domingo, 27 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 50: Domingo, 27 de junho de 2021. Gravando vídeo audiovisual com celular de sua apresentação pessoal na língua Kokama.

Aula nº 50: Domingo, 27 de junho de 2021.
Ikuaka y+anukatantsetsakuara umiratsenu makina kumitsatatatarapu na ikuatsenpura awa kumitsa Kukamɨekuara. (Ikuaka naiy+a y+anukatantsetsakuara umiratsenu makina kumitsatatatarapu na ikuatsenpura awa kumitsa Kukamɨekuara).
Gravando vídeo audiovisual com celular de sua apresentação pessoal na língua Kokama.
Chegamos à Aula de número 50, você aprendeu qual seu nome em Kokama, seu clã, o nome de sua cidade e o nome de sua aldeia, os números, as cores, os animais, as aves, os peixes, os instrumentos musicais e etc.
Tapɨy+a Kukamɨe Wetstatsui! Povo Kokama está de festa!
Na aula de hoje vamos gravar um vídeo audiovisual de apresentação pessoal, você vai falar a língua Kokama corretamente pela primeira vez. Estamos abrindo as portas de nosso povo Kokama para um novo mundo.
Lembrete:
Apresentação: Ikuatsenpura.
Audiovisual: Umiratsenupan.
Celular: Makina Kumitsatatatara.
Língua: Kumitsa.
Gravar; Gravação: mulher: Ikuaka naiy+a, homem: Ikuaka.
Pessoal: Awa.
Vídeo: Y+anukatantsetsakuara.
Para ajudar nas duvidas temos os seguintes links:
Sobre clã: https://estadodoaltosolimoes.blogspot.com/2021/01/curso-de-lingua-kokama-aula-n-03-sabado.html
Sobre cidades: https://estadodoaltosolimoes.blogspot.com/2021/01/curso-de-lingua-kokama-aula-n-2-data.html
Sobre números: https://estadodoaltosolimoes.blogspot.com/2021/01/curso-de-lingua-kokama-aula-n-09-sabado.html
Sobre cores: https://estadodoaltosolimoes.blogspot.com/2021/02/curso-da-lingua-kokama-aula-n-11-sabado.html
Você irá gravar uma apresentação pessoal seguindo o breve texto que precisará ser preenchido, que será escrito em português, traduzido em Kokama (masculino e feminino) e será escrito a pronúncia (masculino e feminino) que você irá falar durante a gravação.
Se é homem, grava o video com a fala de homem e se é mulher grava o video com a fala de mulher.
Versão em Português:
Meu nome é ______________________ (escrever nome em Kokama e os dois clãs se houver), tenho _________________ anos de idade (escrever idade por extenso em Kokama). Eu vivo aqui há ________________ anos (escrever os anos por extenso em Kokama). Sou nascido em ________________(local de nascimento). Depois eu vim morar aqui em _______________. Agora eu vivo aqui. Eu trabalho/Estudo aqui em _______________. Eu gosto da cor __________. Hoje eu vim falar a todos vocês.
Versão em Kokama:
MASCULINO:
Ta chira __________________, emete __________________ wata. Ta kakɨrɨ emete ikiaka _________________ wata. Ta uwaritsuri _________________. Raepetsui ta uri kakɨrɨtara ikiaka. Ta kamatatara/ikuaritara ikiaka ___________________. Ikiaka ta kakɨrɨ aipuka. Ta tseta kuatiarata ___________. Ikun ta kumitsa upe epe.
Pronúncia masculina:
Ta thira ________________, imiti ________________ uata. Ta cacürü imiti iquiaca ____________ uata. Ta uúaritisuri _______________. Raipitisui ta uri cacürütara iquiaca. Ta camatatara/ icuaritara iquiaca ____________. Iquiaca ta cacürü aipuca. Ta tisita cuatiarata ___________. Icun ta cumitisa upi ipi.
FEMININO:
Tsa chira ________________, emete ________________ wata. Tsa kakɨrɨ emete ajanka ________________ wata. Tsa uwaritsuri ______________. Y+aepetsui tsa uri kakɨrɨtara ajanka. Tsa kamatatara/ikuaritara ajanka _________________. Ajanka tsa kakɨrɨ aipuka. Tsa tseta kuatiarata _______________. Ikun tsa kumitsa upe epe.
Pronúncia feminina:
Sa thira_________________, imiti _______________ uata. sa cacürü imiti arranga ____________uata. Sa uúaritisuri ______________. Zaipitisui sa uri cacürütara arranga. Sa camatatara/ icuaritara arranga _______________. Arranga sa cacürü aipuca. Sa tisita cuatiarata ____________. Icun sa cumitisa upi ipi.
Orientações gerais sobre gravação:
O celular precisa ser segurado em pé (formato em retrato), seguindo as orientações abaixo (leia tudo antes da gravação do vídeo).
Estamos enviando um guia de orientação para futuras gravações de vídeo com celular, esperamos que seu vídeo gravado alcance qualidade e, assim, possamos praticar e melhorar a nossa língua Kokama e levar para a sala de aula.
Para fazer um vídeo com objetivo de compartilhar alguma informação, o primeiro passo é planejar, assim como fazemos para preparar uma aula presencial ou reunião. Só que, no caso do vídeo, o planejamento gera a criação de um roteiro, e leva em conta a linguagem audiovisual, que é bem diferente de estar presencialmente com alguém conversando sobre algum tema.
O roteiro:
Roteiro 1: O primeiro passo é definir o objetivo do vídeo e o seu público - isso vai fazer diferença na sua forma de falar e organizar as informações.
Roteiro 2: A partir disso, escreva os tópicos que você precisa abordar, pensando a melhor ordem para abordá-los. Isso ajuda a selecionar o que é mais importante e a organizar e encadear as idéias, estabelecendo a ordem em que você vai falar.
Roteiro 3: Depois, parta para a escrita do roteiro. Procure escrever de forma objetiva. O vídeo, em geral, tem uma duração bem menor do que uma reunião e demanda um tipo de atenção diferente.
Roteiro 4: Forma do roteiro: para produzir o texto, existem duas possibilidades que você deve avaliar, de acordo com a sua realidade:
a) Roteiro detalhado - Se estiver iniciando, uma boa prática é fazer um roteiro detalhado de tudo que deseja dizer. Isso vai ajudar a pensar a importância e a ordem que você quer dar às informações e evitar repetições desnecessárias.
b) Tópicos resumidos - Se estiver se sentindo à vontade com a gravação, escreva resumos breves dos tópicos que você não pode esquecer, pensando bem na ordem em que vai abordá-los. Na hora de falar, aborde os assuntos de forma objetiva.
Roteiro 5: Inicie o roteiro com o seu nome e sua função.
Roteiro 6: Introduza o tema que você vai tratar.
Roteiro 7: Quando for mudar de assunto, procure enfatizar tópicos importantes e fazer um breve resumo do que já foi dito.
Roteiro 8: Quanto mais simples e espontâneo, melhor! Lembre que o objetivo é chegar no coração das pessoas. Pode contar exemplos, experiências, se emocionar.
Roteiro 9: Pense se gostaria de destacar certas palavras na imagem, ou inserir alguma imagem ou ilustração em algum ponto do vídeo e já indique esses destaques e inserções no seu roteiro (veja se o aplicativo de edição permite fazer isso).
Roteiro 10: Ao final, inclua uma conclusão ou finalização do assunto.
Roteiro 11: Leia o seu roteiro em voz alta para treinar e conferir o roteiro. Você já pode gravar, se quiser (veja antes as orientações de como gravar).
Roteiro 12: Verifique se as informações fazem sentido, se estão objetivas e em uma ordem adequada, se algo ficaria melhor dito de outra forma, se não houve hesitações ou repetições desnecessárias.
Roteiro 13: Veja se o tempo de duração está adequado. Para levar informações objetivas ao público, o ideal é que cada vídeo tenha uma média de até 5 minutos. Dependendo da duração do vídeo, avalie se não seria melhor dividir em subtópicos, para favorecer a atenção e retenção das informações.
Roteiro 14: Caso o objetivo do vídeo seja uma discussão mais aprofundada, é possível chegar a 10 ou 15 minutos, mas lembre-se da objetividade: especialmente nesse caso, organize o vídeo de forma lógica e clara, com partes bem estabelecidas.
A Gravação:
Os principais elementos para uma boa gravação são: luz, som, enquadramento e a sua própria preparação. Comece escolhendo o ambiente ou "cenário" onde você vai gravar. A iluminação e o som são os critérios mais importantes nesse momento.
A luz:
Luz 1: Procure uma posição em que haja uma fonte de luz na sua frente, para iluminar o seu rosto. Uma fonte de luz atrás de você, como uma janela muito iluminada, vai gerar "contra-luz" (silhueta) ou "estourar" (gerar um brilho muito forte) na imagem.
Luz 2: Cuidado também para evitar a sombra do celular no seu rosto.
Luz 3: Se não tiver uma boa fonte de luz artificial, fique próximo a uma janela, com seu rosto voltado para ela. A luz natural é ótima para uma boa filmagem.
Luz 4: Se for usar um recurso como uma luminária, experimente direcioná-la para uma parede próxima a você. Assim a luz ficará mais suave, pois será refletida pela superfície da parede.
Luz 5: Se a gravação for ao ar livre, evitar de filmar com o sol muito forte. Em dia com sol, filme no início da manhã ou no final da tarde.
O som:
Som 1: Evite lugares com muito barulho ou muito eco.
Som 2: Em geral, um ambiente mais vazio produz mais eco. Para reduzir o eco, procure um ambiente mais "cheio" ou "preencha" o ambiente que você escolheu: você pode utilizar tapetes, cortinas, caixas de papelão, almofadas, cobertores, especialmente nos cantos do cômodo. Isso ajudará a diminuir a reverberação do som nas paredes, que é a fonte do eco.
Som 3: Procure fechar janelas e portas, para evitar sons de conversas, trânsito, obras, vento, etc. Também é bom desligar ventiladores e arcondicionado. Verifique quais seriam os horários mais silenciosos no seu ambiente e priorize estes, se possível.
Som 4: Se puder, use o microfone de um fone de ouvido. Isso irá melhorar a captação da sua voz e reduzir o ruído do ambiente. Faça o teste e perceba a diferença.
Som 5: Ative o modo avião no celular, para que o recebimento de mensagens e ligações não atrapalhe a gravação.
O Enquadramento e posição da câmera:
Enquadramento e posição da câmera 1: Procure se possível gravar com a câmera traseira do celular. Em geral, essas câmeras possuem mais qualidade de imagem que as câmeras dianteiras (câmeras "de selfie").
Enquadramento e posição da câmera 2: Pense no fundo. Ele pode ser algo mais interessante que uma parede branca, mas que não gere distrações demais para o espectador.
Enquadramento e posição da câmera 3: Tente se afastar um pouco do fundo, para dar uma noção de profundidade, deixando clara a separação entre o primeiro plano (você) e o fundo.
Enquadramento e posição da câmera 4: Plataformas em que disponibilizamos os vídeos (tipo youtube) em geral trabalham com vídeos na horizontal. Então, se o seu objetivo não for postar na ferramenta "Stories" do Instagram, por exemplo, grave sempre na horizontal.
Enquadramento e posição da câmera 5: Procure deixar a câmera no nível dos seus olhos, nem gravando "de baixo", nem "de cima". Essas posições "de baixo" e "de cima" geram sentidos e percepções que não favorecem a compreensão e podem gerar desconforto ao assistir um vídeo.
Enquadramento e posição da câmera 6: Deixe um espaço sobre a sua cabeça, mas não muito. Com espaço demais, você vai parecer "afundado". Com espaço de "menos", vai parecer "apertado" na imagem.
Enquadramento e posição da câmera 7: Procure enquadrar-se usando o que chamamos de "plano médio", de forma a exibir os seus movimentos de mãos e braços enquanto explica o assunto, mas com certa proximidade do seu rosto.
Enquadramento e posição da câmera 8: Encontre uma forma de fixar o seu celular. Se não tiver um tripé próprio, você pode utilizar livros como apoio, ou produzir um suporte simples com garrafa PET ou rolo de papel higiênico ou papel toalha.
A preparação:
Preparação 1: Antes de começar a gravar limpe a lente da câmera do seu celular.
Preparação 2: Ensaie! Falar para a câmera pode ser algo intimidante, e treinar ajuda a diminuir o nervoso e aumentar o seu conforto. Procure falar com naturalidade! O ensaio vai te ajudar nisso.
Preparação 3: Você pode dividir o seu roteiro em partes menores para fazer vídeos mais curtos, gravando aos poucos, concluindo uma ideia antes de passar para a próxima e depois juntas no aplicativo de edição. Assim, pode ir ensaiando e gravando aos poucos, se desejar.
Preparação 4: Escolha uma roupa adequada e confortável.
A ação:
Ação 1: Ao falar, olhe para a lente do celular, aquela "bolinha" onde fica a câmera. Assim o seu olhar vai estar direcionado para o seu "público".
Ação 2: Procure falar de forma natural, pausada e clara.
Ação 3: Conclua suas frases, deixando espaços entre os assuntos. Isso também facilita os cortes na edição, caso seja necessário editar.
Ação 4: Se for editar o seu vídeo, você pode gravar mais de uma opção de cada trecho e selecionar os trechos que tenham ficado melhores. "Fiz isso tudo e não ficou legal!"
Pode ser que você veja o vídeo gravado e perceba que poderia aprimorar detalhes como a ordem das informações, o enquadramento, a luz, o som, a sua "atuação" no vídeo, o direcionamento do olhar, a postura, a expressão facial.
Veja o vídeo, confira de novo este Guia e perceba o que pode melhorar. Faça os ajustes necessários e grave de novo, modificando esses pontos. É normal refazer algumas vezes uma gravação até que fique como desejada.
A edição:
Edição 1: Se outra pessoa for editar o seu vídeo, compartilhe o seu roteiro com ela e as indicações de palavras a destacar e sugestões de imagens a inserir ao longo do seu vídeo.
Edição 2: Se você for editar o vídeo, temos algumas dicas de aplicativos para edição de vídeos em celular: • Splice • InShot • VivaCut (conta gratuita permite fazer vídeos de até 5 minutos e coloca marca do aplicativo na imagem) • Film Maker pro • Videorama • Viva Video.
Edição 3: Para editar vídeos no computador, experimente o programa Kdenlive, que é um software livre: https://kdenlive.org
Veja alguns exemplos neste tutorial: https://youtu.be/o5JOBwsPrGU
Qualquer duvida sobre seu primeiro nome verdadeiro em Kokama escreva ao Patriarca Cacique Geral Edney Samias, pelo Whatsapp 97-98412-4115 ou no grupo do Curso.
Todas as pessoas ao seu redor precisam saber que você pertence ao povo Kokama. O mundo precisa saber que você é indígena Kokama.
Orgulho Kokama já!
Exercício da Aula nº 50:
1 – Decore bem o texto do vídeo. Leia varias vezes.
2 – Grave o vídeo proposto na aula de hoje.
3 – Use a criatividade para editar o vídeo.
4 – Divulgar o vídeo no grupo do Curso.
5 – Divulgar o vídeo em suas redes sociais (enviar print no grupo).
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Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
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E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS - 2021.

sábado, 26 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 49: Sábado, 26 de junho de 2021. Os nomes das partes da casa na língua Kokama.

Aula nº 49: Sábado, 26 de junho de 2021.
Chirakana tsatikana uka kumitsa Kukamɨepu. (Chiranu tsatinu uka kumitsa Kukamɨepu).
Os nomes das partes da casa na língua Kokama.
O povo kokama sempre construiu casas as margens dos rios.
Com a dificuldade de material natural muitas dessas casas nas aldeias acabavam sendo cercadas somente com paredes nos fundos.
Casa (Uka) [uca]: Tsa uka erapaka. Minha casa é bonita.
Hoje vamos aprender como chamamos todas as partes da casa (comum) em nossa língua Kokama.
01 - Âmago (ɨwɨtira) [üúütira]: Centro da árvore, tronco de algumas árvores muito duras, particularmente utilizadas como colunas na construção de casas. ɨwɨtira ini y+ankata uka ɨwatatara. O âmago é colocado como coluna da casa.
02 - Armação da cerca (Y+uta ɨwa) [zuta üúa]: quadro da cerca. Tsa uka y+uta ɨwara amanɨwa. A armação da cerca de minha casa é de mulateiro (Calycophyllum spruceanum).
03 - Banheiro (Kapetupa) [capetupa] -Variante: (kapitupa) [capitupa]: Literalmente lugar onde se faz necessidades fisiológicas. Ra y+uti kapetupaka. Está no banheiro (Literalmente, onde se faz necessidades fisiológicas).
04 - Barrote (Y+ura ɨwatata) [zura üútata]: barrotes do piso de paxiúba, postes finos que sustentam o piso de paxiúba ou piso da casa. Y+ura ɨwatata, y+ai wɨkata uka. Os barrotes do piso de paxiúba também reforçam a casa.
05 - Borda do telhado da casa (uka tsɨma) [uca tisüma]: parte externa da casa; beira da casa. Meru y+anukata y+a tsupia uka tsɨmari. A mosca põe seu ovo no borda do telhado da casa.
06- Caibro (Uka y+arakanuara) [uca zaracanuara]: varas finas do telhado da casa. Emete ɨwɨra mirirapan tsɨma uka y+arakanuara. Existem varas finas na borda do caibro.
07 - Coluna (ɨwatata) [üúatata]: também significa poste; Postes grossos que são colocados como suporte nas quinas das casas. A coluna é uma parte fundamental da estrutura de uma casa, uma vez que cumprem a função de sustentação da casa. Também é usado na construção de pontes. ɨwatata wɨkata uka ɨwɨranu. A coluna sustenta a armação de madeira da casa.
08 - Coluna da casa (uka ɨwatata) [uca üúatata]: postes, colunas para a construção da casa. ɨmɨnan uka ɨwatata ipukutsuri. As colunas da casa costumavam ser longos.
09 - Cumeeira (uka y+apɨra ɨwa) [uca zapüra üwa]: cumeeira da casa. Uka y+apɨra ɨwara ini tseta ɨwɨra ipukun. Precisamos de uma vara comprida para o cumeeira da casa.
10 - Escada (Pɨeta tupa) [Püta tupa]: Y+ura ɨwatin arɨwa na warikatsen tseta pɨta tupa. Quero as escadas para subir o alto do piso (de paxiúba).
11 - Janela (Y+akina petse) [zaquina pitsi]: parte da casa. Tsa uka y+akina petsekuara tsui tsa memɨra kunia ukukiui. Minha filha caiu recentemente da janela de minha casa.
12 - Madeira de apoio do piso de paxiúba (Y+ura ɨwa) [zura üúa]: barra transversal do piso de paxiúba, varas que sustenta o piso de paxiúba. ɨwɨra y+apararitupa y+ura ɨwa. A madeira de apoio onde se assenta o piso de paxiúba.
13 - Palha (Ukatsa) [ucatisa]: folhas do teto da casa tradicional Kokama são feito de ramas de palmeira. Pariata tsa ukatsa. O teto de minha casa é de palmeira urucuri.
14 - Palha de jarina (Chipati) [tipati]: telhado da casa tecido de jarina com a qual a crista da casa é coberta. Chipati ini y+auki uka y+apɨrara. Faz-se palha de jarina para cobrir a cumeeira da casa.
15 - Palha de urucuri (Ukatsa pariata) [ucata pariata]: As folhas do telhado da casa, são feitas dos ramos da urucuri (Attalea phalerata). Ukatsa tsa uka ukatsa pariata. O teto de minha casa é de palha de urucuri.
16 - Parede (Y+uta) [zuta]: Parede. Uka y+uta Tsimentutsui. A parede da casa é de cimento.
17 - Parede da cabeça do oitão (Uka y+uru) [uca zuru]: parte dianteira e traseira do teto da casa, revestimento da cabeça do oitão da casa. Uka y+urura mirirapan ɨwɨra ini tukuta. Para a parede da cabeça do oitão da casa se amarra paus finos.
18 - Pátio (Ukara) [ucara]: parte externa e frontal de uma casa. Ukara nuankuara churaminu y+umatsarika As crianças brincam no pátio grande.
19 - Pedaços de paxiúba (Patiwa petse) [patiúa pitisi]: Ripa de paxiúba. Usado para barras transversais de piso de paxiúba. Patiwa petse chira ripia. Os pedaços de paxiúba se chamam ripa.
20 - Piso (Y+ura) [zura]: piso de casa. Y+ura Tsimentu amatsɨka kakɨrɨ awɨra wata. O piso de cimento durar alguns anos.
21 - Piso de paxiúba (Y+ura patiwa) [zura patiúa]: piso das residências tradicionais confeccionada de paxiúba batida (madeira de uma palmeira que é picada e estendida). Este tipo de piso se coloca em uma estrutura de madeira a certa altura da terra. Y+ura patiwa amatsɨka kakɨrɨ awɨra wata. O piso de paxiúba pode durar alguns anos.
22 - Porta (Y+akina) [zaquina]: entrada da casa. Y+akina aitsekapaui tɨma y+a amatsɨka y+atse. A porta se estragou e não se pode fechar.
23 - Resistência dos caibros (Y+arakanuara wɨkata) [zaracanuara uücata]: resistências dos caibros e das vigas da casa. Postes que são colocados no meio do telhado para apoiar caibros e vigas. Paritiwa awanu uchimata y+a uka y+arakanuara wɨkatara. As pessoas extraem a árvore de mamica de porca (Zanthoxylum rhoifolium) para resistência dos caibros na casa.
24 - Sobreviga (tsatsapara miri) [tisatisapara miri]: resistência do oitão da casa. Y+awati ɨwɨra y+umata ɨwan ai awanu uchimata uka ɨwara tsatsaparara mirira y+anukatamira. O envira jabuti (Diguetia spixiana) tem um tronco reto, as pessoas extraem para colocar como sobreviga da casa.
25 - Teto (Ukatsa) [ucatisa]: cobertura da casa. Ukatsa iy+ukan ta uka emete atɨkɨrɨ. O teto velho de minha casa tem goteira.
26 - Teto da casa tecido de jarina com que se cobre a casa (Chipati) [tipati]: Chipati ini y+auki uka y+apɨrara. Se faz teto para cubrir a cumeeira da casa.
27 - Viga (Tsatsapara) [tisatisapara]: Ripa. Madeira (poste) horizontal para apoiar o telhado da casa. Tsa uka tsatsapara iy+ukan tsakarikui. A viga podre da minha casa quebrou.
28 - Viga fina (Tsatsapara churan) [tisatisapara thuran]: Listão. Resistência dos caibros, das vigas e do oitão da casa. Tsa uka tsatsapara churan ɨwɨtu urutatui. A viga fina da minha casa foi solta pelo vento.
29 - Viga grande (tsatsapara nuan) [tisatisapara nuan]: Ripão. Trave da casa; vara grossa que é colocada no meio da casa. Tsatsapara nuan era y+aukitupara pari. As vigas grandes são boas para fazer armação.
30 - Viga soleira (tsatsapara ipukun) [tisatisapara ipucun]: Madeiras (varas) laterais da casa. Tsa uka tsatsapara ipukun tsakarikui. O pau podre da viga soleira de minha casa se quebrou.
Exercício da Aula nº 49:
01 – Desenhe a sua casa e coloque em kokama os nomes das partes da casa.
02 – Quais os tipos de palha para cobrir casas você conhece? Descreva.
03 – Quais os tipos de pisos de casa você conhece? Conte sua experiencia.
04 – Como são as residências atuais nas aldeias? Relate.
05 – Descreva sua residência e o local onde reside.
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Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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segunda-feira, 21 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 48: Domingo, 20 de junho de 2021. Instrumento de corte e costura do povo Kokama.

Aula nº 48: Domingo, 20 de junho de 2021.
Y+u makina tapɨy+a Kukamɨepu.
Instrumento de corte e costura do povo Kokama.
Maniawa inu y+auki ajan y+upin? Como fazem este tecido?
O povo indígena Kokama desde os primórdios tempos usam roupas (chiru), usavam couros, teciam tucum, algodão, envira, juta e outros materiais que davam para fazer tecidos.
Amui ɨmɨntsarara maniawa ra kakɨrɨtsuri ɨmɨnua. O avô conta como viviam antes.
Antigamente o povo Kokama vivia organizado por clãs, cada clã tinha seu oficio dentro da aldeia e para identificar seu clã era usado o grafismo de seu clã em sua roupa branca.
Mania kukamɨenu tsukuta inu hirutsuri. Como lavavam sua roupa os Kokama?
A lavagem da roupa era especial, as mulheres ia para as margens do rio lavar roupar com sabão numa pequena balsa e lá era momento de aprendizagem das mulheres e já falavam da vida da mulher e seus futuros.
O povo Kokama são alquimistas, já faziam sabão, sabonetes, xampus, óleos (hidratante e para curar), perfumes, essências diversas retiradas da natureza, das flores, das raízes, das cascas e animais.
Ini y+apai ikua kuatiaraka Kukamɨepu. (Vamos aprender a escrever em Kokama):
01 - Agulha para costura, tricô de chapéu, etc. (Uku) [ucu]: Antigamente os Kokama faziam suas agulhas com espinha de peixe, principalmente da costela da aruanã, ou com lascas da árvore de paracanaúba por ser uma madeira dura. As agulhas serviam para costurar as bolsas de algodão, saia tradicional de algodão e etc. Tsa nai tsitsate awirupa ai tɨma uy+ari umi uku y+akɨkuara. Os olhos da minha avó estão turvos, ela não pode ver o buraco da agulha.
02 - Algodão (amaniu) [amaniu]: O algodão quando verde é denominado “iy+a ɨkɨran” e o maduro “iy+a upukan”. A infusão de folhas de algodão é usada para curar gases e dores de estômago. Da mesma forma, as mulheres em trabalho de parto recebem uma infusão de folhas de algodão com alho para acelerar e facilitar o processo. O fruto do algodão é usado para curar doenças de pele, é esfregada contra a pele doente. Nos tempos antigos, os homens e mulheres Kokama trabalhavam com algodão para fazer suas roupas tradicionais. Amaniu iy+a upukanpu ini y+auki inimu, y+aepetsui y+ai mechara penu y+aukiai y+a tsenetsen kanatara. Com o algodão maduro fazemos fio, depois fazemos pavios para acender a luz (lamparina).
03 - Alisar (ɨtsɨmata) [ütisümata]: ɨtsɨmata tuy+uka y+ukuchi ruwatapu. Alise a panela de barro com pedra de polimento. ɨtsɨmata tsa chiru machirin pranchapu. Endireito meu vestido surrado com ferro-de-passar (prancha).
04 - Amarrar (Tɨkɨta) [tücüta]: atar, amarrar; por exemplo, amarrar um porco, um tamalhe, o umbigo de um bebê, etc. Churankɨra mɨrua ini tɨkɨta kipey+ukapu. Amarramos o umbigo do bebê com um pano. Tsa memɨra kunia tɨma ikua tɨkɨta anaru pupeka. Minha filha não sabe amarrar pupeca. Tɨkɨta na y+akɨ na y+akɨtsa ukukimaka ey+unkuara. Amarre sua cabeça para que seu cabelo não caia na comida. Tɨkɨta na y+akɨtsa! Prenda seu cabelo (penteie)!
05 - Anágua (wɨrɨpen) [úürüpin]: Tsa wɨrɨpen tɨma tini ai tsenepukawa. Minha anágua não é branco, é azul.
06 - Assento (Y+apɨkatupa) [zapücatupa]: banco, lugar para sentar, qualquer objeto que possa ser usado para sentar. Ikian na y+apɨkatupa. Este é o seu lugar (banco). Ikian tana erutsu y+apɨkatupapurakana. Nós levamos esses assentos.
07 - Bolsa (Tatɨwachiru) [tatüúatiru]: pode ser também saco, sacolas, pasta, bolso, recipiente, afins. Tsa y+auki tatɨwachiru upi mari erata chirura. Eu faço sacola para guardar tudo.
08 - Boné (Y+akɨchiru) [zacütiru]: proteção da cabeça. Pai y+akɨchiru ɨwɨtu itikan unipu y+aparariui. O vento jogou o boné do meu tio na água e ele afundou.
09 - Botão (Tatata) [tatata]: Tsa chiru tatata kɨrɨrɨtawa uy+aritan. Os botões do meu vestido estão colados em uma fileira.
10 - Calças (Tutumachiru) [tudumatiru] - Variante: (Tuntachiru) [tundachiru]: calção, bermudas, cuecas. Roupa interior comprida. Quando os Kokama tiveram acesso aos tecidos, passaram a fazer suas próprias roupas íntimas em forma de calça. Antes dos tecidos, apenas faziam saia de algodão, era feita trabalhando com algodão. ɨmɨnan awanu tɨma tutumachiruy+ara kakɨrɨtsuri. Antigamente, a gente não vivia com calção.
11 - Calcinha (Tamatiachiru) [tamatiathiru] - variante: (Pishachiru) [pichathiru]: Waina emete tamatiachiru. A mulher tem calcinha.
12 - Chapéu (Chapewa) [thapiúa] - Variante: (chapeu) (thapeu]: Etse y+auki chapewa tuku tsuwatsui. Eu faço um chapéu com brolho de tucum. Tɨpapuka ini tseta chapewa kuarachi tapɨra. Precisamos de um chapéu para nos proteger do sol quando é verão.
13 - Cobertor (Y+uwanata) [zuúanata]: manta, tolha. Tsɨripuka ini y+uwanaka y+uwanatapu. Cobrimos-nos com um cobertor quando está frio. Raepe rana purepeta y+uwanatakana. Eles vendem cobertores lá.
14 - Cocar (Y+akɨ warimata) [zaqui úarimata]: toucado, coroa tradicional de pena, enfeite da cabeça. Conjunto de penas de arara. ɨmiman apu y+anukata y+akɨ warimata arara tsuwi y+ai iruatakan wɨra tsa. Antes, alguns chefes usava sua coroa feita de cauda de arara misturada com penas de pombo.
15 - Corda (Puwatsa) [puúatisa]: fio que não é silvestre, mas fabricada de casca de árvore, cipós, etc. Exemplos de "puwatsa" que são as cordas feitas do olho de tucum para amarrar tamalhe. O nylon para pendurar roupas. As cordas para amarrar o barco e assim por diante. É mais grosso do que "inimu", linha. Tuku puwatsapu ini tɨkɨta ai. Com a corda de tucum amarramos. Puwatsakana emete maniamaniakan, ɨwɨrakanatsui katupen. Existem cordas de todos os tipos que se tira das plantas.
16 - Costurar (Y+u) [zú]: unir dois pedaços de tecido. Uku y+atɨka tsa pɨtsape chiru y+uarin. A agulha furou minha unha quando eu estava costurando roupas. Emete puwatsa miminiun chiru y+utata. Existe uma corda fininha para costurar as roupas.
17 - Cueca (Wirachiru) [úirathiru]: Niapitsanu emete wirachiru. o homem tem cueca.
18 - Dobrar (Tsakarika) [sacarica]: Chiru ikanaminu na erata tsakarika urukurukuara. Dobre e arrume as roupas secas na cesta.
19 - Enrolar (Y+apara) [zapara]: Pode ser aplicado a uma coisa, por exemplo, um novelo de lã, um rolo de timbó, um rolo de tucum ou mesmo uma cobra. Kuin puatsa na y+apara. Enrosca essa corda. Ajan kunumi kaɨ yaparan. Esse jovem tem uma perna torta.
20 - Enrolar (Y+apiti) [zapiti]: embrulhar, envolver. Y+apiti inimu y+urakan ɨwari. Enrola em um pau o fio desamarrado (faça uma bola). Tsa parɨrɨkan amaniu tsa y+apiti pata ɨwari. Você enrola o fio de algodão torcido no fuso.
21 - Fiação (Ipani) [ipani]: torcer algodão para fiar, reduza aos fios mais finos ou mais finos possíveis para fiar. Patapu ipanin amaniutsui ɨmɨnuan waina y+auki y+a chirutsuri. A mulher antiga fazia suas roupas com algodão fiado.
22 - Fio de seda (Urapɨta) [urapüta]: literalmente pé de lagarta. Este é um tipo de tecido fabricado do casulo da lagarta de diversas mariposas. A mais comum é a Bombyx mori. Tipitsa y+akɨ y+upin katupe entera urapɨta. O tecido da cabeça de uma vassoura é parecido fio de seda.
23 - Franzir (Michikuka) [miticuga]: franzido, enrugado, pregado, dobrado, pregado. Por exemplo, tecidos costurados que ao se unir ficam franzidas. Chiru chautakan tsa y+u michikukawa. Minha roupa rasgada se costura juntando e franzindo.
24 - Franzir (Katsere) [catiseri] - Variante: (Katsiri) [kachiri]: Tsa chiru warimata katsereta. O adorno de minhas roupas está franzido. Chiru peruperu katseretan. O vestido tem adorno de gola franzida. Tsa uwakatapa tsa chiru tsay+ara. Transformei meu vestido em uma saia. Y+amua chiru y+aukiari ene, ian tsa chiru y+an y+aiti na y+u. Você está fazendo outro vestido, então vou costurar meu vestido.
25 - Fuso (Pata) [pata]: fiador de algodão, instrumento pequeno e fino usado para fiar um ou mais fios. Amaniu parɨrɨkatata ini chirata pata. A ferramenta usada para fiar algodão é chamada de fuso.
26 - Jarina (Chipati) [thipati]: espécie de palmeira que pode atingir aproximadamente 2,8 m de altura (phytelephas macrocarpa). Os Kokama usam esta palmeira na construção de casas, suas folhas entrelaçadas são muito valorizadas para telhados; Sua semente madura foi usada para fazer botões. Chipati tsatsui ɨmɨnua awanu y+auki tatatatsuri aipuka tɨma uy+ari. As pessoas faziam botões de semente de jarina, agora já não.
27 - Juta (Y+uti) [zuti]: planta que não pertence ao nosso território. É uma planta têxtil pertencente à família das Tiláceas (Corchorus capsularis). Exige solo fértil e bem drenado, assim como clima quente e úmido. O principal componente dessa fibra têxtil é a celulose, sob a forma de linho-celulose. As melhores qualidades de juta são as que apresentam robustez das fibras e a cor branca e brilhante do talo. Ikun emete y+uti y+upin. Hoje tenho tecido juta.
28 - Trapos (Kepey+uka) [quepezuca] - Variante: (kipey+uka) [quipeiuca], (tepeyuka) [tipizuca]: , tipos de roupas de tecido, como calças, lençóis, colchas, etc. Tsa memɨra kunia y+atɨrɨta kepeyuka ya tsukutamira. Minha filha junta panos para lavar.
29 - Linha de costura (Inimu) [inimu]: fio, corda fininha, um fio fino que era tradicionalmente obtido torcendo-se o algodão ou tucum. Atualmente o fio é comprado em lojas e por extensão o nylon fino que serve para remendar as tarrafas também é chamado de “inimu”. ɨmɨnan kukamɨenu y+auki inimu amaniu parɨrɨkantsui. Os antigos Kokama torcendo o algodão faziam linha de costura. Tsa parɨrɨka amaniu inimura. Eu torço o algodão para fazer linha.
30 - Roupa de Luto (Chiru tsunin) [thiru sunin]: roupa escura. Literalmente “vestimenta negra” que se coloca depois do falecimento de um parente. Awa irua umanun, ai akita chiru tsunin. A gente se veste de preto quando algum parente morre.
31 - Maquina de costura (Y+amakina) [zamaquina]: Waina emete y+amakina. A mulher tem calcinha.
32 - Mata-pasto (Tsetsa) [tsitsa]: árvore que atinge 15 m de altura e cresce como uma erva daninha. Possui flores amarelas. Seu fruto é linear e oblongo. É usado como medicamento. Sua folha, amarga, é esmagada e serve para curar doenças de pele, como arranhões. A flor cozida junto com a raiz é tomada como água para limpar o corpo. O tronco é usado para as cercas e caibros das casas. Tsetsa aitsen y+anamata ra tsey+unira kukuara chita y+anama. A árvore de mata-pasto é uma erva daninha que crescer abundantemente no campo.
33 - Meia (Kaɨchiru) [caüthiru]: Literalmente roupa da perna ou roupa da canela. Kaɨchiru ini akɨta tsenepia katika warikan. As meias se colocam até o joelho.
34 - Mosquiteiro (ɨrɨkari) [ürücari] - Variante: (ɨrakari) [üracari]: ɨpɨtsa ini ukɨrɨ ɨrɨkarikuara y+atiu ey+umaka ini tsuwɨ. À noite, nós dormimos em um mosquiteiro para que o carapanã não sugue nosso sangue.
35 - Munguba (Iwira) [iúira]: O povo Kokama utiliza a casca verde para elaborar um tecido, porém ao madurar não se utiliza porque fica duro. Antigamente, se fazia uma linha da munguba e fabricava um tecido. Iwira ɨwa tuan kurukuru ipuku yai tsetsay+ara tewey+uwa. O tronco de envireira é comprido, grosso e sua flor é rosa.
36 - Munguba (wape) [uapi]: espécie de algodão (Pachira aquatica). É uma árvore que atinge aproximadamente 40 m de altura. Seu fruto é semelhante à toupeira. Suas sementes são embrulhadas em algodão e são alimentos dos periquitos e papagaios. Seu tronco é extraído para a fabricação de papel. Wape ɨwa nuan kurukuru y+ai ipukun. O tronco da munguba é alto e grosso. Wape tsa miminiu ipukurapa. A folha da munguba é pequena e alongada.
37 - Munguba vermelha (Iwira pɨtani): Seu tronco é grosso e suas folhas ficam nas pontas das ramas (Pseudobombax munguba). Seu fruto é de cor rosa. O povo Kokama faz corda e tecido da casca da munguba vermelha. Iwira pɨtani piruara eran puwatsa ai upi mari tɨkɨtatara. A casca da munguba vermelha se utiliza para fazer cordas.
38 - Nó (Tɨkɨta) [tücüta]: Amarrado, atado ou nó simples. Ikuarinminu tsa y+umita marawe tɨkɨtapu. Eu ensino os alunos como amarrar o abano. Y+umita na taɨra tɨkɨtakanapu: ɨara tɨkɨtapu, kuchi tɨkɨtapu, pɨtsa y+akɨ tɨkɨtapu, waka y+apichikatata puwatsa ɨtsɨmakanpu. Ensine a seu filho os laços ou nós: amarre a canoa, o nó do porco, a coroa da tarrafa, um nó deslizante com uma corda grossa para agarrar a vaca.
39 - Nú (Chirutɨ) [thiruti]: estar sem roupa. Chirutɨn ukukiui. O nú caiu. Ta ukɨriatsera wepe waina chirutɨnanin. Eu sonhei com uma mulher nua.
40 - Pincel (Kuatiaratata) [cuatiaratata]: instrumento com o qual se desenha, pinta, decora. Era muritsu kutiaratata ajan wepe wɨra tsa. Um bom pincel para pintar uma jarra é a pena de um pássaro. Y+auki kuatiaratata rapu na kuatiara tsitsakana. Faça seu pincel com isso, pinte os rostos.
41 - Rede (Tukini) [tuquini]: Antigamente o povo Kokama dormia em redes tecidas com tucum. As fibras eram secas, torcidas e preparadas na hora. Também do Jutazal, de lá tiravam as jutas mais maltratadas, porém não eram redes duráveis. Upi awanu y+aparari tukinikuara wapurupu y+a utsupuka. Todas as pessoas se deitam na rede quando vão no barco.
42 - Roupa (Chiru) [tiru]: termo genérico para todo tipo de vestimenta; alguns interpretam como “camisa”. Akita na chiru. Vista sua roupa, vista-se. Y+a chirui+arari. Ela está se vestindo, trocando de roupa. Y+anuka tsupianu anaruka chirukuara. Coloque os ovos embrulhando-os dentro da roupa. Erapaka na chiru katupe. Seu vestido parece fofo (lindo). ɨpɨruta etse na chirupu. Empreste-me sua roupa.
43 - Saia (Tsaya) [tisaia]: Tsa tsaya emete tatɨwachirun kuriki eratachiru. Minha saia tem um bolso para guardar dinheiro.
44 - Saia tradicional de algodão (Tsaichimi) [tisaitimi] - Variante: (Chaichimi) [Thaithimi]: saia tradicional Kokama de algodão. A “tsaichimi” consistia em um único tecido feito na forma de um cinturão largo que era tingido de vermelho, azul ou preto. Os corantes eram feitos de folhas, cipós e raízes de árvores. A saia de algodão era usada enrolada na cintura e presa com um cordão de algodão. Tsa nai chirura tsaichimi ukuatsuri. Minha avó costumava se vestir de saia de algodão tradicional. Patapu parɨrɨkan amaniutsui inu y+auki tsaichimi ukuatsuri ɨmɨnua. Antigamente, eles faziam a saia de algodão tradicional com algodão torcido no fuso (fiador de algodão).
45 - Sutiã (Kamachiru) [camatiru]: Literalmente roupa dos seios. Wainanu akita kamachiru. Mulheres colocam sutiã.
46 - Tecido (Y+anukatan) [zanucatan]: tela, pano, etc. Y+anukatantsui tsa y+auki chirunu. Eu faço vestidos com o tecido.
47 - Tecido (Y+upin) [zupin]: Forma nominal do verbo “yupi” que significa tercer ou tricotar. Kukamɨe rana ikua y+auki ni maniawatsun y+upinkana ukuatsuriai. O kokama de antes sabia fazer tecelagens.
48 - Tesoura (Y+apinata) [zapinata]: Y+apinatapu ini ɨpɨkaka kepey+uka y+aukitsen chiru. Com a tesoura corta-se o tecido para fazer roupas.
49 - Tintura preta (Kumaka) [cumaca]: preparada a partir da casca da árvore de Caoba (Swietenia macrophylla). Este é triturado até ficar com uma tonalidade marrom. Para que os objetos fiquem pretos, o povo Kokama enterra os objetos na lama. O povo kokama com a tinta preta de Caoba pintava suas roupas, enfeitavam seus remos, entre outras coisas. Kumakapu ini tsunita y+apukitatsuri. Com tinta preta a gente pintou o remo (Literalmente, enegreceram o remo com tinta preta).
50 - Torcer (Y+amamani) [zamamani]: torção, torcedura, encurvar ou dobrar algo. Por exemplo, torcer o pescoço da galinha para matá-la. O cabelo para fazer um laço. O fio de algodão para fazer bolinhas. Este tipo de torção não se aplica à fiação (fiar) que é “Parɨrɨka”. Nem para coisas que não são grossas, aquelas que não se torcem grosso como timbó, mangueiras, cabos de luz, isto é "Y+apara", fazer rolos em círculos ou grandes voltas. Y+uti puatsa y+amamani na y+aparai. Enrole a corda de juta torcendo-a. Amaniutsuin inimu ini y+amamani ɨwɨrakɨrari. Nós enrolamos o fio de algodão em um pedaço de pau (palito).
51 - Torcer linha (Parɨrɨka) [parürüca]: torcer fio de algum material natural, por exemplo, fiar algodão, torcer tucum. Por meio desse processo, que foi obtido o material para a confecção da “saia tradicional de algodão (Tsaichimi)”, das redes de tucum, das linhas para o anzol, entre outros. Epe parɨrɨka amaniu tsaichimi y+aukitsen. Eles torcem algodão para fazer a saia tradicional de algodão. Inu parɨrɨka inimu ya kurukurutsen. Eles torcem o fio para torná-lo mais grosso.
52 - Trapos (Kepey+uka) [quepezuca] - Variante: (Kipey+uka) [quipezuca], (Tepeyuka) [tepeiuca]: panos, tipos de roupas de tecido, como calças, lençóis, colchas, etc. Tsa memɨra kunia y+atɨrɨta kepey+uka y+a tsukutamira. Minha filha pega panos para lavar. Parana tsɨmari inu upuka ni tuntachiruy+ara. Eles vão para a margem do rio sem calças.
53 - Travesseiro (Y+akɨtupa)[zacütupa]: Karichi tsa ikanan ini y+anuka y+akɨtupakuara y+a chapunitsen. A folha seca da planta perfumada é colocada dentro do travesseiro para torná-la agradável.
54 - Tucum (Tuku) [túcu]: tronco e fibra obtida desta palmeira (Astrocaryum chambira). Possui um caule com mais de 25 m de altura e aproximadamente 20 a 35 cm de diâmetro. O caule e as folhas são cobertos de espinhos. Tradicionalmente, o tucum era usado para fazer redes de pesca, hoje é usada principalmente para tecer bolsas e redes para dormir. Tuku tɨma emete tuy+uka uy+upenka, ai kakɨrɨ ɨwatatsɨmarupe. Não há tucum em terreno baixo, ele vive de terra alta. Tuku tsuwatin era. O botão de tucum é bom.
55 - Túnica tradicional de frio (Kushma) [cusma]: Bata, Capa de frio. Patapu ipanin amaniutsui ɨmɨnuan waina yauki ya kushmara. A mulher antiga fiava com o pé de algodão para fazer sua túnica tradicional de frio.
56 - Vestido (Chiru) [tiru]: Ai tsa mena purepe chiru karatsuman tsa akitamira. Meu marido já comprou um vestido roxo para usar.
57 - Vestir alguém (Akita) [aquita]: vestir-se a si mesmo. Mudar de roupa. Akitapuri na irua chiru wawuru niaukipura!Vista o teu irmão, por favor!
Exercício da Aula nº 48:
01 – Desenhe os principais instrumentos de costura e coloque os nomes em Kokama embaixo de cada desenho.
02 – Como eram feitas as agulhas antigamente?
03 – De qual árvore se extrai a tintura preta?
04 – Desenhe as roupas e coloque os nomes embaixo das peças em Kokama.
05 – De acordo com a aula de hoje, de quais materiais naturais eram tirado para fazer tecidos e linhas de costura?
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Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
WhatsApp: (97) 984124115
E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS - 2021.

sábado, 19 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 47: Sábado, 19 de junho de 2021. Instrumento de Carpintaria do povo Kokama.

Aula nº 47: Sábado, 19 de junho de 2021. Aniversário de 40 anos de idade no nosso atual Patriarca Cacique Geral Edney da Cunha Samias.
Kirutsenɨwɨratupa makina Tapɨy+a Kukamɨe.
Instrumento de Carpintaria do povo Kokama.
O povo Kokama sabe usar a madeira para tudo em sua vida, havia uma relação intrínseca entre floresta e a aldeia. A arquitetura Kokama trás técnica considerada avançada para a construção, uma verdadeira expressão artística Kokama.
O teto das casas kokama tem uma forma de rapadura, apontada para o céu para uma melhor comunicação com o Criador. E dentro das Casa muita cerâmica de todos os tamanhos para diversos fins.
O costume era passar a parte da tarde do lado de fora das casas, realizando as suas atividades laborais ao ar livre durante a tarde, como ir pescar, plantar, caçar, colher, estudar as estrelas, observar os fenômenos naturais, estudar as coisas da floresta e etc.
O objetivo das construções Kokama, sempre foi pensado para que seu moradores pudessem se proteger de fenômenos naturais, como os ventos e as chuvas, bem como dos ataques de animais. Ou seja, na aldeia tradicional Kokama havia casa grande onde todos da Comunidade passavam a noite com uma fogueira acessa ao centro da casa grande.
Cada família tinha uma casa pequena que era para os afazeres diários, como fazer cerâmicas, armas ou material de caça e pesca, utensílios, instrumentos de trabalho, roupas, bebidas e comidas, etc.
Na Aldeia Kokama cada família tinha uma atribuição de acordo com seu clã.
As relações íntimas conjugais aconteciam pela parte da manhã na casa e não podia ocorrer à noite, pois poderia trazer tragédia ou desgraça para a aldeia.
O povo Kokama dormir lá pelas 4 da madrugada até as 11 da manhã.
Durante a noite, os que estavam cansados dormiam num lugar reservados na casa grande, sem interferir nas atividades noturnas da aldeia, outros participavam do ritual da ayahuasca, mas a toma era reservado para cada família e dependo do objetivo do ritual da ayahuasca para a aldeia.
Pela manhã, aqueles que dormiram cedo, poderiam sair para pescar, caçar ou buscar frutas para o primeiro alimento diário.
Mas adiante outra equipe já saia para trazer o almoço e a janta.
A madeira é sagrada para o Povo Kokama. A história da origem do povo Kokama conta que Deus (Tiutsu Muki Y+ara) criou o primeiro Kokama de uma terra chamada “Tawatini”, daí criou o primeiro homem Kokama que chamou de Tatay+ara (Tatazara]. E esse primeiro homem Kokama tirou 7 mulheres e 6 homens da madeira, de uma árvore conhecida como árvores do vinho sagrado. A cosmovisão da origem do Povo Kokama é bela. E conta nossa história que há 500 anos o nosso povo teve envolvimento com os filhos de Adão (o homem do outro lado).
A madeira sempre foi sagrada para o povo Kokama, para usar para construir sua casa deve pedir permissão do Elemental da árvore, para que casa tenha uma vida familiar de harmonia, prosperidade e paz.
Ini y+apai ikua kuatiaraka Kukamɨepu. (Vamos aprender a escrever em Kokama):
01 - Banco de madeira (Paruri) [paruri]: Banco de madeira em forma de jabuti por ser de pernas pequenas. Ajan paruriarɨwa na y+apɨka. Neste banco de madeira você senta.
02 - Brocadeira/Furadeira (Makina chiuki) [maquína tiuqui]: Ra makina chiuki iy+ara. Ele quer a furadeira.
03 - Buraco (kakuara) [cacuara]: Ajan ɨrara kakuarapa. Esta canoa está buraco. Ini chiuki tuy+uka kakuara panara y+atimachiru. Cavamos o buraco na terra para plantar banana. Tsa kuakuarata tuy+ukui. Eu cavei na terra.
04 - Buraco (kakuaran) [cacuaran]: Tuy+ukapu kakuaran inu y+atse. Eles tamparam o buraco com terra. Inanpika y+utsuka na puwa kakuarankuara. Cuidado ao meter tua mão dentro do buraco. Emete chita kakuarankana ikian pekuara. Existem muitos buracos neste caminho.
05 - Cadeira (Y+apɨkatupa) [zapücatupa]: assento, banco, qualquer objeto que pode servir para sentar (y+apuka). Ikian na y+apɨkatupa. Este é sua cadeira. Ikian tana erutsu y+apɨkatupapurakana. Nós levamos estes bancos.
06 - Calcular (tsanata) [tisanata]: significa também contar quantidade. Wawuru niaukipura, Tsanatapuri atawari tsupia. Por favor, conta os ovos da galinha. Kuriki na tsanata tewe ini purepetara. Conta o dinheiro para comprar sal. Tsanata awɨrɨ puwa amatsɨka wepe metrura. Cálcula quantas quartas alcança um metro.
07 - Carpintaria (kirutsenɨwɨratupa) [quirutisenïúïratuba]: Ta taɨra kirutsenɨwɨratupa uka ɨwɨtu itika y+apɨra. Na carpintaria de meu filho, o vento levou o teto.
08 - Carpinteiro (kirutsenɨwɨrawara) [quirutisenïúïrauara]: ta kirutsenɨwɨrawara. Eu sou carpinteiro.
09 - Casa (Uka) [uca]: “Itimukɨra” tsa erutsu na utsu y+upimira y+apunu ukay+a. “Timbozinho” vou te tecer como a casa de japó. Ra erutsu tsa ra ukaka. Me leva para a sua casa.
10 - Cedro (Akaiwa) [acaiúa]: ɨmɨnua penu y+auki ɨaratsuri akaiwatsui. Antigamente faziamos canoa de cedro. Akaiwa ɨwɨra tsui awanu y+auki ɨara, ajan y+a piruara era y+utsarapan mutsanara. A gente faz canoa de cedro, esta madeira é boa para curar a inflamação.
11 - Cepo (Tsepu) [tisepu]: Serve para entalhar canaletas, molduras, etc. Emete ta tsepu. Eu tenho cepo.
12 - Compasso (Makina kamukurika petseta) [maquína camucurica pitisita]: serve para marcar e cortar arcos e circunferências. Emete ta Makina kamukurika petseta. Eu tenho compasso.
13 - Dobrar (Tsakarika) [sacarita]: significa também pregar ou grudar, por exemplo, a roupa, o papel. Karta na tsakarika na akitatsenai y+a tatɨwachiru. Dobra a carta para meter no seu bolso. Chiru ikanaminu na erata tsakarika urukurukuara. Dobra e acomoda na cesta a roupa seca. Urukuru tsɨma ini y+aparata tsakarika. Dobramos e pregamos a borda da cesta.
14 - Dobrar (Y+aparata) [zaparata]: significa também torcer. Kuatiaran ene y+aparataka na y+anukatsenai y+a chira. Dobra a carta e coloca em seu nome. Y+aparata urukuru tsɨma warimata. Dobra a borda da cesta enfeitada.
15 - Enxadinha de entalhe grande (y+upana tuan) [zupana tuan]:conhecido como enxó. Usado em carpintaria, serve para o entalhe de grandes peças como postes, vigas, embarcações, etc. Emete ta y+upana tuan. Eu tenho enxadinha de entalhe grande.
16 - Enxadinha de pulir (Y+upana) [zupana]: ferramenta de cabo de madeira e base de metal que puede medir 20 x 10 cm aproximadamente. Utiliza-se para pulir a madeira, deixar lisa, sem nódulos ou ramas. Tsa papa ɨtsɨmata ɨaratsɨma y+upanapu. Meu pai alisa a borda da canoa com enxadinha de pulir.
17 - Escada (Pɨta tupa) [Püta tupa]: Y+ura ɨwatin arɨwa na warikatsen tseta pɨta tupa. Quero as escadas para subir o alto do piso (de paxiúba).
18 - Esquadro (Etskuatru) [itscuadru]: Serve para aferir e marcar o ângulo reto. Emete ta etskuatru. Eu tenho esquadro.
19 - Faca Bedame (kɨchikɨra petami) [cüticüra bidami]: Faca ponta tipo estilete. Punho de madeira. Serve para abrir buracos para encaixes na madeira. Emete ta kɨchikɨra pedami. Eu tenho faca bedame.
20 - Faca de tanoeiro (Kirutsen kɨchikɨra) [quirutisin cüticüra]: Lâmina de aço afiada com punhos de madeira. Para entalhe em geral. Emete ta kirutsen kɨchikɨra. Eu tenho faca de tanoeiro.
21 - Formão (Parati) [parati]: lâmina de ferro recuperada com punho torneado em imbuia. Tem de vários tamanhos e tipos de fio (reto ou curvado). Para entalhe em geral. Ferramenta para modelar madeira, espécie de cavadora pequena. Tsa papa chiuki ɨara ɨatikuara paratipu. Meu pai entalha a proa de sua canoa com formão. Parati kamukurikan eran y+atamanikan chiukitara. O formão curvado é bom para talhar arredondado.
22 - Instrumento que serve para jogar algo (itikata) [itigata]: pode ser o recolhedor de lixo, a pá de lixo, lixeira. Y+umi ɨtɨ itikata. Me dar o recolhedor de lixo.
23 - Introduzir alguma coisa a força (Takɨta) [tacüta]: Por exemplo, encravados na madeira, colunas ou estacas na terra. Upi mari ini takɨta takɨtatapu. Toda coisa se encrava com martelo.
24 - Janela (Y+akina petse) [zaquina pitsi]: parte da casa. Tsa uka y+akina petsekuara tsui tsa memɨra kunia ukukiui. Minha filha caiu recentemente da janela de minha casa.
25 - Lápis/Lapiseira (Kuatiarakatata) [cuatiaracatata]: instrumento para escrever como lápiz, caneta, giz, palito (em qualquer superfície como o solo ou um papel). Tsa rimariru purara kuatiarakatataui pekuara. Meu neto encontrou um lápiz/caneta no caminho. Kuatiarakatata chɨpɨy+aran. As lapizeira são caras (Literalmente tem preço).
26 - Linha (Inimu) [inimu]: corda fina que tradicionalmente se obtêm torcendo o algodão. Atualmente a corda se compra nas lojas e por extensão o nylon fino que serve para remendar as tarrafas, também é “inimu”. ɨmɨnan kukamanu y+auki inimu amaniu parɨrɨkantsui. Os antigos Kokama torcendo o algodão faziam linha. Tsa parɨrɨka amaniu inimura. Eu torço o algodão para fazer linha.
27 - Lixa (iwatsu kumɨra) [ïúatisu cumüra]: ferramenta que utiliza o povo Kokama para lixar madeira na carpintaria tradicional e artesanato. Os antigos tiravam a língua do pirarucu e o deixavam secar para depois utilizar como lixa. Iwatsu kumɨrapu na etse y+apukita ɨwa. Ralla o cabo de teu remo com língua de pirarucu.
28 - Madeira (ɨwɨra) [üúüra]: ɨwɨra tatan amanɨwa. O mulateiro é madeira dura.
29 - Madeiragem (Wɨkata) [úügata]: Significa também madeireira. ɨwatata wɨkata uka ɨwɨranu. A coluna de madeira sustenta as madeiragens da casa.
30 - Marcador de linha paralela (makina kuatiarakatata tsupiri) [maquína cuatiaragatata supiri]: conhecido como Graminho. Régua de madeira para riscar linha lateral reta na madeira. Serve para marcar linhas paralelas. Emete ta makina kuatiarakatata tsupiri. Eu tenho graminho.
31 - Marreta de madeira (Matsechi) [maseti]: macete tradicional. Cabeça de mulateiro e punho de cedro. Serve para percutir formões e bedames, ajustar encaixes, etc. Emete ta matsechi. Eu tenho macete.
32 - Martelo (Takɨtata) [tacütata]: ferramenta com uma cabeça de ferro e um cabo de madeira. Emente tsa wepe takɨtata. Eu tenho um martelo.
33 - Medir (Tsanata) [Tisanata]: Uka y+atɨmatuparan ini tsanataka metrupu. Para começar a construir a casa se mede com metro.
34 - Mesa (Metsa) [misa]: ɨwɨtu tsapun kuatiaran uwe metsatsui y+ai eretsen ɨwɨtu itika tsa chiru ikanarin ɨwɨrari. O vento soprou o papel e caiu da mesa, também o vento forte jogou minha roupa que estava secando no pau.
35 – Metro; trena (Metrura) [mitrura]: Metrura munto upi manta tsanata. Todo mundo usa metro para medir.
36 - Mulateiro (Amanɨwa) [amanüúa]: Amanɨwa ipiatsui erapakatun tatape uchima. Sai bom carvão da lenha de mulateiro.
37 - Palha (Ukatsa pariata): [ucatisa pariata]: folhas do teto da casa tradicional Kokama são feito de ramas de palmeira urucuri. Pariata tsa ukatsa. O teto de minha casa é de palmeira urucuri.
38 - Parede (Y+uta) [zuta]: cerca; contorno que rodeia a casa. Uka tsapɨta y+utakuara emete chita atawarinu. No contorno da casa tem bastantes galinhas.
39 - Pátio (Ukara) [ucara]: parte externa e frontal de uma casa. Ukara nuankuara churaminu y+umatsarika As crianças brincam no pátio grande.
40 - Piso de paxiúba (Y+ura) [zura]: piso das residências tradicionais confeccionada de paxiúba batida (madeira de uma palmeira que é picada e estendida). Este tipo de piso se coloca em uma estrutura de madeira a certa altura da terra. Y+ura amatsɨka kakɨrɨ awɨra wata. O piso de paxiúba pode durar alguns anos.
41 - Plaina de chifre (Makina pewataka iy+aka) [maquína piúataga izaca]: serve para retificar e alisar peças. Temente ta makina pewataka iy+aka. Eu não tenho plaina de chifre.
42 - Plaina rebaixadeira (Makina pewataka) [maquína piúataga]: ferramenta de corte que serve para desbastar ranhuras, regular madeira, etc. Temente ta makina pewataka. Eu não tenho plaina rebaixadeira.
43 - Plumo (Prumo) [prumu]: é um instrumento para detectar ou conferir a vertical do lugar e elevar o ponto. Ele pode ser adaptado a um prisma ortogonal ou um tripé. Sua utilização é obrigatória na construção Kokama, uma vez que os traços providenciados passam por ângulos retos. Temente ta prumo. Eu não tenho plumo.
44 - Porta (Y+akina) [zaquina]: entrada da casa. Y+akina aitsekapaui tɨma y+a amatsɨka y+atse. A porta se estragou e não se pode fechar.
45 - Pregar (Tsakarika) [tisacarica]: significa também dobrar, por exemplo, a roupa, o papel, etc. Chiru ikanaminu na erata tsakarika urukurukuara. Dobra e acomoda a roupa seca na cesta.
46 - Prego (prekutsakarika) [pregusacarica]: peça roliça e fina de metal, com uma extremidade pontuda e outra achatada, que serve para fixar, para pendurar algo, ou prender uma coisa à outra. Ra prekutsakarika iy+ara. Ele quer prego.
47 - Pulidora (Ruwata) [ruúata]: material usado para polir, normalmente é usado uma pedra pulidora. Instrumento para pulir e fazer brilhar. Pawa piruarapu ini ruwata muritsu piruara. Nós pulimos em cima da jarra de barro com casca de concha.
48 - Serra de arco (Tsera kanuti) [tiserra canuti]: serra usado em carpintaria. Temente ta tsera kanuti. Eu não tenho serra de arco.
49 - Serra-faca (Tserakɨchikɨra) [tiserracüticüra]: tipo de faca usado em marcenaria, serve para cortes de precisão. Temente ta Tsera kɨchikɨra. Eu não tenho serra-faca.
50 - Serrote (Tsera) [tiserra]: instrumento de construção de folha metálica, comprida, com serrinhas amoladas tipo dente de piranha e com um cabo de madeira. ɨwɨra y+atsɨkata tata ajan tsera. Este serrote é para cortar madeira.
51 - Teto (Ukatsa) [ucatisa]: Ukatsa iy+ukan atɨkɨrɨ. O teto velho de minha casa tem goteira.
52 - Teto da casa tecido de jarina com que se cobre a casa (Chipati) [tipati]: Chipati ini y+auki uka y+apɨrara. Se faz teto para cubrir a cumiera da casa.
53 - Trabalhador (Kamatawara) [camatauara]: significa também empregado. Eles utilizam o termo “kamatatsurin” para mencionar ao “bom trabalhador”. Kamatawaranu uchimata kuriki wepe y+atsɨ inu chɨpɨta. Os trabalhadores tiram dinheiro de um mês pago (salário).
54 - Tubo de nivelar (Niweri) [niúiri]: Nível; Mangueira de nivelar com água. Temente tsa niweri. Eu não tenho tubo de nivelar.
55 – Casa grande tradicional (Uka nuan ɨmɨnua): o teto da casa tradicional milenar tem formato de rapadura.Ta ritamakuara emete wepe Uka nuan ɨmɨnua. Minha aldeia tem uma Casa grande tradicional.
Exercício da Aula nº 47:
01 – Desenhe os instrumentos básicos do Carpinteiro e coloque os nomes em Kokama em baixo do desenho.
02 – Já havia escutado sobre a origem do povo Kokama? De acordo com o texto quais suas considerações.
03 – Qual é a relação do povo Kokama com a madeira e a floresta?
04 – Você já sabia que antigamente cada aldeia Kokama o povo dormia numa só casa grande. Descreva o que achou.
05 – Desenhe Casa grande tradicional milenar.
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Tsarɨwa wata Patriarka Kana May+uru Etinei Tsamia!
Feliz aniversário Patriarca Cacique Geral Edney Samias!
Até a próxima! Iniaparari!
Ainan ta! Obrigado!!!
Prowetsuru Tsamia. Professor Samias.
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© BY EDNEY SAMIAS - 2021.

domingo, 13 de junho de 2021

Curso da Língua Kokama. Aula nº 46: Domingo, 13 de junho de 2021. Instrumento de pesca do povo Kokama.

Aula nº 46: Domingo, 13 de junho de 2021.
Ipurakaritsenipira ay+atata tapɨy+a Kukamɨe.
Instrumento de pesca do povo Kokama.
Atualmente a pesca faz parte da vida diária do indígena Kokama. Na piracema as crianças deixam a escola e vão pescar com os pais.
O povo Kokama milenarmente tem todo conhecimento de comunicação com a água, seus elementais e espíritos.
Somos os grandes conhecedores dos rios e afluentes em todos os territórios da América do Sul. Somos grandes navegantes até os dias de hoje.
A pesca com o cipó timbó é bastante recorrente entre nós Kokama. Temos um modo próprio de bater o timbó, bem como nossas tradições e costumes. Não copiamos culturalmente nada na atualidade de outros povos e nem usamos nada de forma igual aos outros povos indígenas. Todos os povos indígenas do Brasil têm suas características tradicionais próprias.
Nossos pescadores Kokama pediam licença da água, do rio e dos lagos para pescar com segurança e ter bons resultados.
A pesca é um momento especial ao povo Kokama, antes de ir pescar deve fazer umas dietas, ainda mais quem vai pescar de timbó, os pescadores não podem fazer nada de impuro; não fazer sexo, não pode ter dormido ao lado da esposa menstruada, não pode tocar nas mãos de mulher menstruada, não pode comer pimenta e nem porco, tem que respeitar a tradição.
Ao tirar o timbó da mata deve pedir licença a mãe do timbó e não é permitido o homem fazer sexo antes de praticar timbó, se não ele será castigado.
Quando o Kokama tinha bons resultados por obedecer a natureza era chamado de MARUPIARA. E quando não tinha sorte na pesca por não seguir as dietas impostas tradicionalmente era chamado de PANEMA.
Vamos a pratica:
01 - Afundar na água (ɨpɨpe) [üpüpi]: alagar; submergir na água. Ini y+amimi ɨrara ɨpɨpeta. Escondemos a canoa afundando na água.
02 - Água (Uni) [uni]: Ajan uni charupan. Esta é água contaminada. Kawitsuri ipirakua y+ay+akati uni nuatsen. A piracema de pirabutão passa para indicar crescente da água.
03 - Água alta; inverno; água que está acima (Uni arɨwa) [uni arüúa]: Karau y+amɨman y+achu “karau, karau, karau” uni arɨwapuka. O carão triste chora, “carai, carai, carai” no inverno.
04 - Amarrar (tɨkɨta) [tüquïta]: atar; por exemplo, amarrar um porco, um tamalhe, o umbigo de um bebê, etc. Churankɨra mɨrua ini tɨkɨta kipey+ukapu. Nós amarramos o umbigo do bebê com pano. Tsa memɨra kunia tɨma ikua tɨkɨta anaru. Minha filha não sabe amarrar pupeca. Tɨkɨta na y+akɨ na y+akɨtsa ukukimaka ey+unkuara. Amarra tua cabeça para que não se caia teu cabelo na comida. Tɨkɨta na y+akɨtsa. Amarra o teu cabelo (pentiar).
05 - Anzol (Manipiara) [manipiara] - Variante: (Maninpiara) [maninpiara]: instrumento de ferro amarrado em nylon que serve para pescar. Tsuri tsɨki manipiarapu. A cachara se pega com anzol.
06 - Arco (Kanuti) [canuti]: Instrumento utilizado na caça de animais na floresta e para experientes serve também na pesca. Tsa mena tɨma ikua aya ipira kanutipu. Meu marido não sabe caçar com arco.
07 - Arpão (itatsapa) [itatisapa] - Variante: (itatsapua) [itatisapua]: ponta de lança; arma de ferro com uma base para embutir um pau. Utilizado para balear animais aquáticos grandes como peixe-boi, jacaré, pirarucu, etc. Y+uwara tsa amui aya itatsapapu. Meu avô baleou o peixe-boi com arpão.
08 - Atravessar uma embarcação (ɨaraki) [üaraqui] - Variante: (ɨraraki) [üraraqui]: arrastar; varar; atravessar uma embarcação desde um corpo de água a outro. Por exemplo, cruzar uma canoa por uma paliçada, um bote desde um cano até um rio, através de um caminho usando diferentes mecanismos, arrastando, deslizando com paus, etc. Também se aplica a peixes como a enguia, traíra ou jiju que se trasladam desde o rio até os charcos de água em temporadas de chuva. ɨpatsutsui ɨaranu ini uchimata ɨaraki paranaka. Tiramos as canoas do lago até o rio varando. Puraki ɨaraki amana tɨapu y+uriti uni y+atɨrɨkankuara. O puraqué vara com a água da chuva e fica nas poças da água.
09 - Balear; Perfurar; Alcançar; Ferir na floresta ou na água (Aya) [aia]: Implica o lançamento de um instrumento ponto cortante como lança, flecha, dardo da sarabatana, munição, facão, etc. Exemplo: alcançar com sarabatana um macaco. Tsa memɨra aya wepe tsuri ɨpatsukuara. Meu filho feriu um surubim no lago. Tsa amui aya inamu punipiarapu. Meu avô caça macucaua com sarabatana.
10 - Balsa (ɨatapa) [üatapa] - Variante: (ɨy+atapa) [üzatapa]: ɨatapapu tɨma ini y+ay+akati. Com a balsa não navegamos. Awakana y+auki ɨatapaapewatsui. A gente faz balsa de pau-de-balsa (Ochroma Pyramidale).
11 - Borda de um objeto (Tsɨma) [tsüma]: por exemplo, borda de uma canoa, de uma taça, de uma jarra, manga de uma roupa. ɨara tsɨma chautakan awanu mutsanaka takɨta. A gente repara a borda de uma canoa que está partida cravando.
12 - Bote (ɨara nuan) [üara nuan]: Literalmente “canoa grande”. Tsa ritamaka prowetsurunu weperapa ɨara nuany+ara. Em minha comunidade os professores cada um tem seu bote.
13 - Brinquedo (Y+umutsarikata) [zumutisaricata] Variante: (Y+umatsarikata) [zumatisaricata]: Tamanata etse y+umutsarikatapu. Me dar teu brinquedo. Tsa umi eran ɨarakɨraui y+umutsarikata. Vi uma canoazinha bonita para brinquedo.
14 - Cabeceira de um rio (Tiapɨra) [tiapüra]: quebrada, cano. Onde se origina uma fonte de água. Parana tiapɨra y+a y+upunitupa. O lugar onde o rio nasce é a cabeceira.
15 - Caniço (Kanitsu) [caniçu]: vara de pescar com anzol. Ta emete Kanitsu. Eu tenho caniço.
16 - Cano (tɨmatsa) [tümatisa]: quebrada de água pequena que permite a entrada desde um rio grande até um lago. Ikian chinta tɨmatsapuka wapuru aki. Quando a entrada ao lago está em silencio, a lancha entra.
17 - Canoa (ɨara) [üara] - Variante: (ɨrara) [ürara]: Inu ɨrɨrɨta ɨrarapura parana tsɨmari. Eles arrastam sua canoa até a margem do rio.
18 - Carne de caça (Mitayu) [mitaiu] – Variante: (Mitay+u) [mitazu]: carne que se obtem da caça ou da pesca. Ikian niapitsara ipurakarinkana y+atɨrɨta mitay+utsuri aya punipiarapu. Os homens caçadores coletavam sua carne de caça baleando com sarabatana.
19 - Correnteza (tɨpɨy+uka) [tüpüzuca]: corrente, redemoinho no rio. Uni nua utsupuka tɨpɨyuka y+apana eretse. Quando vai aumenta a água, os redemoinhos correm fortes. Uni tɨpɨy+uka muruka ukaui. A correnteza de água derrubou a casa.
20 - Crescente da água (Uni nuan) [uni nuan]: água grande; Enchente. Tewekɨwa ukaimapa uni nuan erutsupa yapuka. O mucuim desaparece quando arrasta a enchente da água. Uni nuan pararaka upi maka, parana tsakamɨnuka y+ai ajan ɨpatsunu y+a nuatapa. A enchente da água se espalha por todas as partes, aos afluentes do rio e isso aumenta os lagos.
21 - Dono (Y+ara) [zara]: ɨara y+ara etse. Eu sou a dona da canoa. Y+ara y+awachimui. O dono chegou.
22 - Embarcar (Uwarita) [uúrita]: Uwarita y+apukita ɨarakuara. Embarca o remo na canoa.
23 - Envireira (iwira) [iúira]: conhecido como umburuçu, vem de imbira=corda e açu=grande. O povo Kokama utiliza a casca terna para elaborar amarrados, pois ao amadurecer não se utiliza mais. Iwira ɨwa tuan kurukuru ipuku y+ai tsetsay+ara tewey+uwa. O tronco da envireira é largo, grosso e sua flor é rosa.
24 - Espinhel (Kamuri) [camuri]: instrumento de pesca parecido anzol. A um extremo de uma corda curta se amarra um gancho e ao outro uma bóia. Atravessa-se o gancho e coloca no lago. Nas margens do lago não se usa bóias, se amarra nas ramas nas margens que estão sobre a água. ɨpatsu tsɨmara ini y+apichika tsawaru kamuripu. Na margem do lago agarramos curimatã usando espinhel.
25 - Estar úmido (tɨa) [tua] - Variante: (tɨy+a) [tïza]: Tsa puwa tɨa. Minha mão está úmida. Tɨapati ɨrarakuara. Bem molhado está o interior da canoa. Tɨapati tsa memɨra y+awachimui. Completamente molhado chegou meu filho. Amanapu tsa tɨa. Me molho com a chuva.
26 - Ferro (Y+uema) [zuima]: desde os tempos primórdios o povo Kokama aprendeu a derreter o ferro sem contato com os não-indígenas. Y+uematsui y+aukin wapurunu y+ai kɨchinu. Essas lanchas e facões são feitos de ferro. Eretsen tupa ukitapa awanu y+uema y+apichikari y+apuka. O trovão queima forte a gente quando está se apoiando no ferro.
27 - Flecha (Uwa) [uúa]: Uwa ipira ayatata. A flecha é para flechar peixe.
28 - Guiar a canoa (tsupiara) [supiara]: alinhar; endereçar; endireitar; guiar a canoa com remo desde a popa para que avance em linha reta. Tsupiara ɨara y+umati utsutsen. Endireita a canoa para ir direito. Y+apukitapu na tsupiara tsapɨtatsui ɨari y+umatikatsen. Guia com o remo desde a popa para que se endireite a canoa.
29 - Ilha (ɨpua) [üpua]: Ta mɨmara tatu ɨpuakuara ta y+apichikan. Eu crio tatu que agarrei na ilha.
30 - Inundação (Pururuka) [pururuka]: igapó, inundar, alagar, alagação. Alguns falantes para mencionar que a ação se tem realizado reiteradamente, por exemplo: “purupuruka”, se aplica quando um líquido cobre algum objeto. Uni pururuka itini. A água alaga a praia. Amana eretsen pururukapa ukara. A chuva forte inunda o patio da casa.
31 - Isca (Tsɨkita) [tisüquita]: Tsɨkita na ini chirata manipiara tsu. A isca do anzol se chama carne.
32 - Lago (ɨpatsu) [üpatisu]: lago que se alimenta por uma entrada e desemboca por uma saída diferente. A diferença de “tipishca” = lago só de um cano, su nível de água geralmente se mantêm constante durante a crescente e seca dos rios. Etse ɨy+ataui ɨpatsukuara. Eu nado no lago. Y+a mena rai utsu ipira chikaritara ɨpatsukuara. Seu marido vai então a buscar peixes no lago.
33 - Lago com um cano (Tipishka) [tipichica]: lago em forma de curva que se alimenta e desemboca pela mesma entrada. Seu volume de agua aumenta no tempo de crescente e pode chegar a secar no tempo da vazante. Tsa ritama kakɨrɨ tipishka tsɨmara. Minha aldeia vive as margens de um lago com um cano.
34 - Lançar (Tiapi) [tiapi]: exemplo, lançar água ou outro líquido, evacuar, se recolhe a água com algum depósito e daí atirar fora. Aplica-se para jogar água suja, tirar a água que está dentro da canoa ou tirar o veneno do timbó da minha canoa e jogar no rio. Tiapi uni ɨarakuaratsui. Joga a água que tem dentro da canoa. Timu tɨa pichitakan ɨarakuara tiniaritara aipu ini tiapi tɨmatsukuara ipira emete tupaka. O timbó moído dentro da canoa para pescar, com isso se joga no cano onde tem peixes.
35 - Lancha (Wapuru) [úapuru]: pequena embarcação. Wapuru amutseweari peka. A lancha está se aproximando (está chegando) ao porto.
36 - Lavrar (teruta) [tiruta]: fazer um trabalho com algum instrumento. Teruta ɨarakuara y+anaman y+anapɨrɨkatika. Lavra o interior da canoa até que se afine mais.
37 - Língua de pirarucu; Lixa (Iwatsu kumɨra) [iúatisu cumüra]: ferramenta que utiliza os Kokama para lixar remo. Os antigos arrancavam a língua do pirarucu e deixavam secar para depois utilizar como lixa. Iwatsu kumɨrapu na etse y+apukita ɨwa. Lixa o cabo de teu remo com língua de pirarucu.
38 - Luz (kanata) [canata]: claridade, instrumentos/utensílios que provem de “luz”. Por exemplo: lamparina, vela, foco, até o fogo, lampião, etc. Ini kumitsara kanata upi mari tsenen ɨpɨtsa. Nós chamamos luz tudo o que alumia a noite.
39 - Mar (Paranawatsu) [paranaúatisu]: Literalmente rio gigante. Tsa tɨma maniapuka umi paranawatsu iy+an tsa ikua emete wapuruwatsu ukua y+akuara. Eu nunca vi o mar, mas sei que existem lanchas muitos grandes andando dentro dela. Paranawatsu muntu y+atamanikata. O mar que rodeia o mundo.
40 - Margens de rio (tsɨma) [tisüma]: margens de cano; margens de lago; praia. Y+a purara uka misha ikian ɨaku tsɨmaka. Ele encontra uma casa pequena as margens do cano. Y+a upuka parana tsɨmari wapuru kaukiari. Ele sai até as margens do rio esperando a lancha.
41 - Mergulhar (y+apɨma) [zapüma]: submergir; baixar; virar; nadar debaixo da água; submergir superficialmente na água. Y+arinama y+apɨma y+apichika ipira unikuara. O carará mergulhando agarra peixe dentro da agua. Y+uwape y+apɨmatapa tsa memɨra ɨaramuki. As ondas fazem virar meu filho com sua canoa. Animarutua y+apɨma ichari ai. Deixa o animalzão mergulhando.
42 - Navegar rio acima (y+ay+akati) [zazacati]: deslocar; deslizar; passar; atravessar. Ritamaka tsa iriwa y+ay+akati wapurupu. Navegando a lancha voltou para minha comunidade. Y+ay+akati wapuru parana tɨpɨy+ukankuara. A lancha navega pela correnteza do rio.
43 - Nó (tɨkɨta) [tüquïta]: também significa “amarrado simples”. Ikuarinminu tsa y+umita marawe tɨkɨtapu. Eu ensino aos alunos como amarrar o abano. Y+umita na taɨra tɨkɨtakanapu: ɨara tɨkɨtapu, kuchi tɨkɨtapu, pɨtsa y+akɨ tɨkɨtapu, waka y+apichikatata puwatsa ɨtsɨmakanpu. Ensina teu filho os amarres ou nó: amarra a canoa, nó de porco, a coroa da tarrafa, nó de correr com cabo grosso para agarrar boi.
44 - Onda de grande amplitude (Y+uwape) [zuúapi]: ɨwɨtu eretse y+uwapeta ɨpatsukuara. O vento forte levanta onda de grande amplitude dentro do lago. Wapuru nuan y+uwapeta paranakuara. A lancha grande faz ondas de grande amplitude no rio.
45 - Ondas (Piririka) [piririka]: fazer ondas empurradas pelo vento ou pelo impacto de alguma coisa na água. Esta ação pode ser vista quando os peixes expiram e produz ondas no lago. Ipirakua y+ay+akatipuka uni piririka y+a tsakapɨrɨ. Quando a piracema percorre na água fica uma onda atrás.
46 - Outro lado (Amatupa) [amatupa] – Variante: (Amatura) [amatura]: A outra margem de um rio. A uma certa distancia. Amatupari rama ritama. Lá do outro lado existe outra comunidade. Amatupatsui tsuri. Estou vindo do outro lado.
47 - Paliçada (ɨtɨpɨta) [ütüpïta]: grupo de paus que se encontram flutuando nos rios. A paliçada é um perigo para navegar pelos rios de água corrente. Nos lagos as paliçadas servem para que os peixes (acará, etc.) coloquem seus ovos. Akara ipiranu kakɨrɨ ɨtɨpɨtakuara. Os carás vivem nas paliçadas (abaixo das paliçadas).
48 - Pau de tacana para empurrar o barco (Tankana) [tangana]: pau comprido de tacana, com o que empurra pela margem do rio uma embarcação. Tankanapu ini urutsu aɨra y+umunu parana tɨpɨpɨrɨnkuara. Empurramos a canoa com pau de tacana pelo rio (quando o rio está baixo).
49 - Peixe (Ipira) [ipira]: nome genérico para qualquer tipo de peixe. Existem diferentes tipos de peixes. Ipira kauki y+ai emeran y+aparin. O peixe espera sua comida cair.
50 - Pescador (Ipurakaritsenipirawara) [ipurakaritisinipirauara]: ɨmɨnan amuinu ikua mutsanaka churaminu ukuatsuri inu ikua ipurakaritsenipirawara. Os avôs de antes sabiam curar as crianças para que sejam bons pescadores.
51 - Pescar com cesta (Y+arari) - Variante: (y+arani) [zarani]: Tɨmatsakuara tɨpan arani tsa y+arari urukurupu. O lambari se encharca dentro do cano, eu agarro com a cesta.
52 - Pescar com cesta (Y+arari) [zarari] - Variante: (Y+arani) [zarani]: Tɨmatsakuara tɨpan arani tsa y+arari urukurupu. O lambari se empoça dentro do cano, eu pego com cesta.
53 - Pescar com timbó (Tiniari) [tiniari]: Uriatiatin ipirakana tana y+apichika tsuriai tiniaripuka timupu. Todo tipo de peixes nós pegamos quando pescamos com timbó.
54 - Pescar com timbó (Tiniari) [tiniari]: Uriatiatin ipirakana tana y+apichika tsuriai tiniaripuka timupu. Todo tipo de peixe nós pegamos quando pescamos com timbó.
55 - Piracema (Ipirakua) [ipiracua] – Variante: (Ipiratsema) [ipiracema]: cardume, manadas de peixes que nadam contra correnteza, muito próximo da superfície da água e da margem dos rios. Saem desde as quebradas de água, igarapés e lagos até aos rios grandes no tempo de verão. Este é um tempo propicio para os pescadores. Tamakɨchi ipirakua tɨma chita. A piracema de tambaqui não é bastante (porque não existem mais muitos tambaquis). Kirimata ipirakua y+ay+akati parana tsɨmara upupurikawa. A piracema de curimatã passa saltando pela margem do rio.
56 - Popa (Tsapɨta) [tisapüta]: parte traseira da canoa. Ukuata ɨara tsapɨta rupe na tsupiaratsen. Passa a popa da canoa para direcionar a viaje.
57 - Porto (Pe) [pi]: lugar onde qualquer embarcação de transporte desde uma canoa até uma lancha pode atracar para descarregar. Ikian awa warika uri ini pekuara. Essa gente vem desembarcar em nosso porto. Uy+upe peka ɨrara tɨkɨtatara. Baixa até o porto e amarrar a canoa.
58 - Proa (ɨati) [üati]: Parte da frente da canoa, balsa, etc. Tana ɨatapa ɨati tɨma uy+ari tuy+ukakatika. A proa de nossa balsa não chega até a terra.
59 - Quilha (tsupiarata) [supiarata]: parte da canoa. Tɨma tsupiaratan ɨara y+atatamanika ini erutsu. A canoa sem quilha se leva volta-volta (barbeiro).
60 - Rabo (Tsuwi) [tisuúi]: rabo ou cauda de peixes, macacos e aves. Miy+ara emete y+a tsuwi, wɨranu y+ai tsuwiy+ara. Os macacos têm seu rabo, as aves também têm rabo. Ipiranu y+ai emete y+a pera iy+an y+ai ini chiratai tsuwi. Os peixes têm rabo, porém também se chama cauda.
61 - Remo (Y+apukita) [zapuquita]: Y+apukita ɨarapu ukuatata. O remo é com o que se anda na canoa. ɨarakuara wepe yapukita tsakarikaui. Dentro da canoa se quebrou um remo.
62 - Respirar (iy+a tsɨki) [iza tisüqui]: Awa umanun tɨma iy+a tsɨki. Uma pessoa morta não respira.
63 - Rio (Parana) [parana]: Karukamuki inu uchimaka parana tsɨmara. Ao entardecer, eles saem até a margem do rio.
64 - Salgar para conservar (Tsetseta) [tsitisita]: procedimento para conservação de peixe. A conserva com sal (com iodo) dura um dia e com sal de pesca dura 15 dias. Awanu tsetseta iwatsu tsu puerepetamira y+a ikanai. A gente salga a carne seca de pirarucu para vender.
65 - Ser profundo (Tɨpɨ) [tüpü]: fundo. Ajan parana tɨpɨnkuara emete wara iruatakaminu. Nesse rio fundo existe diferentes tipos de bagres. Chiuki tuy+uka kakuaran tɨpɨ uni y+atɨrɨtsen. Cava um buraco profundo na terra para juntar água (para poço). Temente ɨpatsu tɨpɨn. Não existe lagos profundo.
66 - Ser superficial (Tɨpɨpɨrɨ) [Tïpüpürï]: estar próximo da superfície. O oposto de “tɨpɨ” = “profundo”. ɨpatsu ɨkɨratsenkana y+aukin tɨpɨpɨrɨ. O lago feito pelos alunos é superficial. Ipirakua y+ay+akati tɨpɨpɨrɨrapa unikuara. A piracema passa próxima a superfície da água.
67 - Tapiá (Tamara) [tamara]: espécie de árvore de várzea (Crateva tapia) tem frutos redondos parecidos ao limão que serve de alimento para o bacú. Seu fruto se emprega como isca de caniço para capturar o bacú. Também se utiliza a madeira dessa árvore para curar bolhinhas de ácaros. Tamara piruara kakɨrɨnpu ini mutsanaka tsatsuka. Com a casca fresca da tapiá se cura bolhinhas de ácaros.
68 - Tarrafa (Pɨtsa) [pütisa]: espécie de rede que antigamente se fabricava com tucum. Hoje se usa nylon para fabricar a tarrafa. Pɨtsa nuan. Minha tarrafa é grande.
69 - Tarrafiar (Pɨtsata) [pütisata]: pescar com tarrafa. Tsa papa y+apichika ipira pɨtsatapu. Meu pai pega peixe tarrafiando. Ta pɨtsata parana tsɨmaka raepe ta pɨtsa y+apɨta. Eu tarrafio na margem do rio, aí encaixo minha tarrafa.
70 - Vazante da água (uni tɨpa) [uni tipa]: Kawitsuri [cabitisuri] y+ay+akati ipirakuara uni tɨpautsupuka. O pirabutão deslocam em piracema próximo a vazante da água.
71 - Visga; Visgou; Visgar (Tsɨki) [tisüqui]: Tsa mena tsɨki waraui. Meu marido visgou um bagre (peixe liso grande). Tsuri tsɨki manipiarapu. O surubim se visga com anzol.
Exercício da Aula nº 46:
01 – Desenhe os instrumentos de pesca Kokama e coloque os nomes em Kokama embaixo do desenho.
02 – Desenhe os tipos de embarcações Kokama e coloque os nomes embaixo em Kokama.
03 – Quais as palavras que colocamos para quem se dar bem na pesca e quem se dar mau? Justifique.
04 – Explique como é a pesca com timbó.
05 – Relate o que é piracema.
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Até a próxima! Iniaparari!
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