sábado, 26 de dezembro de 2020

O Pensamento Kokama

Venho fazer as honras de representar meus ancestrais e a todos os Kokama, como guardião da tradição Kokama milenar, respeitar os ensinamentos de nossos Patriarcas kokama anteriores, BENJAMIN SAMIAS, por curar o povo guando não tinha saúde indígena, ANTONIO JANUARIO SAMIAS, por tirar nosso povo Kokama do esquecimento oficial e pela primeira Terra Indígena Kokama Demarcada, Terra Indígena Kokama de Sapotal.
O nosso maior Líder de todos os tempos, FRANCISCO GUERRA SAMIAS, por fortalecer a luta Kokama, o resgate e o fortalecimento da língua Kokama no Brasil, bem como a organização das comunidades, demarcação das novas terra indígenas Kokamas, pioneiro na educação Kokama como professor juntamente com Guilherme Padilha Samias e Claudionor Januário e em geral a organização do povo Kokama e dos levantamentos de unificar o povo Kokama de rio acima e rio abaixo.
Naquele tempo só era puro Kokama, aí chegaram eles, aí quando foi um tempo, fizemos uma reunião o pessoal ta dizendo que ta faltando segundo capitão[...] (SAMIAS, 1988).
Nossa tradição milenar Kokama já estava considerada extinta, ou quase extinta para a sociedade envolvente. Achavam que nós Kokama não existíamos mais aqui no Brasil.Mas graças as lutas dos Patriarcas Kokama, o Patriarca Cacique Geral Antônio Januário Samias, o povo Kokama foram vistos novamente e tiveram sua primeira Terra Demarcada, abrindo oportunidade para as demais.
Em seguida o bastão e o colar Patriarcal do guerreiro kokama foi repassado ao Patriarca Cacique Geral Francisco Guerra Samias, que nasceu, cresceu, estudou e foi pioneiro na educação kokama no berço da luta Kokama, na Terra Sagrada de Sapotal, onde tudo recomeçou.
Ele vendo a sua cultura desparecendo do Mapa da História brasileira, saiu correndo, remando, de rio abaixo e rio acima do grande Rio-Mãe, mobilizando os anciões, os caciques locais e Kokamas idosos falantes da língua materna para manter viva as nossas tradições e principalmente a nossa língua que é nossa identidade.
Acreditamos que entre todos os laços de relacionamentos, o ideal é o relacionamento de pai e filho estabelecido entre o Grande Espírito Deus Pai da Criação e os seres humanos detentores de Consciência e livre arbítrio. O coração que vem a partir deste laço não pode ser arruinado pela autoridade de qualquer ser.
Tenho a missão de preparar o caminho para o novo Patriarca Cacique Geral Jophiel Guilherme Kokama que será um líder no novo tempo e de novos desafios para defender a causa do povo Kokama.
Estamos colocados no centro da história testemunhando uma enorme e nova revolução providencial, uma mudança do paradigma cósmico durante este tempo extraordinário e sem precedente que assombra o Mundo Espiritual Invisível e faz tremer a Terra.
Embora possamos não ser capazes de perceber ou sentir isto com nossos olhos físicos, todo o mundo espiritual e o Universo inteiro, mesmo os menores organismos microscópicos na Terra estão celebrando.
Se você compreende que nos colocamos nessa posição surpreendente, então sabemos e sentiremos quão surpreendente é esta vida. Aprendemos a desafiar o desafio.
Você desistirá de seu desafio porque críticos ao seu redor estão dizendo: “O índio não é capaz, o índio está muito atrasado, o índio só se preocupa com a natureza, o índio não tem ambição?" A resposta está aí, aos olhos de todos.
Os que se julgavam capazes não conseguem enfrentar a situação de violência em todas as atividades da sua sociedade, em qualquer lar. Por não se preocupar com a natureza, estão colocando a vida do planeta em trágico risco. Vimos na TV várias cidades com o ar tudo branco, os incêndios, as secas, etc.
A ambição desmedida, enquanto nossos adornos eram as sementes caídas na terra, a busca deles era o ouro das entranhas da mãe terra. É por esta busca e ambição que matam e/ou morrem a cada segundo. Até agora não vemos em que se baseia a capacidade desses grupos e onde está o lucro pelas suas ambições.
Eles dependem da bolsa de valores para saberem se despencam ou se recuperam a saúde financeira. E a saúde mental e física decai a cada segundo como almas psicopatas.
Em conformidade com a legislação nacional e internacional, o governo deve respeitar, preservar e manter o conhecimento, inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas com estilo de vida tradicional relevantes à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica.
E incentivar sua mais ampla aplicação com a aprovação e a participação dos detentores desse conhecimento, inovações e práticas; e encorajar a repartição equitativa dos benefícios oriundos da utilização desse conhecimento, inovações e práticas.
Uma questão que aquideve ser resolvida: os indígenas que residem em cidades não têm atendimento na SESAI, a Lei Arouca não é aplicada e nem a Constituição Federal.
Só o doente sabe da dor que sente.Quando as pessoas não estão sofrendo, elas estão cegas para o sofrimento das outras pessoas; é difícil simpatizar com sua dor.
Quando nossa vida e ambiente estão livres de dificuldades, temos a tendência de evitar ter interesse com o nosso redor. A razão é porque somos incapazes de nos libertarmos do extremo individualismo autocentrado que forças negativas desejam e nos levam a abraçar.
Isto demonstra até que ponto nos tornamos acostumados a viver no mundo decaído, atrofiado, aprisionado e espionado. Não se interessaram em intensificar o estado de alerta e a pronta comunicação.
Nossos povos em qualquer lugar arruinam completamente suas vidas se tornando escravos das drogas, das cervejas e do sexo livre. Aqui deveriam estar presentes do Conselheiros Tutelares também, pois direitos da crianças e dos adolescentes é primazia, todos os dias jovens em nossas aldeias sao sacrificados.
Na saúde indígena deveriam ter bachareis em educação física atuando nas aldeias, chega só de tratamento, vamos investir na prevenção de verdade.
Com a falta de vontade política, não há interesse em saúde de verdade, educação avançada ou tecnológica na área indígena. Querem que os índios vivam cobertos de pluma para dançar no dia 19 de abril. Raízes, caças e pescas, estão se acabando e na maioria do Brasil já acabaram.
As penas também são propriedade do Carnaval. E agora, são penas de galinha branca tingidas de com algum pó químico para colorir.
Outro pó químico mata as plantas, mata as aguas, outro tipo mata as abelhas, outro tipo de pó mata os pássaros que comem insetos e o terrível pó que mata os índios que os experimentam e se tornam fatalmente dependentes e mulas.São dois tipos de pó que a sociedade envolvente, dita civilizada mais cobiça: O ouro em pó e a cocaína.
Lembrando aqui em destruição de famílias, como está a família dos poderosos? Será que não está destruída também? Eles se preocupam com eles próprios em matéria de Educação, Saúde, Cultura sexual, Auto sustentabilidade à custa de exploração escravocrata, Narco-porno-Turismo, corrupção, defesa deles vivem engradados e com guardas de segurança.
justiça que só favorece suas causas ambiciosas e criminosas, liberdade em geral para os que comandam, política imoral e o rodamoinho da vida inútil que destrói famílias incluindo as suas próprias. Eis aí as contas na Suíça. Os helicópteros mulas, etc.
Nossa filosofia é outra. Não aceitamos que o homem possa dominar outro homem. Até mesmo para dominarmos os seres criados, dialogamos antes e refletimos com espírito. Não podemos nos sujeitar à lei absurda do domínio do homem pelo homem.
O homem não deveria governar a natureza, pois o homem é parte da natureza, uma relação intrínseca.
Se há casos da aceitação, com certeza o índio não estava sóbrio e covardemente foi usado para cair na cilada do poder dominante, que razão é esta usada pelos filósofos dos brancos? Estão com a razão enferma. Eles têm medo da morte, mas caminham aceleradamente para ela. Correm para o dinheiro e a morte corre atrás deles. Eles não conseguem ver isso. Não tem tempo para ver isso.
Quando enxergam, já é tarde, já destruíram as coisas criadas que ajudam a afastar a morte. Não sabem nem quem foi que deu a vida e quem nos deixou as coisas criadas. Se preocuparam em acabar com a liberdade dos outros e agora estão presos sem liberdade para pensar e dar um giro de 180° para voltar ao início quando era puro Ser – Dono das coisas criadas.
Cortaram a liberdade de todas estas coisas. Liberdade do ar puro, liberdade da água, da terra, dos frutos, da chuva, do gelo, da palavra, da manifestação, da linguagem e até a liberdade de nós, donos da Terra, conscientes disto porque nossa Filosofia é outra.
Antes, os colonizadores buscavam a região para explorar as riquezas da floresta, e agora querem a terra para expandir a agricultura e a pecuária. O modelo de latifúndio dos seringais, até então dominante na Amazônia, propiciava a permanência dos trabalhadores na floresta. O novo latifúndio, a fazenda para criação de gado, promovia a chamada “limpeza do terreno”, ou seja, a retirada da floresta e do povo que lá vivia.
Repentinamente, índios, seringueiros, ribeirinhos e colonos viram suas terras invadidas e devastadas em nome de um novo tipo de progresso que transformava a floresta em terra arrasada.
Se forem levantados todos os bens, veremos quanta terra improdutiva, parada, que poderiam ser ocupadas por grandes Escolas, Universidades e principalmente a Universidade Indígena e o Hospital Indígena.
Uma Universidade que culminaria com a erradicação da ignorância – principal motivo do surgimento dos grupos da fome, das enfermidades, dos descamisados, dos despejados, dos exilados, dos refugiados, dos demitidos, dos repelidos, dos desvalidos, dos escravizados, dos alienados, dos isolados, dos humilhados.
Se esta universidade ainda não foi permitida, é justamente pelo medo da classe dominante, ser obrigada a conhecer a sabedoria milenar, a espiritualidade que faz do pequenino, ser Grande. E mostra que o Grande Verdadeiro vê e supre as necessidades dos mortais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É muito evidente que os setores político-econômicos anti-indígenas e antidemocráticos, representantes do agronegócio, da Globo, das mineradoras, das grandes empreiteiras e o próprio governo brasileiro e judiciário brasileiro estão articulados e empenhados para ampliar o acesso, o controle e a exploração dos territórios indígenas, quilombolas, dos pescadores artesanais, dos camponeses, de preservação ambiental, dentre outros.
Nossos sábios, sempre nos afirmando que deveríamos entender a voz da natureza, a voz do silencio e a de nossos ancestrais, isso tem muito a nos ensinar. Devemos proteger a natureza, os animais, a terra, a água e o ar, nossas culturas, voltar a ter a relação ancestral essencial Kokama-natureza.
Necessitamos nos livrar com urgência daquilo que pode nos corromper e nos libertando daquilo que pode nos tornar tolos, como as bebidas alcoólicas. Não somos pobres e nem mendigos, somos indígenas e temos orgulho de ser!!!
REFERENCIAS
BRASIL. Estatuto do Índio:Lei nº 6.001, de 19 de Dezembro de 1973.
BRASIL. Presidência da República. DECRETO Nº 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004. Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Brasília: Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2004.
BRASIL. Lei Arouca.
CABRAL, A.S.A.C.Entrevista feita ao Patriarca Kokama AntonioJanuario Samias em Sapotal. Brasília: Lali/Unb, 1988.
MOURA, Manoel Fernades. Discusso no CNPI.Brasília: CNPI, abril de 2014.
SAMIAS, Francisco Guerra.Discusso do Patriarca Francisco sobre a situação do Povo Kokama. Tabatinga-AM: PTKRKTT, 2015.
_____________________________________
PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AOS FALANTES MATERNOS DE TABATINGA-AM E AO PATRIARCA CACIQUE GERAL KOKAMA.
WhatsApp: (97) 984226119
E-mail: edney_cunha@hotmail.com
© BY EDNEY SAMIAS - 2021.
MOVIMENTO SOCIAL DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO POVO INDIGENA KOKAMA DO BRASIL - MPKK
CNPJ 47.811.650/0001-80

Um comentário:

  1. gracas aos nossos patriarcas que conseguimos chegar ate aqui por esse motivo devemos proseguir essa batalha dando continuidade nesse trabalho

    ResponderExcluir

Maniatipa na Chira?