt estava presente na aula 43

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  18. Joel Torres Maca Ritamakuara Nova Aliança _Benjamin Constant

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  19. Frequência. Talisson Santos pucas VERIANE MEDEIROS MARTINS JACIVANE MARTINS NASCIMENTO Aldeia são José tnt

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  20. Gercival Santos pacaio presente na aula n 43 aldeia santa cruz tnt am.

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Maniatipa na Chira?